O Hobbit havia começado sua trilogia no cinema com uma luz de esperança. Pois, apesar de não ser perfeito, Uma Jornada Inesperada havia mostrado que talvez o livro de Tolkien não fosse tão impossível assim de se adaptar.
Entretanto, A Desolação de Smaug é uma história completamente diferente. Produção apressada, roteiro bagunçado, aparições desnecessárias e um misto de decisões fizeram deste filme o começo do fim para a reputação da trilogia. Anos depois, será que é tudo isso que falavam?
O Hobbit: A Desolação de Smaug desola a própria história

Após se provar para os anões, Bilbo agora precisa ajudá-los a terminar sua árdua jornada. Cada vez mais próximos da Montanha Solitária de Erebor, os anões se preparam para enfrentarem Smaug. Passando por florestas escuras, elfos hostis e cidades humanas, esse objetivo parece cada vez mais difícil.
Entretanto, este não é o único problema que a companhia enfrenta. Pois Gandalf precisa se retirar para investigar as ações malignas de um Necromante na região, que possui uma ligação sinistra com o passado e futuro de toda Terra Média.
Enquanto Uma Jornada Inesperada unia seus atos um tanto episódicos com o personagem de Bilbo, se provando e evoluindo a cada aventura, A Desolação de Smaug parece que faz o oposto. Por vezes, o filme ignora a relação dos anões com Bilbo em troca de sequências de ação mal dirigidas, monstros de CGI, e a chatice.
Sim, O Hobbit: A Desolação de Smaug é um filme um tanto entendiante. Diferente de seu antecessor, onde a narrativa reconfortante compensava as cenas de ação vazias, aqui isso não existe. O filme não permite que o espectador sequer respire, é como se fosse uma constante corrida contra o tempo onde não podemos parar para descansar e apreciar as pequenas coisas da história.
Além disso, temos introduções de personagens que parecem, no mínimo, fora de lugar. Legolas, Saruman, O Conselho Branco e tudo isso está aqui para aquele bom e velho fanservice. Exceto que aqui é só barato. Já conhecemos esses personagens, mas isso não significa que eles deixem a história um pouco mais tolerável. Eles são apenas mal utilizados.
Um exemplo disso é a cena de ação do rio que envolve Legolas e os elfos. A mesma é tão mal dirigida e executada que as habilidades incríveis do personagem não salvam.
Redenção?

Apesar de tudo isso, A Desolação de Smaug ainda está preso àquele velho dilema da trilogia O Hobbit. Este sendo que o filme é muito bom quando está apenas se baseando no material original, e não em Senhor dos Anéis.
Por exemplo; toda a sequência de Bilbo dialogando com Smaug (Benedict Cumberbatch), que é um momento lendário na literatura, é retratado com um amor absoluto aqui. A atuação, além de incrível, também é bem coordenada pelo diálogo adicional. Analogamente, temos o arco da Cidade do Lago. Nos livros, ela é lar de Bard, o homem destinado a matar Smaug.
No livro, ele é apenas isso, o homem que aparece e mata Smaug. Porém, aqui, há toda uma história envolvendo sua família e as tramas políticas do lugar. Apesar de um tanto denso demais, como todo o filme, é interessante ver estes elementos do livro serem estendidos para uma história mais creditável.
Martin Freeman continua fantástico no papel de Bilbo Bolseiro, ao lado de Ian McKellen como Gandalf. Bem como Richard Armitage no papel de Thorin. Sua amizade com Bilbo, uma vez explorada, possui muito potencial. Todavia, como tudo nesse filme, ela é substituída em troca de… bem, você sabe, Senhor dos Anéis.
Se no filme anterior as tentativas de inserir esta trilogia na original eram cansativas, então aqui elas são insuportáveis. Sauron, Galadriel, visões de um futuro escuro, blá blá blá. Sabemos que isso é inevitável, mas deliberadamente modificar o filme para forçar essas características é algo imperdoável. Isto é sentido no produto original.
Veredito
O Hobbit: A Desolação de Smaug comete muitos, muitos erros. Mas para a sua sorte, ele é só um pouco tão aceitável quanto Uma Jornada Inesperada. Você pode sentar para assisti-lo, mas é bem possível que sinta bem mais seus deslizes do que no filme anterior, que aqui parecem gritantes. Apesar dos erros, A Desolação de Smaug possui aquela fagulha de esperança de que as coisas podem ser melhores, e absolutas, e ela não é da boca do dragão.
O Hobbit: A Desolação de Smaug pode ser assistido no Prime Video.





