Benoit Blanc (Daniel Craig) entrou para o panteão dos detetives icônicos. Sherlock Holmes, Hercule Poirot, Benoit Blanc… são os últimos homens que você gostaria de ver quando cometeu um crime. E agora o terceiro filme da franquia Knives Out, de Rian Johnson, chegou e é glorioso.
Craig retorna como Blanc no novo filme, que traz Josh O’Connor como o Padre Jud, um sacerdote que tenta ajudar Blanc e a polícia local a resolver um assassinato. O que se desenrola, porém, é um filme menos interessado na beleza clássica de uma investigação e mais focado em explorar a fé e o que nos leva a buscar orientação em um poder superior.
Os fiéis da igreja do Monsenhor Hicks (Josh Brolin) são todos completamente devotos a Hicks, e bem menos às crenças da Igreja Católica. Jeremy Renner, Kerry Washington, Andrew Scott, Glenn Close, Thomas Haden Church, Daryl McCormack e Cailee Spaeny formam sua paróquia e, embora suas histórias sejam interessantes, o novo longa pertence à dinâmica entre Blanc e Jud.
Ambos os homens estão lidando com o desconhecido. Eles não sabem quem cometeu o crime nem como o assassinato aconteceu e, enquanto Jud retorna à fé, Blanc retorna aos fatos. Os dois compartilham um entendimento silencioso sobre o ponto de vista um do outro, algo que pode tornar o filme estranhamente perfeito para quem carrega traumas religiosos.
Johnson retrata esse conflito de forma belíssima, com mudanças de iluminação dentro da igreja, momentos mais sombrios e muito mais. Ainda assim, grande parte do que faz o novo capítulo da franquia se destacar repousa sobre os ombros de O’Connor e Craig.
Quem diria que trauma religioso poderia ser tão prazeroso de assistir?
Johnson já foi religioso, e isso fica evidente ao longo do filme. O longa nos faz compreender e enxergar os dois lados dessas crenças. De certa forma, é exatamente isso que Blanc e Jud exploram ao longo da narrativa.
Mas o que realmente faz a nova produção funcionar é a confiança de Johnson não apenas em seus atores, mas também no público. A essa altura, ele sabe que estamos ali para ver o que Daniel Craig vai aprontar, mas nos faz esperar. E quando finalmente vemos Benoit Blanc assumir o caso, ele surge como um homem de mente aberta, disposto a ouvir Jud e a explorar o que a fé realmente significa, o que o apresenta sob uma luz completamente nova para o público.
Os elementos de mistério da franquia continuam presentes, mas, em grande parte, não são o mais importante. Pela primeira vez, conseguimos entender (em parte) o que estava acontecendo durante a jornada, mas isso pouco importou, mesmo sendo um pouco mais “previsível”. Tudo porque queríamos acompanhar Blanc e Jud enquanto eles exploravam seus próprios traumas ao conversarem um com o outro sobre os seus.
Johnson fez algo especial com essa franquia, mas Vivo ou Morto leva tudo a um novo patamar. Refrescante e contido, o filme prova por que Johnson é um mestre do gênero, e nós assistiríamos facilmente a mais 200 filmes com Daniel Craig no centro deles.
A Avaliação
Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out (2025)
O novo longa eleva a franquia ao focar em fé e trauma religioso, com atuações marcantes e uma abordagem mais íntima que o mistério tradicional.
Detalhes da avaliação;
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Nota




