Steven Moffat trouxe uma Era refrescante para Doctor Who com sua quinta e sexta temporada. Mesmo com alguns deslizes no seu roteiro enrolado, os personagens de suporte e, claro, seu protagonista, mantiveram a audiência entretida.
Mas, em 2012, havia chegado a hora de dizer adeus ao Décimo Primeiro Doutor. Moffat entrega mais uma de suas temporadas interligadas por um grande mistério, dessa vez, personificada em uma única personagem.
Primeira parte

A temporada se divide em duas partes, cada uma com seus próprios companions e narrativas distintas. Dessa forma, a primeira é uma despedida para Amy e Rory Pond, o casal que estivemos acompanhando pelas duas últimas temporadas — e os preferidos do Décimo Primeiro, até então. Enquanto a segunda é um mergulho no mistério de Clara, personagem introduzida por Moffat ainda na primeira parte.
Além disso, após a confusa e embaralhada trama da Sexta Temporada, a série tomou um rumo muito mais simplista nesta primeira parte, apresentando dilemas mais mundanos e humanos aos personagens. Amy e Rory estão vivendo normalmente na terra, e tentam equilibrar essa vida normal com a vida maluca de viagens com o Doutor.
Essa narrativa foi muito bem apresentada no episódio The Power of Three. Não só há uma grande discussão sobre o Doutor ter que seguir em frente sem os Ponds, como também uma reintrodução da UNIT, que, sinceramente, Moffat faz muito melhor que Davies.
Por vezes a direção se mostra gradualmente mais ambiciosa neste episódio. Com planos-sequência e cortes divertidos, que casam muito bem com o humor da Era Moffat que tanto conhecemos.
Há também aquela pergunta clara nas entrelinhas “até quando podemos fazer isso?”; o formato parece cansado, os personagens estão cansados, e o Doutor também.
Todavia, no começo da temporada há a introdução da misteriosa Oswin, uma garota presa no Asilo dos Daleks, um planeta onde vários Daleks loucos e corrompidos estão aprisionados; servindo como um epílogo para o que está por vir na segunda parte da temporada.
Segunda parte

Sobretudo, este é o período mais divisível da temporada entre os fãs. Visto que toda a jornada do Décimo Primeiro Doutor na TV foi enroupada por mistérios, enigmas, teorias e grandes revelações, e Moffat não perde tempo de criar outro.
Ainda assim, sua habilidade com o roteiro não decepciona, mesclando esse conto de fadas com a dura realidade da vida do Doutor.
Após perder Amy e Rory, ele se aposenta dos seus dias de viajante do tempo, vivendo nas nuvens de uma Londres vitoriana. É quando conhecemos Clara Oswald, uma governanta misteriosa que trabalha como taberneira nas horas vagas. Ela convence o Doutor a salvar a Terra novamente, mas, desta vez, da ameaça dos Bonecos de Neve.
O Doutor logo percebe que Clara é Oswin, a garota do Asilo dos Daleks; a garota impossível se torna um mistério para o viajante do tempo, que passa a caçá-la pelo espaço-tempo, de modo a desvendar sua existência.
Desse modo, a encontra no século XXI, e os dois passam a viajar pelo resto da temporada. Há ideias boas aqui, divertidas e refrescantes, como, por exemplo: a TARDIS pousar em um avião em movimento; a gangue de Paternoster, ser um grupo que vive na Londres vitoriana para proteger o segredo do Doutor.
Além disso, também há uma direção bastante autoral no episódio Cold War, onde um Ice Warrior da série clássica reaparece, sempre nas sombras.
Infelizmente, Steven Moffat insiste em enfiar goela abaixo a ideia da importância de Clara. O mistério se alonga pelo resto da temporada, tendo alguns pontos culminantes no episódio Journey to the Centre of the TARDIS, e lampejos em outros episódios. Tendo uma conclusão bagunçada, extremamente louca e conhecida ao gosto do público no season finale.
Veredito da 7ª Temporada de Doctor Who
A sétima temporada de Doctor Who é a última de Matt Smith no papel do Doutor, e serve como um eco distante para toda sua era: tramas complicadas, personagens femininas que servem como pontapé para toda a história interligada dos episódios, revelações desnecessárias e narrativas loucas.
As respostas dadas para o mistério de Clara são bem imprevisíveis, mas um tanto geniais e loucas. Steven Moffat consegue dar essa identidade a Doctor Who, e a série não cansa de sempre surpreender a audiência. Por sorte, ele ainda teria duas grandes histórias para dar adeus ao seu Doutor.