Uma casa em um lugar mais ermo. Um lago. Noites sombrias. É o cenário perfeito para que o filme A Casa Sombria (2021) possa se aclimatar. Com elenco enxuto e uma trama intrigante, o novo filme da Searchlight Pictures, subdivisão da Walt Disney Studios, produzida pela Phantom Four Production, e dirigido por David Bruckner, diretor de O Ritual, chega ao circuito de cinemas. Vamos ver como se saiu?
Sinopse
Após a repentina morte de seu marido, Beth (Rebecca Hall) está em luto e não consegue entender o porquê de ele ter tirado a própria vida. Com efeito, não faz sentido, já que acabaram de construir a casa dos sonhos à beira de um lago e aparentemente são muito felizes. Enquanto chora em seu luto, uma presença a atormenta em sonhos. Beth, ao invés de se afastar, resolve investigar, o que levantará segredos, trazendo-os à tona.
Uma história de fantasma
O tema é extremamente clichê: uma casa, à beira de um lago, com a possibilidade de fantasmas aparecerem. Contudo, A Casa Sombria tenta, a todo custo, fugir da obviedade e construir uma história intrincada, com elementos misteriosos e fantasiosos.
Funciona, até certo ponto. O enredo de mistério é envolvente e prende o espectador, pois a curiosidade de entender o que está acontecendo cresce à medida que Beth adentra cada vez mais nos segredos ao redor da morte de seu marido.
Tudo começa, quando a protagonista é visitada pela entidade, acordando-a no meio da noite. Ela então acaba encontrando o que parece ser uma aparição e, quando ela vai confrontar, acorda, não em sua cama, entretanto no chão, em lugar diverso da casa.
Esse roteiro é importante, pois em determinado momento, serve para que Beth questione a própria sanidade. E aí está um dos trunfos do filme, pois ela não fica com medo do que está acontecendo. Ao contrário, cada vez mais se envolve na história, com o intuito de ver que o marido não era quem parecia ser.
Com relação ao fantasma, este faz contato de todos os jeitos com a protagonista. Desde celular até sussurros, aumentando a tensão e imergindo cada vez mais na ideia de que ele quer que ela abrace a história.
Por fim, o enredo possui plot twists, dando fôlego à trama e explicando as motivações sobre tudo o que está acontecendo. Ocultismo e técnicas de bruxaria começam a dar o tom da trama. Segredos bem guardados são revelados, mesmo que timidamente. Até o terço final, cujo clímax pode decepcionar um pouco.
Atuação
Com um elenco tão enxuto, a protagonista Beth tem que levar o filme praticamente todo sozinho. E ela não faz feio. Com conceituados filmes na carreira, tais como Christine: Uma História Verdadeira e Vicky Cristina Barcelona, é de se esperar que seja uma atuação muito convincente. Assim, ela leva o filme nas costas, contracenando vez ou outra com Sarah Goldberg, que faz o papel de melhor amiga.
Contudo, não é à toa que o longa tem uma única atriz talentosa, já que o enredo pede para que seja dessa forma. Mergulhar no desespero, no luto e na “loucura” da personagem, não pode ser feito se ela não for alguém extremamente versátil e com domínio de tela.
Conclusão
Em suma, A Casa Sombria é ótimo como filme de mistério ou suspense, mas peca como terror. Os fãs mais puristas do último gênero, se buscam algo novo ou diferente, podem decepcionar-se. Os chamados jump-scares são muito esparsos, quase inexistentes. Contudo, os plot twists agradam e ajudam o filme a ter um roteiro um pouco diferenciado. Acaba não sendo um filme essencial, mas tampouco é desnecessário. Funciona e tem seus méritos. Se for ao cinema assistir, tenha em mente tudo o que foi dito.