Dirigido por David Fincher e baseado na obra homônima de Chuck Palahniuk, Clube da Luta é um cult venerado pela comunidade cinéfila. E, desde já, pedimos desculpas por violar a primeira regra.
No filme, um homem que leva uma vida deprimida (Edward Norton) conhece Tyler Durden (Brad Pitt). Juntos, eles formam o clube da luta, com muitas regras rígidas para os homens que participam. Contudo, a parceria é comprometida quando isso tudo é elevado a outro patamar.
Clube da Luta como construção

Pense em uma perfeita mistura de bons elementos com um único propósito: contar uma boa história. Estamos falando desse filme. A começar pelos personagens, como não se identificar com a rotina monótona do narrador? Ou não se afeiçoar na forma com que Tyler Durden discursa? Ou pelo estilo excêntrico de Marla? Quando temos bons personagens em suas contextualizações, tudo o que vier a partir disso nos deixará investidos.
A dinâmica contrastante de Brad Pitt e Edward Norton é sublime. A distinção dessas duas figuras impressiona, ainda mais por como ambas movimentam a história. É interessante como não há vergonha alguma em abraçar o lado psicológico do protagonista, apontando visualmente como a cabeça de uma pessoa a pode se auto-sabotar.
O filme fascina por sua crescente. O que parece ser apenas ilustrações de uma pessoa cotidiana, acaba por se tornar as críticas mais atuais que existem. Todas as pontas se amarram em uma trama sólida, cheia de viradas muito bem posicionadas e devidamente construídas. O visual é sujo, a violência é crua e, de fato acreditamos nesse mundo; tanto no que é palpável quanto no que soa mais absurdo.
Nesse sentido, Fincher é arrojado em sua direção, nunca perdendo o ritmo da cena. Além disso, é interessante como ele passeia pelos mínimos detalhes de um ambiente, nos situando daquilo da forma mais próxima possível. E, mesmo que esses momentos possuam efeitos especiais, para um filme de 1999, continua melhor do que muita coisa recente.
Sua temática

”Não tivemos Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão. Nossa grande guerra é a guerra espiritual”, essa é apenas uma das inúmeras frases icônicas do filme; e ela contextualiza perfeitamente a temática: mostrar uma geração doente, sem propósito.
O filme não é apenas sobre o narrador ou Tyler Durden, mas, sobre todas as outras pessoas que os seguem e apoiam a tal revolução. Mesmo que a cartada final seja muito grande em termos de escala, é possível se identificar com muito do que é dito e feito; afinal, a reflexão gerada é gritante e torna-se muito mais do que certo ou errado.
Essas pessoas solitárias, sem rumo ou qualquer sentido na vida, finalmente têm uma vocação e acreditam que isso será benéfico para a sociedade. Elas têm algo para acreditar e lutar, espalhando isso gradativamente por todos os lugares e causando uma mudança. Você irá concordar com os métodos? Possívelmente não. Mas, você irá se aventurar nessas maluquices a fim de chacoalhar o consumismo? Com toda a certeza.
Portanto, pedimos desculpas por quebrar a segunda regra agora, mas Clube da Luta é um ícone atemporal. O filme se torna mais divertido ainda vendo uma segunda vez, já que você sabe onde aquilo vai resultar e, assim, pode apreciar a construção. Pode ter certeza que você não será o mesmo após essa experiência!





