Dirigido por Kenneth Branagh, Belfast baseia-se em uma história real, onde o próprio diretor vivenciou esses acontecimentos em sua infância. Então, certamente é um filme bastante pessoal e já está sendo uma das grandes apostas ao Oscar 2022.
No filme, somos situados na Irlanda do Norte dos anos 60, onde Buddy (Jude Hill), um menino de nove anos, vivencia o amor, a alegria e a perda. Em meio a conflitos políticos e sociais, ele sonha cada vez mais, enquanto sua família busca uma vida melhor.
Os bons momentos de Belfast

O filme, logo de início, apresenta uma transição de cores muito bem feita. Quando somos situados no local onde a história se passará, há uma excelente noção espacial e de comunidade. E, logo depois, do terror que movimentará os conflitos dessa trama.
Existem muitos momentos em que notamos como a direção é sagaz no aspecto de filmagem. Muitas perspectivas mostradas, deixam o visual extremamente refinado e até simétrico, são aquelas belíssimas cenas contemplativas que ficariam ótimas em um quadro.
A trilha musical é ótima e está bem encaixada, tornando a experiência mais gostosa. Então, tecnicamente falando, o filme é bastante satisfatório. Conseguimos notar o cuidado da produção e como algumas coisas ficaram sofisticadas no resultado.
A história ganha pontos quando decide mostrar seus momentos leves e descontraídos, como, por exemplo: conversas entre neto e avô, uma dança, pessoas fascinadas com a magia do cinema e a inocência da infância. São os pequenos momentos que valem.
Dessa forma, as atuações conseguem se destacar muito bem. Jude Hill é um garoto extremamente carismático e sua relação com Ciarán Hinds é sublime. Além deles, Caitriona Balfe e Judi Dench entregam o texto de forma natural e transparecem o drama brilhantemente.
A execução do filme

Mesmo que o filme tenha seus méritos, ele não tem duas horas de duração, mas soa cansativo. Mesmo que o filme queira nos mostrar o impacto e consequências daquela situação, nem sempre conseguimos, de fato, sentir aquilo.
Os momentos agradáveis são intercalados com outros triviais que, infelizmente, deixam o filme mais apático e atrapalham nossa conexão com o que está acontecendo. Não parece ter peso narrativo, alguns elementos estão apenas por estar e não temos um melhor embasamento daquilo. Nos conectamos a alguns personagens, outros nem tanto.
Existe um certo problema de ritmo e de como algumas coisas são abordadas. Em termos narrativos, não conseguimos ficar investidos e nos relacionar com os conflitos apresentados, afinal, muito disso fica vago e até desinteressante. Mesmo que o filme tente impactar, ele quase nunca consegue.
Portanto, Belfast é um filme muito bem-feito e seu charme é notável. Mas, em desenvolvimento, deixa a desejar, e nossa ligação com o que está acontecendo é quase inexistente, mesmo com os bons momentos de leveza.