Fazer um filme sobre o Quarteto Fantástico não é tarefa fácil. Sabemos disso — já vimos diversas tentativas fracassarem. Ainda assim, Matt Shakman e sua equipe conseguiram entregar algo especial com Quarteto Fantástico: Primeiros Passos.
A Primeira Família da Marvel chega como o 37º filme do Universo Cinematográfico Marvel (MCU). Deixando de lado as questões de direitos autorais, o que poderia ter sido o verdadeiro primeiro passo da franquia acabou se tornando um novo fôlego. Sem Steve Rogers e Tony Stark, o MCU precisava de novos heróis — e vinha se reconstruindo aos poucos. Com Primeiros Passos, encontrou um novo ponto de equilíbrio.
Reed Richards (Pedro Pascal), Sue Storm (Vanessa Kirby), Ben Grimm (Ebon Moss-Bachrach) e Johnny Storm (Joseph Quinn) já trabalhavam juntos há anos antes do acidente no espaço que os transformou no Quarteto Fantástico. Após a explosão cósmica, o grupo se torna uma equipe amada na Nova York da Terra-828, com programa de TV, produtos licenciados e um público que os vê como parte da família.
Um dos maiores acertos de Primeiros Passos é não repetir a mesma história de origem pela terceira vez. Assim como em filmes como Homem-Aranha: De Volta ao Lar e Superman, o longa nos apresenta o grupo já famoso, usando um “documentário” no programa de Ted Gilbert para revelar flashbacks e informações, sem forçar mais uma narrativa de início.
Mas o filme também funciona porque cada elemento contribui para criar uma visão visualmente deslumbrante do que seriam os anos 1960 para o Quarteto Fantástico.
Vilões que funcionam
Os vilões do MCU muitas vezes são extremamente conhecidos ou tão secundários que precisam de longas explicações. Shalla-Bal (Julia Garner) pode não ser um nome familiar, mas a Surfista Prateada — identidade que ela assume para servir Galactus (Ralph Ineson) — certamente é. Embora Shalla-Bal também tenha sido a Surfista nos quadrinhos, ela não é a versão mais lembrada. Por isso, foi refrescante ver essa abordagem funcionar com a equipe, com ela atuando como a “anunciadora” do fim do mundo.
Galactus também não é o primeiro vilão que vem à mente quando pensamos no Quarteto — esse posto é do Doutor Destino, que já sabemos que será interpretado por Robert Downey Jr. no futuro Vingadores: Doomsday. Assim, emparelhar Shalla-Bal e Galactus deu espaço para que toda a carga de exposição recaísse sobre eles, liberando o quarteto para brilhar. Essa dinâmica tornou a narrativa ainda mais envolvente.
Uma tocha difícil de carregar
Entre os membros da equipe, Joseph Quinn como Johnny Storm era o maior ponto de interrogação. Não por falta de talento, mas porque, nos filmes anteriores, o Tocha Humana sempre foi o personagem melhor compreendido — mesmo em produções falhas.
Mas Quinn soube fazer do personagem algo próprio. Em vez de se rebelar ou exigir reconhecimento, ele prova seu valor em silêncio. Sabe que não é tão inteligente quanto Reed, tão afetuoso quanto Ben ou visto como essencial quanto Sue — mas sua sensibilidade e capacidade de observação fazem toda a diferença. Sua relação com Ben Grimm, inclusive, é um dos destaques do filme.
Amigos até o fim
Ben Grimm costuma ser retratado como trágico — um homem rochoso que se esconde por vergonha. Mas Primeiros Passos o coloca onde sempre deveria estar: como o favorito do público. O único que não tem laços sanguíneos com os demais, Ben escolhe estar ali. E faria tudo por eles.
Ebon Moss-Bachrach traz uma humanidade palpável ao personagem. Assim como seu Richie em The Bear, há doçura por trás da casca dura. Ele brinca com as crianças, conforta Franklin e escuta Reed quando ele precisa. Finalmente, vemos Ben como o verdadeiro “pilar” da equipe — algo que os filmes anteriores não souberam representar com justiça.
Uma história sobre o que você faria por sua família
No centro de Primeiros Passos, estão os dilemas de Reed ao se tornar pai e de Sue ao colocar a família em primeiro lugar. Um dos momentos mais emocionantes do longa é uma discussão entre os dois: Reed, guiado pela lógica, sempre antecipa os piores cenários; Sue, com amor e frustração, revela o quanto isso a machuca.
Essa cena resume perfeitamente o relacionamento dos dois. Reed, brilhante, mas cego às sutilezas humanas; Sue, sensível e firme, capaz de entendê-lo como ninguém. Vanessa Kirby entrega uma Sue fiel aos quadrinhos — forte, generosa e centrada. E Pascal surpreende ao mostrar uma versão de Reed completamente diferente dos seus papéis anteriores.
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos devolve leveza ao MCU. É familiar e, ao mesmo tempo, único dentro da visão de Shakman. Era exatamente o que esperávamos desse filme — e foi ainda mais do que isso.
A Avaliação
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos (2025)
'Quarteto Fantástico: Primeiros Passos' renova o MCU com emoção, visual marcante e um time que brilha como a Primeira Família da Marvel.
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