Já faz uma década desde que fomos apresentados ao Demolidor de Charlie Cox na Netflix. Com sua dinâmica intensa entre herói e vilão, atuações impecáveis e cenas de ação ambiciosas, a série rapidamente conquistou seu espaço. Embora tenha sido abruptamente cancelada após três temporadas, em 2018, ainda hoje mantém uma base fiel de fãs. Portanto, faz sentido que Demolidor: Renascido tenha passado por uma mudança criativa no meio da produção. Substituiu seus showrunners e trouxe de volta Karen Page (Deborah Ann Woll) e Foggy Nelson (Elden Henson). Essa nova encarnação mantém muito do que havia de excelente na versão da Netflix. Agora confirmada como parte do cânone oficial do MCU, ela também acrescenta novidades suficientes para manter as coisas interessantes.
Um recomeço que respeita o passado
Para quem não acompanhou a série anterior, Renascido oferece uma boa porta de entrada. Os diálogos recapitulam os eventos passados de forma sólida sempre que necessário. Já para os veteranos, a trama pode, em um primeiro momento, parecer um pouco familiar. O eixo central — que explora os paralelos entre Demolidor e Rei do Crime, enquanto ambos tentam desesperadamente superar suas naturezas violentas — é algo que já foi bastante explorado. Mas, olhando mais a fundo, surgem camadas adicionais de complexidade e contradição nos dois personagens, rendendo ótimos momentos. Isso é ainda mais verdadeiro no caso de Fisk. Uma trama envolvendo problemas conjugais é particularmente bem construída, surpreendendo pela abordagem pouco convencional para uma série desse tipo.
O fato de tudo continuar tão envolvente se deve também a Cox e Vincent D’Onofrio. Uma cena inicial entre Murdock e Fisk, onde trocam ameaças veladas enquanto tomam café, é uma verdadeira aula de tensão e prova, mais uma vez, porque são dois dos melhores acertos de elenco da história da Marvel. Dá até vontade de vê-los contracenando mais vezes do que o roteiro permite.
O novo showrunner, Dario Scardapane, e a dupla de diretores Justin Benson e Aaron Moorhead trouxeram ideias frescas que se encaixam muito bem no universo do Demolidor. Um dos acertos foi dar mais atenção ao povo de Nova York do que qualquer outra produção recente do MCU, mostrando cidadãos debatendo os prós e contras do vigilantismo e a confiabilidade de Fisk como prefeito, entre outros temas. Grande parte dessa perspectiva vem através dos olhos — e sentidos — de Matt. A série explora suas habilidades ampliadas de forma simples, mas extremamente eficaz, tanto no som quanto na imagem.
Justiça nos tribunais e nas ruas
Renascido também não esquece que Matt Murdock é um advogado brilhante. Uma das subtramas mais fortes da temporada gira em torno de Hector Ayala, o Tigre Branco (interpretado pelo falecido Kamar de los Reyes, em uma atuação comovente), trazendo ótimas sequências de tribunal que se estendem por vários episódios.
Claro, parte do DNA de Demolidor está nas cenas de ação. Quem temia que a mudança da Netflix para o Disney+ resultasse em algo mais brando pode ficar tranquilo: as lutas continuam brutais e sangrentas como sempre, com coreografias que usam o bastão característico do herói de maneiras criativas. A luta que abre a temporada é um marco empolgante que os combates seguintes nem sempre conseguem superar, mas o nível se mantém alto do começo ao fim. E isso também vale para a temporada como um todo.
É um alívio ver os melhores de Hell’s Kitchen de volta. Cox e D’Onofrio comandam uma temporada forte que — com algumas diferenças — entrega o Demolidor que a gente conhece e ama.
A Avaliação
Demolidor: Renascido (1ª Temporada)
'Demolidor: Renascido' resgata a essência da série original, com atuações fortes, ação brutal e novas camadas no universo do MCU.
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