Filhos da Anarquia é uma das mais conhecidas séries de crime dos Estados Unidos. Inesperadamente, a criação de Kurt Sutter se tornou um ícone cultural no fim dos anos 2000, durando sete temporadas e rendendo um spin-off que expande a história da série original. A trama conta os dramas e as empreitadas do clube de motoqueiros, Filhos da Anarquia, que controlam a cidadezinha de Charming no interior da Califórnia com seu contrabando de armas, entre outros esquemas.
Com toda a certeza, a primeira temporada, apesar de falha, estabelece muito bem o mundo da série e seus personagens. Que tal darmos uma revisitada?
Um bom começo

As ambições de Kurt Sutter, criador da série, eram muito grandes e por tanto a ambientação da série não podia ser urbana. Ou seja, em uma grande metrópole. Por essa razão, o seriado se passa em Charming, uma cidadezinha americana no estado da Califórnia. A divisão principal do clube, a SAMCRO, domina todo o fluxo criminoso da região. Esse conceito cria o globo de neve perfeito para Sutter brincar com suas várias guerras de gangues, personagens complexos e ótimas tramas.
A história se molda em volta de Jax Taller, filho de Jon Taller, um dos fundadores da SAMCRO que morreu misteriosamente anos atrás. O líder agora é Clay Morrow, melhor amigo de John que se casou com sua viúva, Gemma, Jax cresceu nesse meio e se tornou um dos líderes do clube. Ao lado de capitão de polícia corrupto, contatos irlandeses, festas, bebidas e corridas. Os Filhos da Anarquia comandam a cidade de Charming como reis.
Mas esse reinado estremece quando um depósito de armas da SAMCRO é explodido. Desconfiados e paranoicos, a gangue tenta lidar com a atenção federal, tensões com facções vizinhas, traidores, e até um antigo amor de Jax que retorna para a cidade após anos. Tudo isso se intensifica quando Jax encontra velhas anotações de seu pai, que revela suas inseguranças, sonhos a respeito do clube, e de como ele foi desvirtuada ao longo dos anos.
Personagens complexos, relações complexas

Sobretudo, Filhos da Anarquia é muito mais que uma série sobre motoqueiros e violência. É uma série sobre pessoas, sejam elas parte do clube ou não, os eventos principais da temporada afetam suas vidas, desenvolvendo seus arcos de personagem. Em outras palavras, esta série consegue ter um drama emocional muito bem construído, todos os personagens têm problemas familiares ou pessoais que coincidem com as ameaças que enfrentam durante a história principal.
Jax descobre que vai ser pai, e isso acaba fazendo ele entrar em conflito com sua ex-esposa que é uma viciada em drogas, além de ter que lidar com Tara, seu amor de infância que retorna para assombrar sua mente. A mãe de Jax e esposa de Clay, Genma, está constantemente mexendo os pauzinhos para fazer o que ela bem entender com a situação à sua volta. Opie, melhor amigo de Jax, é obrigado a retornar para a gangue gradualmente por conta de complicações financeiras, mas sua mulher reprova isso. Por aí vai.
A forma que a série consegue ministrar todos esses núcleos é admirável. Não só admirável, como linda de se assistir, e de acompanhar. A narrativa tem um formato episódico, ou seja, geralmente há uma trama principal acontecendo, ao lado de várias situações paralelas onde diferentes histórias são postas. Isso é até bom, pois assim até personagens de fundo podem ser explorados.
Apesar disso, nem tudo é perfeito. A série se rende a velhos clichês de soap opera americana, ou seja, imprevistos irritantes e convenientes que só servem para atrasar a trama. Isso infelizmente é um erro que se repete constantemente nas temporadas posteriores.
Conclusão
Filhos da Anarquia começa muito bem. Temos aqui uma temporada com ótimas apresentações ao seu mundo, personagens, narrativas e ameaças. Às vezes as tramas podem parecer superficiais, mas acredite, essa série sabe como prender você, e quando prender, não vai mais querer te soltar.
Filhos da Anarquia e todas as suas temporadas podem ser assistidas no Star+.