Dirigido por Tim Miller, Deadpool foi um dos filmes de quadrinhos mais disruptivos da última década. A causa desse projeto existir é muito curiosa: a 20th Century Studios tinha interesse em fazer um filme do anti-herói, então, os roteiristas de Zumbilândia fizeram um teste, onde Ryan Reynolds dublava o personagem. Esse teste foi criado em computação gráfica, dando um vislumbre do que seria o filme. E mesmo tendo sido engavetado em um primeiro momento, ele acabou vazando na internet e gerou uma repercussão positiva com o público, que impulsionou o projeto a ser consolidado de vez.
No filme, Wade Wilson (Ryan Reynolds) está doente e se submete a um experimento, que, aparantemente irá lhe curar. E mesmo adquirindo notáveis superpoderes, ele é torturado e fica completamente desfigurado. Agora, irá buscar vingança com todos que tiveram participação nisso, mesmo que mínima. Virando o Deadpool, ele usufrui do prisma do humor e mata todos os caras maus, de maneiras sanguinolentas.
A quebra de barreiras em Deadpool

Em uma época que tantos filmes de super-heróis eram feitos, nunca mostrando muita violência, nudez ou palavreado, Deadpool surge como um frescor. Afinal, esse filme mostra que, com tudo isso, é possível fazer um bom filme adulto e que gere dinheiro. É necessário apenas: saber como utilizar tudo isso de maneira econômica e divertida para quem assiste. E claro, o filme sabe fazer isso muito bem.
Mesmo sendo ambientado no mundo dos X-Men e, até trazendo alguns personagens, o filme se mostra menor em relação à grande escala dessa franquia. Assim, o tipo de linguagem adotada é super bem-vinda, utilizando de um tom debochado e contando a história de forma não sequencial. E claro, as inevitáveis quebras de quarta parede, que geram interações maravilhosas. O estilo da montagem estabelece um dinamismo único, onde as intercalações são ótimas e a hora não passa.
O uso da violência se mostra criativo, graficamente falando. As cenas de ação apresentam uma boa noção de tudo o que está acontecendo, sendo muito bem conduzidas. Existe a utilização de câmera lenta, que se se mostra bem funcional nos momentos em que é aplicada, vemos isso na magnífica cena de abertura. É interessante também, como as referências são entregues na história, com muita coisa que o próprio público discute, gerando a identificação e piadas brilhantes.
Nesse sentido, o filme ganha muitos pontos, apenas sabendo como utilizar seus elementos. A história é bem contida e, até simples, ainda sim, somos compensados com diversos outros elementos que englobam a experiência.
O balanço entre os gêneros

Deadpool não é apenas um filme de comédia, mas, também, de ação e muito romance. Então, nas partes cômicas, o riso é inevitável, porém, quando a história decide tocar em pontos mais sérios, nós sentimos aquilo. O que motiva Wade a fazer os experimentos é extremamente triste, da mesma forma, que suas torturas são angustiantes de ver em tela. E mesmo que, falte mais embasamento para o Ajax e seus planos, Ed Skrein entrega um vilão carismático e desprezível.
A relação estabelecida entre Wade e Vanessa é convincente e nos importamos com eles. É até engraçado como o filme faz os dois se conhecerem, de maneira nada convencional. Os dois criam uma paixão muito grande e, quando qualquer acontecimento deixa essa relação comprometida, nós torcemos por eles e para que dê certo. O filme sabe fazer um excelente balanço entre os gêneros que apresenta, dosando e mostrando tudo perfeitamente.
Dessa forma, Ryan Reynolds definitivamente é o Deadpool. Além de ser um poço de carisma, bem-humorado e com boa fisicalidade, seus momentos de drama também convencem. A nossa brasileira, Morena Baccarin também é excelente e a química dos dois é notável.
Portanto, Deadpool é um filme com muita expressão e vida própria. Seu estilo impulsionou diversos filmes de quadrinhos a seguirem esse caminho mais adulto, porém, autoral. Assim, os primeiros cinco minutos nos conquistam, além de nos importamos com os conflitos apresentados e o divertimento nunca se perder. Qual outro filme antes desse, se permitiu ser tão debochado e corajoso no tipo de abordagem?
A Avaliação
Deadpool (2016
Deadpool é um filme com muita expressão e vida própria. Seu estilo impulsionou diversos filmes de quadrinhos a seguirem esse caminho mais adulto, porém, autoral. Assim, os primeiros cinco minutos nos conquistam, além de nos importamos com os conflitos apresentados e o divertimento nunca se perder.
Detalhes da avaliação;
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Nota