Sob a direção de Aaron Moorhead, Justin Benson e Mohamed Diab, Cavaleiro da Lua já está com todos os episódios disponíveis no catálogo do Disney+.
Na série, Steven (Oscar Isaac), um gentil e educado funcionário de um museu, sofre muitos apagões. Então, ele descobre ter um transtorno dissociativo de identidade, descobrindo que divide seu corpo com outra personalidade, Marc (Oscar Isaac). Agora, ambos estão mergulhados em uma aventura entre os poderosos Deuses do Egito.
Cavaleiro da Lua e sua estrutura

Justamente por ser um personagem com mais de uma personalidade, é interessante como a série aborda o seu lado psicológico. Com excelentes transições na montagem, as personalidades mudam e as ações já estão finalizadas, causando a sensação de confusão no público junto com a de Steven.
Dentro dessa dualidade, Oscar Isaac pode explorar diferentes nuances em sua atuação. Perceba como Steven é completamente diferente de Marc, não apenas nas características que os diferem, mas na própria alteração de voz e postura de Isaac. É impressionante como ele molda cada personalidade com um estilo próprio, passando o senso de deslumbramento e jamais se esquecendo do terror daquelas situações.
A ilustração dessa interação está entregue em um dos melhores episódios da série, onde descobrimos a origem de tudo. Então, entramos em problema: seis episódios para essa história que nem sempre são devidamente aproveitados. Se tivessem condensado muito desses acontecimentos em um filme de duas horas e meia, de repente, poderia ser mais satisfatório — ou mais episódios, quem sabe?
As séries da Marvel são muito eficazes em relação aos seus protagonistas, mas os antagonistas, nem tanto. Mesmo que Ethan Hawke seja um ator espetacular, seu personagem tem um visual pobre e ele passa a sensação de que poderia ser mais. Seus planos estão estabelecidos, mas não estão bem intercalados com o restante.
Nesse sentido, temos excelentes discussões sobre moralidade e um adentramento perfeito na mente de Marc/Steven, o restante é mediano. Onde estão as inúmeras cenas de ação empolgantes? Ou os diálogos marcantes? Personagens memoráveis? Assim, temos muito altos e baixos e, possivelmente, você esquecerá de muita coisa que assistiu.
Mais uma faceta para esse universo

O fato da série abordar a mitologia egípcia e termos a confirmação de que isso tudo existe no UCM é bem agradável. Há um aspecto de terror notável quando temos os primeiros vislumbres de Khonshu, que é bem introduzido e gera medo. A própria discussão dessa figura ser, na verdade, maldosa, é bem construída.
Esse é um lado que ainda não tínhamos visto nesse universo: Deuses e ambientes egípcios, a morte a partir desses determinados pontos de vista, o simbolismo de figuras e objetos. A própria trilha musical se encaixa bem nessa identidade. Contudo, se tudo isso estivesse em um desenvolvimento de história mais coeso, serviria muito mais do que curiosidade.
Outro fator muito incomodativo da série é como muitos de seus efeitos especiais são pobres, como, por exemplo: a perseguição de carros no primeiro episódio, o visual de Khonshu e o traje do Cavaleiro da Lua. Isso tudo, além dos inúmeros cenários em que as colorações não estão em uniformidade com os atores e atrizes em cena.
Ao menos, em meio às soluções fáceis, o final é interessante. A cena pós-créditos traz algo que queríamos ter visto já nessa temporada e, ainda sim, cria um bom gancho para o futuro. Será que a Marvel terá culhão para apresentar uma história mais violenta e com reais consequências externas?
Portanto, Cavaleiro da Lua é ótima quanto ao desenvolvimento do personagem, mas peca em relação ao resto. Muitos elementos apresentados tinham potencial e certamente poderiam ser melhor mostrados, mas acabaram trazendo um desbalanceamento para a temporada, infelizmente.