Euphoria é uma série transmitida pela HBO que rendeu e ainda rende vastas discussões na internet por conta dos temas que aborda. Baseada na série israelense criada Ron Leshem, Daphna Levin e Tmira Yardeni, recriada por Sam Levinson é uma produção focada nos problemas e na vida de adolescentes, tendo começado sua exibição em junho de 2019.
À primeira vista ela nos passa a impressão de ser mais uma série adolescente sobre jovens rebeldes com motivos não convincentes, abusando de drogas e sem nenhuma preocupação com o dia de amanhã. Isso é basicamente o mesmo abordado em outras séries adolescentes que fizeram sucesso, como Skins e Os 13 porquês.
Mas qual é a diferença entre Euphoria, que por muitos foi eleita como a melhor série de 2019, e as outras que trazem as mesmas questões?
Apesar de ter uma base de história bem usada no mundo hollywoodiano, a produção procura inovar ao abordar assuntos como violência sexual, vicio químico e sexualidade de uma maneira mais profunda e intensa, dando também foco em acontecimentos pouco falados nos dias atuais.
Enquanto que os motivos dados para a rebeldia de cada personagem são convincentes ao ponto de torná-los mais verdadeiros. Rue Bennett ganha destaque na obra por ser a protagonista principal e narradora tendo vários momentos explorando sua vida e como lida com ela, no entanto há um sutil esquecimento perante as histórias de outros personagens, como os traumas de Jules que, apesar de serem apresentados, não receberam a atenção merecida.
Tendo no elenco Zendaya, Hunter Schafer, Barbie Ferreira, Jacob Elordi, Alexa Demie e Sydney Sweeney protagonizando os personagens principais, entregam atuações fiéis durante todo o desenrolar da trama. Algo que pode ter sido influenciado pelo fato de alguns fazerem personagens com os quais se identificam e que compartilham situações similares na vida. Dando atenção especial a Zendaya, que atuou como Rue Bennet, eternizou uma atuação muito vazia quando fez a personagem Rock na série No Ritmo, porém Euphoria foi a chance de revelar sua evolução como atriz. Seus gestos ao andar, suas expressões faciais, que são bem enfáticas ao mostrar os dilemas sentimentais, caracterizam perfeitamente Rue.
Partindo para as questões visuais e técnicas, sendo dirigido por Sam Levinson e Augustine Frizzell, Pippa Blanco, Jennifer Morrison que fizeram alguns episódios, é inegável o cuidado que tiveram ao filmar as cenas. A sincronização das músicas de fundo, que fazem parte da trilha sonora original da série criada por Labrinth, com os acontecimentos gravados em ângulos raros na indústria da televisão são os principais motivos pelo qual ela foi e continua arrancando elogios.
Tudo isso combinado cria sensações totalmente diferentes de acordo com a cena dando a impressão que não estamos somente fazendo parte dos acontecimentos, mas sim que estamos dentro da mente do personagem, algo podendo ser negativo ou positivo dependendo do telespectador.
Em resumo, Euphoria é uma excelente série adolescente tendo uma fotografia impecável que inovou em certos quesitos nesse gênero, apesar de cometer alguns deslizes de roteiro. E, ainda que seja voltado para adolescentes, não é correto dizer que é indicado para todos, ainda mais para jovens que estão passando por traumas ou que são muito facilmente influenciáveis, pois há certo embelezamento em algumas cenas impróprias. Então, para quem seria essa série? Complicado, pois para ver é necessária uma boa formação crítica, justamente por não se tratar de uma produção rasa.