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Início » Especiais » Especial | Frankenstein, ou o Prometeu Moderno – Mary Shelley

Especial | Frankenstein, ou o Prometeu Moderno – Mary Shelley

Maykon Cristopher Por Maykon Cristopher
12:09 dom, 21/09/2025
em Especiais, Literatura
Tempo de leitura: 11 mins
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frankenstein prometeu moderno mary

Divulgação/Editora Darkside Books

Publicado em 1818, e considerado o primeiro livro de ficção científica de todos os tempos, Frankenstein, ou o Prometeu Moderno, de Mary Shelley, apresentou ao mundo da literatura uma das figuras mais icônicas do terror, que acabou sendo imortalizada no cinema e no teatro. A Criatura, com sua aparência grotesca, alta, pálida, com parafusos no pescoço e a pele costurada, tornou-se uma imagem cravada na cultura popular. Sem dúvidas — principalmente para a época de sua publicação — uma figura bastante horripilante.


Nesse clássico, Mary Shelley conta a história de como Victor Frankenstein, um jovem acadêmico entusiasta da ciência natural, decide construir e dar vida a uma criatura, dando início a uma conflituosa perseguição entre criador e criação.

Contexto da obra

frankenstein prometeu moderno mary
Imagem do filme ‘Frankenstein’, de James Whale (Divulgação / Universal Studios, NBCUniversal)

A obra foi publicada três vezes: a primeira edição, dividida em três volumes, foi publicada anonimamente em 1818, devido ao preconceito acerca da escrita feminina. A segunda edição, de 1823, em dois volumes, agora continha o nome de Mary Shelley como autora.

Quanto à última edição, de 1831, já em volume único, surgiu após uma longa revisão. Hoje é a edição mais conhecida, rendendo adaptações não apenas para o teatro e o cinema, mas também para quadrinhos, programas de rádio e séries. 

Imagem da animação ‘Frankenweenie’, de Tim Burton (Foto: Divulgação/Disney)

No período da publicação de Frankenstein, a Inglaterra se encontrava em uma Revolução Industrial repleta de experimentos de galvanismo, como os conduzidos pelo médico italiano Luigi Alyisio Galvani (1737–1798), que usava a eletricidade para ativar os membros de animais e humanos mortos. Reconhece alguma coisa? Sim, esta inspiração é frequentemente referenciada em filmes que adaptam a obra de Mary, como no filme de animação Frankenweenie (2012), de Tim Burton. 

A origem de Frankenstein

Retrato de Mary Shelley / Pintura a óleo sobre tela, por Richard Rothwell

A autora de Frankenstein escreveu a icônica narrativa em um verão de 1816, quando estava em uma casa à beira do lago Léman, na Suíça. Estava acompanhada de seu companheiro Percy Shelley, Claire (sua meia-irmã), o famoso poeta Lord Byron e o Dr. Polidori, que nessa mesma ocasião, escreveu O Vampiro (1819), uma das primeiras histórias de vampiros publicadas em inglês. 

Durante uma noite chuvosa naquela casa, Lord Byron propôs um desafio que marcaria a história da literatura: cada um deveria escrever uma história de terror, para decidirem quem era o melhor. Mary, relutante, aceitou o desafio, mas passou dias sem ter uma ideia.

Um dia, ouviu uma conversa entre Byron e Percy diante da lareira sobre os avanços dos experimentos galvânicos. Assim, uma imagem surgiu em sua mente: um corpo humano deitado dando sinais de vida, enquanto seu criador observa o horror de sua criação. Ele foge amedrontado e, ao retornar, vê que a criatura sumiu. Como resultado, Mary Shelley soube exatamente o que escrever. 

A estrutura de Frankenstein 

Ilustração por Bernard Wrightson (Divulgação / Editora Marvel Comics)

A estrutura do livro, dividida em três perspectivas, propõe um aspecto tão intrigante quanto seu enredo. Todas as perspectivas compõem o fato de que Victor Frankenstein criou uma criatura monstruosa, que se perdeu em si mesma e sucumbiu à violência. 

A história começa quando um homem desconhecido, à beira da morte, é resgatado por uma tripulação de um navio atolado no gelo, durante uma forte nevasca. O capitão do navio, Walton, o acolhe e dá todos os recursos para mantê-lo vivo.

Naquela mesma ocasião, próximo ao navio, eles avistam um trenó sendo puxado por cães, que logo desaparece de vista. Via-se que uma pessoa enorme montava o trenó, o que intrigou e até assustou o capitão, que então vai até o homem e menciona o ocorrido. O homem demonstra uma grande angústia e arrependimento, até que resolve contar sua história. 

Victor é um jovem estudante de química e filosofia natural, que passa a simpatizar com estudos não convencionais de sua época. Ele fica obcecado por uma ideia que rodeia sua cabeça: criar uma vida.

Ele passa a estudar anatomia, matéria viva e morta. Tudo. Anos depois, ele descobre como dar vida a algo morto e inicia um intenso isolamento para dedicar-se inteiramente à sua criação, formada por uma série de partes cadavéricas.

“Por isso me privei de descanso e saúde. Eu o desejei com um ardor que excedeu a moderação; mas agora que terminei, a beleza do sonho desapareceu, e um horror e um desgosto sem fôlego encheram meu coração.”

A narrativa e as diferenças em adaptações

Ilustração por Bernard Wrightson (Divulgação / Editora Marvel Comics)

É importante perceber que, até este ponto da história, a narrativa nos dá uma série de eventos que vão da misteriosa aparição vista pelo capitão Walton e sua tripulação à Criatura criada por um cientista completamente obcecado, questionando onde está e quem é.

A narrativa se mostra astuta nesse aspecto, e nos leva por vários caminhos e perspectivas sem nos confundir com as informações dadas, e nos faz refletir sobre abandono paterno e crise de identidade. 

Uma das principais discrepâncias entre todas as adaptações desta obra é o fato de que, em nenhum momento da narrativa, é dito o nome da criação de Victor Frankenstein, fazendo com que o Monstro ou a Criatura seja conhecida pelo sobrenome de seu criador.

Outra diferença importante está na aparência. No livro, Shelley descreve a Criatura como um ser de traços quase humanos, mas desproporcionais e perturbadores, o que causa repulsa em quem a vê. Já nas adaptações, essa complexidade se reduz ao esteriótipo visual, que reforça apenas a imagem de monstro.

Além disso, no livro, o Monstro é um ser que tem a capacidade de pensar e agir como qualquer ser humano. Em quase todas as adaptações, é representado apenas como um ser irracional, monstruoso e de violência descontrolada. Uma diferença inegavelmente contrastante.

A criatura solitária 

Ilustração por Bernard Wrightson (Divulgação / Editora Marvel Comics)

Victor percebe que o que havia feito era abominável e decide fugir para longe antes da Criatura acordar. Quando sua criação enfim desperta, percebe-se absolutamente sozinha, confusa e perdida em um mundo totalmente novo.  A narrativa toma um tom um pouco mais poético e filosófico, ao descrever as sensações de tudo ao redor. Na verdade, o ar filosófico é bastante persistente durante toda a trama. 

A Criatura chega a um chalé de uma pobre família camponesa e começa a aprender tudo sobre os humanos, escondendo-se em um casebre. Após aprender o idioma e costumes da família, além de clandestinamente ajudá-los, decide finalmente se apresentar de verdade. O Monstro entra e conhece um velho cego que mora ali, que não fica horrorizado porque não o vê. O velho o acolhe e eles conversam.

Contudo, durante a conversa, os outros membros da família aparecem e, para a tristeza do Monstro (e para a nossa, mesmo que esperássemos que fosse acontecer), eles o repreendem e o expulsam dali. 

“A partir daquele momento [ele] declarou guerra eterna à espécie, e mais do que tudo, contra [Frankenstein] que o havia formado e o enviou para esta miséria insuportável.”

Ao conseguir fugir para seu casebre, a Criatura sente uma imensa raiva e ateia fogo em tudo. Enfurecida, vai atrás de Victor Frankenstein, seu criador, pois já não suportava que as pessoas o julgassem pela aparência antes que o conhecessem de verdade. 

No caminho, encontra um garoto que se assusta ao vê-la, e que acaba revelando ser filho do Sr. Frankenstein. A Criatura, reconhecendo o nome de seu criador, mata o garotinho em um acesso de fúria. Uma investigação começa a partir desse assassinato e a criada da família Frankenstein é condenada à morte. 

Quem é o verdadeiro monstro?

Ilustração por Bernard Wrightson (Divulgação / Editora Marvel Comics)

Ao encontrar Victor, a Criatura conta toda a sua história, desde quando acordou, fugiu, escondeu-se, aprendeu, foi repreendida e matou seu irmão. Victor, angustiado e frustrado consigo mesmo, sentia mais raiva.

A Criatura promete que só irá embora se ele criar uma fêmea para lhe fazer companhia. Já que era um ser abominável para o mundo, que seu criador fizesse então um ser igual, para que não fosse o único. Um ser com os mesmos defeitos, as mesmas características. 

“Estou sozinho e miserável: o homem não se associará a mim; mas uma pessoa tão deformada e horrível como eu não se negaria a mim. Minha companheira deve ser da mesma espécie e ter os mesmos defeitos. Este ser você deve criar”

Victor aceita a proposta. Ele começa sua criação e, no meio do processo, viaja para a Inglaterra para se casar com Elizabeth. Entretanto, enquanto estava na ilha de Órcades e dava continuidade à sua segunda criação, viu que todo seu trabalho era agora sujo demais. Achava mais horrível e irritante do que nunca, talvez pelo fato de saber o que poderá se tornar. Com isso, acaba destruindo sua nova criação diante dos olhos do Monstro. 

Por consequência, o Monstro torna-se completamente vingativo e mata o jovem Clerval, o melhor amigo de Victor Frankenstein. E depois que Victor se casa com a bela Elizabeth, o Monstro mata sua esposa também.

É interessante notar que, nesse ponto da história, Victor se iguala na monstruosidade, tornando-se vingativo também. Dado momento, o leitor não sabe mais quem está certo, ou quem é o verdadeiro monstro. 

O final impactante

Ilustração por Gris Grimly (Divulgação / Editora Balzer & Bray/Harperteen)

Mary Shelley foi simplesmente genial ao colocar questões éticas dos homens da ciência, trazendo uma história sobre uma série de trágicas consequências quando ultrapassamos os limites dos avanços científicos.

A conturbada relação entre criador e criação é como se uma espécie de personificação do pensamento do filósofo Thomas Hobbes, ao dizer que: “O homem é o lobo do homem”.

Victor, ao colocar a ética e a moral de lado, coloca em risco a própria espécie em nome do entusiasmo pela ciência. Tudo pela grande emoção de ser revolucionário e pela obsessão de criar algo que o pertença, ignorando as consequências.

Ele sai em busca da Criatura para se vingar de todas as mortes e sofrimentos que causou, mas isso debilita sua saúde. E é nesse momento que Victor é encontrado em uma geleira na Rússia pelo capitão Walton e sua tripulação, e lhe relata todos os acontecimentos de sua vida.

Por fim, em uma carta à Margaret, sua irmã, o capitão Walton conta que, ao retornar, encontrou Victor morto. O grande monstro estava diante de seu corpo e exclamava dor e horror ao ver que seu criador havia morrido. A Criatura então avança em direção à janela e desaparece.  

Interpretações e conclusão 

Assim termina a obra, deixando-nos com uma questão em mente: o homem é mau por natureza, a menos que precise ser bom, ou o homem é essencialmente bom e o meio em que está inserido e de onde foi construído moldam o seu caráter? 

A Criatura de Frankenstein é o exemplo de um ser inocente e com extraordinária sensibilidade que foi se moldando pelas coisas horríveis que humanos são capazes de fazer por puro preconceito.

Sua aparência para todos se torna algo mais relevante que a inteligência de suas palavras, e isso é cruel, já que a simpatia e o conhecimento são — ou ao menos deveriam ser — genuinamente mais atrativos que a beleza. É uma das principais questões que o livro levanta, e que facilmente levantariam debates, pelo fato de serem atuais mesmo após mais de 200 anos de publicação. 

Se olharmos pelo contexto histórico do livro (que, na verdade, é como se deve olhar para todo clássico), a Criatura faz alusão à mulher abandonada pelo sistema do patriarcado (que, em partes, poderia ser representada pelo próprio Victor). O livro em si mostra as experiências de Mary como mulher no século XIX.  

Sendo filha de uma filósofa e escritora feminista, Mary Shelley levou para a obra uma crítica forte sobre questões feministas, focando na invisibilidade das mulheres na sociedade patriarcal da época, da mesma forma que a Criatura era invisível e ignorada pelos outros, e sofrendo por não a levarem em consideração. Mary se sentiu claramente abandonada diversas vezes, e isso foi um motivo de revolta, resultando em um dos maiores clássicos da história da literatura. 

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Maykon Cristopher

Maykon Cristopher

Escritor, poeta e amante de livros e filmes de terror; sempre escrevendo análises e críticas literárias.

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