Todos flutuam na pequena cidade de Derry.
Assim, a primeira temporada da série prequel da duologia cinematográfica IT chega ao fim. Mas a prequel deixou muitas perguntas em aberto, e o seu episódio final levanta ainda mais dúvidas. A questão que fica é: como a série da HBO se compara aos filmes mais recentes, ambientados na mesma linha do tempo?
A nova série, situada no mesmo universo das adaptações de IT (2017) que trouxeram Bill Skarsgård como a divindade que toma a forma de um palhaço dançante, é uma conquista notável e consegue se encontrar como uma narrativa transmídia direta dentro de uma história única. Essa temporada se passa em 1962, vinte e sete anos antes do período de 1989 em que o primeiro filme é ambientado, e conta a história da criatura metamórfica Pennywise enquanto ele continua sua caçada e, também, passa a ser perseguido pelo exército americano.
IT: Bem-Vindos a Derry apresenta múltiplos personagens e referências ao universo expandido de Stephen King. Um destaque especial é Chris Chalk como Dick Hallorann, funcionando como uma conexão direta com outro clássico de King, O Iluminado. Mas, com um universo expandido e uma narrativa inédita, surgem novas oportunidades de retratar o personagem-título. Uma das maiores dificuldades (ou irritações) de histórias prequel é o conhecimento prévio de como tudo vai acabar. Esse fator exige um esforço extra dos roteiristas para criar uma trama que prenda o público apesar disso.
Um Pennywise mais cruel e uma mitologia mais profunda
Aqui, eles conseguem ao mergulhar mais fundo na história e na mitologia tanto da criatura quanto da figura Pennywise que ela viria a habitar. Além disso, a série intensifica consideravelmente os elementos de horror e nos entrega um Pennywise mais feroz e brutal do que qualquer versão já vista na tela.
Com uma escrita sólida e algumas cenas de terror expressivas no segmento televisivo, a grande pergunta em uma franquia como IT, em que um monstro caça crianças, sempre será: como são os atores mirins? Nesse caso, eles conseguem cumprir o trabalho. O elenco principal, composto por cinco crianças, atua de forma convincente. Eles lidam com temas maduros e assuntos adultos apesar da pouca idade, e isso fortalece o impacto da narrativa. Ainda assim, é claro que Bill Skarsgård, retornando como Pennywise, rouba todas as cenas. Ele entrega uma atuação geracional como o palhaço, que será estudada por anos por aspirantes a vilões do terror.
O tempo como arma narrativa
Ao final da temporada de 1962, IT: Bem-Vindos a Derry reconhece de forma esperta seu papel como prequel e prepara o terreno para as próximas temporadas. Pennywise conversa diretamente com Marge sobre o futuro que o filho dela compartilha com o palhaço. Contudo, distorce os eventos do filme ao sugerir que a morte de Pennywise pelas mãos dos Perdedores pode, na verdade, ter sido o seu nascimento. Ele afirma que sabe tudo e vê tudo em seu passado e futuro, enquanto Marge e Lilly passam a teorizar que ele tentará matar membros de suas famílias no passado.
Essa revelação permite que a série avance (ou retroceda, em termos de linha do tempo) e contorne a armadilha típica das prequels. O Pennywise da série já viveu e experienciou os eventos dos filmes, mesmo que eles ainda não tenham acontecido dentro da narrativa da produção. Mas o que vem a seguir? A segunda temporada se passará em 1935, acompanhando as crianças que seriam os pais dos personagens dessa temporada? Voltaremos a Bob Gray para aprender mais sobre quem ele era antes de ser levado? Ou iremos ainda mais longe no passado, entrando em um novo século? Seja qual for o caminho, IT é uma série que acompanharemos com expectativa para ver aonde vai nos levar.
No geral, IT: Bem-Vindos a Derry apresenta Pennywise em sua melhor forma. Com atuações competentes do elenco principal, uma escrita sólida que explora as origens da criatura e um trabalho audiovisual de qualidade, a série é essencial para os fãs do Stephen King e para amantes do terror em geral.
A Avaliação
It: Bem-Vindos a Derry (1ª temporada)
It: Bem-Vindos a Derry revisita o terror de Pennywise com uma narrativa ousada, performances consistentes e uma mitologia expandida que reforça o peso do universo IT.
Detalhes da avaliação;
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