Monster: The Ed Gein Story, da Netflix, é uma obra perturbadora que mistura detalhes de true crime com uma profundidade psicológica inquietante. Assim como sua antecessora Dahmer – Monster: The Jeffrey Dahmer Story, a série mergulha na mente de um homem que se tornaria infame, equilibrando cuidadosamente horror e humanidade.
Entre o horror e a vulnerabilidade
Desde as cenas iniciais, a produção captura a atmosfera isolada e sinistra de uma fazenda em Wisconsin. Somos apresentados a Ed (Charlie Hunnam) ou “Eddie”, conforme é chamado por sua mãe controladora, Augusta (Laurie Metcalf). Desde o início, fica claro que Eddie não está em paz: é atormentado pela rejeição, por uma fixação doentia em mulheres e pela religiosidade sufocante da mãe, que as vê como a origem do pecado. É o ponto de partida para sua lenta e inquietante descida rumo à obsessão e, por fim, à monstruosidade.
A narrativa é ao mesmo tempo, familiar e inovadora. Já vimos antes os elementos da formação de um assassino, mas aqui a execução se destaca. A história se apoia na bússola moral distorcida de Ed e em seus desejos reprimidos, pontuados por momentos de voyeurismo perturbador e anseios retorcidos. Em certos momentos sutis e em outros graficamente brutais, os criadores conseguem dramatizar horrores reais sem cair na exploração gratuita.
Visualmente, a série impressiona. A recriação da Wisconsin dos anos 1950, como suas estruturas sociais rígidas e a cultura das pequenas cidades, é rica e envolvente. O design de produção reforça discretamente os temas de repressão e decadência que marcam a vida de Ed.
As atuações elevam o nível da produção. Charlie Hunnam entrega uma interpretação complexa de Ed, vulnerável e assustador em medidas iguais, sem nunca cair na caricatura. Laurie Metcalf está excepcional como Augusta, incorporando o fanatismo religioso e o domínio sufocante que moldaram a psique do filho. A dinâmica entre os dois é o coração gelado da história.
Um mergulho desconfortável na criação de um monstro
Há momentos, especialmente nos episódios intermediários, em que o ritmo desacelera. Algumas passagens parecem esticadas, como se preparassem o terreno para a inevitável escalada de horror. Ainda assim, a série nunca perde totalmente sua força. Mesmo nas pausas, continua mergulhando o espectador na escuridão, pedindo paciência para acompanhar a criação de um monstro.
Em última análise, Monster: The Ed Gein Story não é uma série fácil de assistir — e não deveria ser. É sombria, voyeurista e perturbadora. Mas a direção constrói tudo com cuidado, o elenco entrega ótimas interpretações e a trama mantém o interesse do início ao fim. Para os fãs de dramatizações de crimes reais, é simplesmente imperdível.
A Avaliação
Monster: The Ed Gein Story
Sombria e intensa, 'Monster: The Ed Gein Story' explora a mente de um assassino com profundidade psicológica, ótimas atuações e direção precisa.
Detalhes da avaliação;
-
Nota