Entre os super-heróis de grandes editoras, Superman foi o primeiro. Sua estreia nos quadrinhos aconteceu lá em 1938. E, mesmo assim, ele é de certa forma um dos heróis mais “exclusivos” de se interpretar quando se trata do cinema. Com apenas três atores anteriores nas telonas, a estreia de David Corenswet como o quarto Superman cinematográfico é algo marcante.
Felizmente, James Gunn capturou a magia em sua abordagem do Homem de Aço. Superman nos joga diretamente na história com Clark Kent (David Corenswet) tentando ser o Superman que o povo de Metrópolis precisa — mesmo que, naquele momento, eles talvez não estejam muito satisfeitos com ele. Superman age guiado pela ideia de que está fazendo o que é certo para todos. Mas isso nem sempre funciona como o esperado.
Apesar de ter sua Fortaleza da Solidão, com direito a Robôs do Superman, muito da vida de Clark é sobre simplesmente tentar entender seu lugar no mundo. Corenswet traz uma leveza ao personagem que está presente na essência dos quadrinhos, mas que ficou um pouco de lado em algumas adaptações em live-action. Seu jeitão “ingênuo” não é uma fachada que ele adota como Clark — seu Superman também é assim.
E com essa doçura vem um sentimento de esperança que sentíamos falta nas histórias recentes do Superman nas telonas. A Trilogia Batman de Christopher Nolan mudou o gênero, e embora uma abordagem mais séria do Superman possa funcionar, ele sempre foi — e sempre será — um símbolo de esperança, e perdemos isso por um tempo na tela grande.
Felizmente, Gunn e Corenswet resgataram essa ideia no cinema e nos entregaram um dos filmes mais “quadrinescos” já feitos.
Superman não é nada sem sua equipe
A vida de Clark Kent e a de Superman muitas vezes são tão separadas que parecem duas histórias diferentes. Ou, como foi o caso em O Homem de Aço, a gente mal vê a vida dele no Planeta Diário até o final do filme. Gunn encontra um equilíbrio entre Clark e Superman que permite que os personagens do jornal também tenham seu destaque.
Lois Lane (Rachel Brosnahan) está tão envolvida na ação quanto Clark, Jimmy (Skylar Gisondo) é arrastado para a aventura, e até Perry White (Wendell Pierce) acaba em uma nave espacial em certo momento. Todos participam não só ajudando o Superman, mas também protegendo Metrópolis — e é bom vê-los atuando além da “função profissional” na vida de Clark.
A grande rivalidade entre Superman e Lex Luthor
Todo super-herói tem seu maior inimigo. Para o Superman, sempre foi Lex Luthor — e a versão de Nicholas Hoult lembra bastante o que Gene Hackman fazia com o Superman de Christopher Reeve. Mas, dessa vez, tanto Corenswet quanto Hoult parecem se divertir muito juntos em cena.
O Lex de Hoult é um vilão clássico. Usa sua fortuna apenas para benefício próprio, destruindo Metrópolis no processo. Dessa vez, ele é mais ligado à tecnologia, com toda sua estratégia para enfrentar Superman baseada nisso. Ainda assim, o filme mostra perfeitamente por que a dinâmica entre eles sempre funcionou, inclusive com Clark dizendo que acha que a obsessão de Lex está ficando um pouco estranha.
Mas Superman vai além e mostra, em tempo real, como o símbolo do herói pode inspirar quem mais precisa. Quando o líder de Boravia decide invadir um país vizinho, vemos até onde a maldade pode ir para servir aos próprios interesses. Mas, felizmente, o povo inocente que luta para proteger seu país tem o Superman ao seu lado.
Um ótimo começo para o novo DCU
O Superman tem sido o líder da Liga da Justiça, ao lado do Batman e Mulher-Maravilha, por décadas. A primeira aparição do grupo foi em The Brave and the Bold, lá em 1960. Em Superman, vemos uma “equipe”, mas que ainda não é exatamente a Liga como a conhecemos. Talvez por isso Guy Gardner (Nathan Fillion) os chame de “Gangue da Justiça”.
Guy, Mulher Gavião (Isabela Merced) e Senhor Incrível (Edi Gathegi) tentam trabalhar juntos, apesar das diferenças, e formam uma espécie de missão paralela divertida. O Senhor Incrível de Gathegi rouba todas as cenas em que aparece — e é um dos melhores momentos do filme vê-lo provocar Guy só por diversão.
E não poderíamos deixar de mencionar o Krypto. O cãozinho kryptoniano do Superman é tão caótico quanto os trailers mostraram. Ele é bagunceiro, selvagem, mas incrivelmente leal. E mesmo quando faz algo errado… a gente perdoa tudo, porque ele é simplesmente perfeito.
Ainda é uma história de amor
O que fez Superman: O Filme, de Christopher Reeve, tão especial foi o fato de Richard Donner permitir que Lois (Margot Kidder) e Clark tivessem uma história de amor real. James Gunn segue a mesma linha. A Lois de Rachel Brosnahan é tão ousada e incisiva quanto sempre foi — mas também abre espaço para o relacionamento com Clark se desenvolver.
Os encontramos alguns meses após começarem a namorar, e vê-los tentando construir essa relação é adorável. Normalmente, ou tudo é rápido, ou a história começa quando eles ainda nem se conhecem. Aqui, tanto Corenswet quanto Brosnahan nos mostram um Clark e uma Lois nos seus trinta e poucos anos tentando entender como é namorar — e é lindo ver como eles se apoiam e crescem juntos.
É bom sentir esperança de novo
Um dos aspectos que mais sentíamos falta nas histórias do Superman nas telonas era o que ele representa. Toda história do personagem mostra o poder do “S” vermelho em seu peito, e o que torna a abordagem de Gunn tão especial é que ele mantém essa esperança viva o tempo todo. Durante toda a duração do filme, nos sentimos alegres e empolgados para imaginar como seria uma Liga da Justiça liderada por esse Superman.
Há tanto para amar neste filme que, mesmo com muita coisa acontecendo, você nunca se sente perdido. Gunn garante que estamos acompanhando tudo ao lado do nosso herói, e é uma jornada belíssima do começo ao fim.
Por Josélio
Não dá para terminarmos essa crítica sem nos lembrarmos de alguém que possivelmente estaria vibrando com cada cena desse filme. Josélio, nosso querido amigo e apoiador do Código Nerd, era um fã apaixonado do Superman — daqueles que sabiam citar falas, defender o símbolo da Esperança e, acima de tudo, acreditar no melhor das pessoas. Infelizmente, ele não pôde assistir a esse renascimento do herói que tanto amava. Essa nova fase do Superman, cheia de luz e coração, tem muito dele. Que ele esteja voando alto, entre as estrelas que tanto admirava.
A Avaliação
Superman (2025)
David Corenswet estreia em um Superman vibrante, com ação, humor e esperança em um recomeço promissor para o novo DCU dirigido por James Gunn.
Detalhes da avaliação;
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