Dirigido por John Hughes, Clube dos Cinco é um dos clássicos do cinema americano nos anos 80. Sendo um retrato de sua época, o longa influenciou o surgimento de muitas outras produções do gênero, e isso, até hoje. O título original, The Breakfast Club, vem de um apelido inventado por estudantes e funcionários para a detenção matinal do colégio New Trier High School, frequentado pelo filho de um dos amigos de Hughes. Então, aqueles que eram enviados para detenção foram designados como membros do ”The Breakfast Club”.
E a premissa não foge disso. No filme, cinco adolescentes (Judd Nelson, Molly Ringwald, Emilio Estevez, Anthony Michael Hall, Ally Sheedy) do ensino médio cometem delitos na escola. Após isso, eles são punidos e precisam passar o sábado na biblioteca do colégio escrevendo uma redação sobre o que pensam de si. Conforme o dia passa, esses jovens tão distintos passam a se conhecer melhor e a aceitar suas diferenças, compartilhando as experiências mais profundas.
Clube dos Cinco e seus conflitos
Esse é um daqueles filmes que você precisa ao menos assistir duas vezes na vida, pois suas percepções podem mudar radicalmente. Em um primeiro momento, ele pode soar um tanto apático, devido principalmente ao péssimo comportamento do protagonista e diversas atitudes questionáveis dos personagens como um todo ao longo da experiência. E, de fato, quando analisamos pequenos momentos isolados hoje em dia, eles envelheceram mal. Contudo, Hughes propõe muito bem essa aura desconfortável de se estar preso em um ambiente com pessoas que você não conhece e não quer conhecer.
Esse dia era para ser maçante, tanto para quem está na detenção, quanto para quem a aplica e, também, para o próprio espectador. Ainda assim, as naturais desavenças, provocadas por John Bender, desenrolam toda essa dinâmica do grupo, pois ele não pode deixar de abrir a boca e falar suas besteiras. Dessa forma, quando adentramos nessas conversas, percebemos que absolutamente todos ali apresentam complexidades que são sutilmente trabalhadas. Apesar de existir os estereótipos do cara popular, da patricinha, da esquisita, do nerd e do rebelde, apenas em uma primeira vista eles soam de tal forma. E o mais interessante é que eles não escolheram ser isso, mas devido a pressões familiares e um senso de pertencimento, foram formados assim.
Consequentemente, essas discussões sobre como nossas figuras de referência são responsáveis por nos desenvolver negativamente são perfeitamente encaixadas na figura do diretor da escola. Será que, o tempo realmente nos deixa mais amargurados e inconscientemente faremos de nossas insatisfações às de outras pessoas?
Um dia que mudou vidas
Hughes, em seu roteiro, entende perfeitamente esses 5 personagens. E quanto mais tempo passamos com eles, mais eles se entregam a situações de vulnerabilidade e uma sinceridade que talvez nunca tivessem tido na vida. Entre esses momentos, existem momentos genuinamente divertidos. Essas quebras de regras proporcionam situações de perigo, o que é curioso, pois estamos ambientados em uma escola vazia. Mas é esse sentimento de ser pego a qualquer momento que cativa.
À medida que eles vão se conectando, tudo ganha mais substância, e um lindo sábado que era para ser monótono vira mais espirituoso. As danças e os longos diálogos profundos que resultam em risos fazem você se sentir amigo desses personagens.
No fim, pode, sim, que toda essa experiência tenha durado apenas um dia e eles nunca mais se falem. Ou pode ser que esses relacionamentos perdurem. Mas quando chegamos ao fim e vemos John Bender no campo de futebol erguendo o braço por ter conseguido beijar Claire Standish ao som de Don’t You forget About Me, é inevitável o senso de jornada concluída. Aliás, que música! É impossível desassociá-la do filme, até mesmo por como a letra conversa com todo o resto. Toda a escolha musical é impecável e nos transporta para essa época oitentista.
Portanto, Clube dos Cinco, mesmo com alguns deslizes, é um filme atemporal em seus temas. A duração econômica é perfeitamente utilizada para praticar as ações desses personagens e gradualmente dar motivo a elas. Graças a esse grupo tão divergente, temos uma ligação singular, visto que esses compartilhamentos de vivências são reais, relacionáveis e mostra como mentes jovens realmente funcionam: confusas, precisas, abertas à mudança e cheias de indagações, mesmo que silenciosas. Eles encontram o que sempre buscaram um no outro, e isso é lindo.
A Avaliação
Hughes, em seu roteiro, entende perfeitamente esses 5 personagens. E quanto mais tempo passamos com eles, mais eles se entregam a situações de vulnerabilidade e uma sinceridade que talvez nunca tivessem tido na vida.
Detalhes da avaliação;
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Nota