Dirigido por Quentin Tarantino, Kill Bill – Volume 2 é a segunda parte da grande história que havíamos visto no primeiro filme. Dessa vez, com o fechamento de lacunas e um estilo totalmente diferente de abordagem.
No filme, Beatrix Kiddo (Uma Thurman), continua atrás dos membros restantes que tentaram matá-la no dia de seu casamento, especialmente Bill (David Carradine). Conforme os detalhes de sua origem são revelados, ela chega cada vez mais perto de atingir seu objetivo. No entanto, surpresas a aguardam.
As claras diferenças entre Kill Bill e Kill Bill 2
Se Kill Bill era um grande filme de ação sanguinolento, Kill Bill 2, no entanto, se destaca por outros motivos. O filme ainda possui as lutas e um uso considerável de violência, mas, essa continuação é melhor pautada nos diálogos. Quentin Tarantino escreve seus diálogos como ninguém, o uso de palavras é bem articulado e as interações são inteligentes.
Aqui, finalmente temos respostas. É irônico pensar que uma sequência funcione tão bem como filme de origem. Essa história se destaca justamente por amarrar todos os elementos em uma única linha. Tudo o que acontece, tem propósito narrativo e embasamento. Os personagens são postos em situações onde tudo se esclarece.
Dada às circunstâncias desse filme, o papel de Uma Thurman, certamente exigia mais, física e dramaticamente. E ela, apenas com seu olhar, nos passa toda veracidade das cenas, além de sua ótima fisicalidade. Seu treino com Pai Mei é crível e há cenas extremamente sufocantes. O Bill, de David Carradine, é muito bem escrito e interpretado, mesmo ele aparecendo só agora, conseguimos sentir a grandiosidade desta presença.
O ambiente do filme parte para o árido, que nos passa a sensação de calor. Muitas vezes teremos personagens apenas conversando e vivendo o dia a dia. O filme pode não ter o ritmo de seu anterior, mas ele nos recompensa com a adição de elementos extremamente bem-vindos. Então, a experiência só enriquece, quando analisamos os dois filmes e percebemos o que os torna tão únicos.
As subversões de expectativa
Justamente pelo filme ter outra abordagem, ele nos proporciona momentos épicos pontuais. O primeiro filme ainda está lá, da forma como foi realizado: frenético, cheio de lutas, violento e com suas inventividades gráficas. Então, nós já tivemos muito daquilo que o Tarantino fez tão bem, agora, ele pode explorar caminhos menores e ainda mais significativos.
A luta com Elle Driver traz o mesmo estilo do primeiro filme, contudo, o desfecho dela é simplesmente fantástico. A chama da vingança fica mais acesa do que nunca e, mais uma vez, notamos como Tarantino ama o absurdo. A interpretação de Daryl Hannah no papel de Elle Driver merece destaque, ela transmite a dose certa de arrogância para a personagem.
E quando finalmente chegamos ao tão aguardado embate final, ele não acontece da forma que achávamos. Há uma virada, no mínimo surpreendente, afinal, quando iríamos esperar tamanha ”inocência” de Bill? E como saberíamos que ele contra-atacaria de uma maneira tão forte como foi? Tudo a partir disso torna-se imprevisível e verdadeiramente original. A luta não é apenas física.
O filme se mostra muito bem pensado. Mesmo que ainda devamos ter a suspensão da descrença, a história é muito consistente e fecha perfeitamente o arco desses personagens tão interessantes em tela. Finalmente temos as respostas que tanto queríamos e o desfecho que, certamente não esperávamos, mas que fez muito sentido com o que foi apresentado e não deixou de ser empolgante ou até emocionante.
Portanto, Kill Bill – Volume 2 funciona tanto como prequela quanto sequência Esse é um daqueles projetos que demonstra o poder de escrita e direção de Quentin Tarantino, além da grande atuação de Uma Thurman. Esse grande filme continuará memorável por muito tempo!