Dirigido por Ridley Scott, Blade Runner – O Caçador de Androides continua sendo uma das ficções científicas mais influentes de todo o cinema. Sendo um dos maiores exemplos de filmes com interferência de estúdio, a obra possui um total de sete versões diferentes. A versão nomeada de”corte final”, lançada em 2007 e com controle total de Scott no projeto, torna-se a definitiva; e é a que estará sendo criticada a seguir.
No filme, a corporação Tyrell desenvolve clones humanos a fim de serem usados como escravos em colônias fora da Terra, denominados de replicantes. Assim, em 2019, o ex-policial Deckard (Harrison Ford) é acionado para caçar um grupo ilegal de replicantes, do qual, está vivendo nas sombras.
Blade Runner e sua visão futurística

Primeiro, quando se fala em Blade Runner, é impossível não lembrar de seu impacto visual. Ilustrado em um futuro decadente, em que os recursos naturais acabaram e acompanhamos uma Los Angeles praticamente escura e chuvosa, essa identidade marca desde o início.
O estilo cyberpunk adotado gera lindas composições visuais, até na forma com que elas refletem nos cenários e personagens. As cores em neon nas ruas, a constante fumaça e os aparatos tecnológicos chamam certamente a atenção desse mundo. Com uma visão distópica de futuro, o longa nos situa perfeitamente dessas características que o compõe. Em geral, há muitos momentos contemplativos, onde não existem falas e podemos apreciar o que está na tela.
É muito estranho pensar que esses conceitos foram idealizados há exatos 40 anos. Não só visualmente falando, mas, no próprio motivo das coisas serem o que são e a crítica presente por trás. Essa humanidade chegou em um estágio tão avançado de tecnologia, que tudo começou a perder o propósito de existência, muito da vida está deprimente.
Nesse sentido, temos uma visão extremamente melancólica. As entonações azuladas da fotografia contribuem para essa percepção, além de mostrar o visual bem polido do filme. E por mais que muito disso seja distante do que foi o nosso 2019, ainda há pontos presentes que fazem sentido na nossa sociedade atual. Podemos destacar, também, o estilo único da trilha e como ela se encaixa, remetendo à algo oitentista e futurista, em simultâneo.
As discussões existencialistas

Além da forma estonteante que o visual se aplica e inspira outras obras futuras, a temática do filme cresce a cada dia mais. Hoje em dia, temos muitos daqueles vilões em que somos capazes de compreender suas motivações e nos relacionarmos. Sabe aquele antagonista que você não julga o motivo, mas, a atitude?
Pois bem, Blade Runner já havia feito isso há quatro décadas. Roy é um personagem fascinante, não apenas pela ameaçadora e tocante presença de Rutger Hauer, mas também, por suas motivações fáceis de afeição. É claro que, existem os outros replicantes, porém, o foco está nele e em suas reflexões estimuladas.
Conforme assistimos, percebemos que a distinção entre humanos e replicantes não existe. E passamos a nos perguntar: O que exatamente nos torna humanos? Como a própria Pris diz no filme ”Penso, logo existo”. Então, aquela memorável sequência no final, onde tudo se esclarece e Deckard expressa isso com um gesto, nós também compreendemos.
A jornada imposta para Deckard tem seu propósito apresentado e concluído. Perceba como o personagem é uma pessoa no início e, no final, é totalmente outra. Suas percepções de vida mudaram, ele finalmente traça um caminho e irá aproveitá-lo até o inevitável fim. Ainda assim, existe aquela bela sugestão em relação a ele!
A divisão dos dois núcleos flui de maneira eficaz, aliás, as cenas na casa de J. F. Sebastian são assustadoras. O filme possui cenas verdadeiramente tensas, em que você sabe que algo está prestes a acontecer, mas não sabe como e nem em qual exato momento.
Portanto, Blade Runner – O Caçador de Androides traz uma identidade visual fortíssima e discute temas atemporais. É um daqueles filmes que você gostaria de esquecer, só para ter a experiência de assistir pela primeira vez de novo. Obra-prima!





