Com produção de Jordan Peele e direção de Nia DaCosta, A Lenda de Candyman foi finalmente lançado. O longa foi bem recebido pela crítica e Nia DaCosta tornou-se a primeira diretora negra a ter um filme estreando e liderando o topo da bilheteria americana.
O filme segue a trama do original, O Mistério de Candyman, além de ter influências do conto de Clive Barker. Essa nova abordagem da saga estava prometendo modernizar a história, trazendo uma linguagem mais atual para o horror.
Nessa história, um jovem artista chamado Anthony cria uma exposição sobre Candyman, uma lenda maligna que, segundo os relatos, pode ser invocada diante de um espelho. Gradualmente, o fascínio do rapaz pela lenda o joga em uma trama de mistérios, sangue e morte.
A Lenda de Candyman como sequência
O Mistério de Candyman é honrado de muitas formas. É cativante como tratam os acontecimentos do filme anterior, utilizando um tipo de animação em muitos momentos para ilustrar e apresentando uma boa identidade visual; também é interessante, como essas pessoas passam a lenda adiante, revivendo e adaptando.
A direção da Nia DaCosta traz um tom diferente para a história. As perspectivas que ela decide mostrar são bem legais, às vezes, indo para o lado da violência gráfica e, às vezes, mostrando as mortes de outros pontos de vista, nos fazendo sentir aquela ameaça, de fato. Ela trabalha bem com elementos de fundo e com o uso de espelhos.
Mesmo o filme sendo uma sequência e trazendo seus momentos honrosos, ele não deixa de contar uma nova história, então, há um estabelecimento de uma própria identidade. Existem elementos, visualmente falando, bem desconfortáveis, mas, mesmo assim, existe um humor bem pontual.
No entanto, alguns acontecimentos acabam por ser previsíveis. O ato final do filme nos traz um acontecimento de grande relevância para a trama, porém, é um pouco apressado. Não que seja ruim, mas, de repente, faltam alguns minutos a mais para esse desenvolvimento, mesmo que o final tenha um bom impacto.
O comentário social
A crítica social existe no filme original, contudo, isso parece não ser levado tão adiante. Enquanto aqui, as críticas presentes estão enraizadas na história. Esse é mais um daqueles filmes que funcionam como terror social, tendo o fator assustador e, ao mesmo tempo, possuindo uma crítica intrínseca na história. Ou seja, é um filme aterrorizante e que tem muito a dizer.
Ao assistir ao filme, pode-se notar facilmente como muitos dos acontecimentos dialogam com o mundo em que vivemos. A lenda, que se encontra no título, é chocante como se mostra e a decisão de torná-la um fator cíclico, gera uma reflexão atual. É orgânico na trama, apenas tendo uma boa construção.
O protagonista, interpretado por Yahya Abdul-Mateen II, é bem interessante. Tudo que ele passa, a forma com que ele movimenta as peças e a sua jornada, são bem legais de se ver em tela. Afinal, está tudo condizente com a proposta, mesmo que, seja muito triste.
Nesse sentido, A Lenda de Candyman é um filme grandioso. Há boas ideias executadas, ótimos pontos tocados e elementos caprichados no terror. Apesar de o filme conter o sobrenatural, ele é, infelizmente, muito real!