Obi-Wan Kenobi é um dos personagens mais populares de toda a saga Star Wars. O personagem de Ewan McGregor e Alec Guiness já foi muitas coisas: Padawan, Mestre Jedi e eremita solitário. Com seu carisma inigualável e trágica história, Kenobi se mantém no coração dos fãs mesmo já tendo morrido décadas atrás no cânone dos filmes.
Entretanto, a série, que se batiza com seu nome, Obi-Wan Kenobi, se passa durante os anos em que Kenobi não sabia exatamente o que era. Ex-Jedi? Nômade exilado? Protetor de Luke Skywalker?
Tirado de seu exílio com a missão de resgatar a jovem princesa Leia Organa, Obi-Wan parte em uma jornada não só perigosa, como necessária para se reconectar com a Força e consigo mesmo.
Porém, no caminho, encontrará fantasmas do passado e monstros que ele mesmo ajudou a criar. A minissérie do Disney+ tinha muito potencial e nós a esperamos por décadas, mas será que a espera valeu a pena?
Premissa

Aproximadamente dez anos após o fim de A Vingança dos Sith, Obi-Wan Kenobi permanece em Tatooine, protegendo o jovem Luke Skywalker e o observando de longe. Atormentado pelas sombras do passado, da Guerra dos Clones, do Purgo Jedi e de seus próprios erros. Mas o velho Jedi deve deixar essas incertezas de lado e pôr suas habilidades à prova quando parte em uma missão a pedido de Bail Organa, seu velho amigo. Leia Organa, sua filha adotiva, foi capturada por mercenários e agora só Obi-Wan pode resgatá-la.
Sem saber que está em uma cilada, Kenobi deixa Tatooine, entrando em um jogo de perseguição, morte e traições.
Primordialmente, esta é uma obra que desafia muitas regras, conceitos e até arcos pré-estabelecidos em filmes passados da saga. Em outras palavras, Obi-Wan Kenobi é uma série que desafia o próprio cânone de Star Wars. Por exemplo, nós, como fãs, normalmente aceitamos que Kenobi e Darth Vader jamais se encontraram antes de Uma Nova Esperança, ou que o próprio Obi-Wan jamais deixaria Tatooine e se aventuraria na galáxia.
Como resultado, é empolgante ver algumas dessas releituras, ainda mais com os atores originais das prequelas. Ewan McGregor reprisa seu papel como Kenobi, agora muito mais abatido, desacreditado e cansado, até adotando alguns traços mais extremos de Alec Guinness em Uma Nova Esperança.
A série também conta com o retorno de Hayden Christensen no papel de Darth Vader, emprestando seu corpo para o personagem. Além disso, há alguns novos atores que se destacam, como Moses Ingram no papel da Terceira Irmã Inquisidora, Reva. E, é claro, Vivien Lyra Blair como a pequena Leia Organa, sendo provavelmente um dos papéis mais interessantes da série.
Qualidades

A trilha sonora, a direção de arte e, principalmente, o jeito que a obra interliga as prequelas, a trilogia clássica, e até as animações é muito refrescante.
Finalmente temos a oportunidade de ver os Inquisidores em live-action, principalmente o Grande Inquisidor, vilão principal da primeira temporada de Rebels. A trama enfatiza bastante a atmosfera da caça aos Jedi, das consequências do purgo e de como a filosofia dos Inquisidores é fruto do próprio ódio de Vader e de seu objetivo de achar Obi-Wan.
Voltando à trilha sonora, dessa vez o próprio John Williams é responsável pela mesma. Ele cria uma identidade única para a série, juntando elementos das prequelas e da trilogia clássica, um dos melhores elementos da série. Bem como o arco de alguns personagens, principalmente o de Leia, é muito interessante e proporciona uma visão mais clínica e pessoal da personagem.
Jovem, rebelde e sonhadora, Leia ainda não tem certeza se é uma Organa de verdade, e sua jornada ao lado de Obi-Wan a faz entender um pouco mais sobre si mesma. Assim, a história constrói e desenvolve totalmente a heroína que vemos em Uma Nova Esperança.
A trama trabalha o ciclo de abuso, de ódio, de vingança e redenção de forma promissora. Durante os primeiros episódios, temos lampejos e relances da grande história que a obra pode contar. Porém, infelizmente, é aí que os problemas começam a transparecer.
Problemas

Obi-Wan Kenobi acaba por renunciar muito de seu potencial emocional, narrativo e metódico para se entregar à fórmula da Disney. Primeiro, é evidente que esta é uma série limitada por seus elementos comerciais. Nunca nos é entregue um arco de personagem que seja verdadeiramente creditável, orgânico e coeso para o próprio protagonista. Muito menos para a vilã, Reva, ou Vader.
Ainda mais considerando o número absurdamente pequeno de episódios — apenas seis —, que limitam e encolhem toda a carga da evolução desses personagens. Como resultado, temos uma história que parece apressada, acelerada, entregando um desfecho errôneo.
Entretanto, a série não é completamente ruim. O roteiro sabe mexer com os fãs, principalmente das prequelas, amolecer seus corações com flashbacks, momentos bonitos e até emocionantes. Ainda assim, isso não é o suficiente para disfarçar seus vários erros.
Erros esses que se estendem, inclusive, na direção da série, com algumas cenas de ação sendo simplesmente medíocres e mal balanceadas. Em certos momentos, mortes de personagens ou momentos dramáticos se tornam apenas bregas pela forma que a direção, a trilha sonora e a história não se interligam totalmente.
O esperado reencontro de Obi-Wan com Darth Vader é um dos momentos mais interessantes de toda a história, apesar de o vilão ser discreto em suas aparições, deixando os Inquisidores fazerem seu trabalho sujo por muitas das vezes. Sua presença em tela é incrível; é preciso elogiar o figurino por conseguir recriar um Vader tão brutal, agressivo e que entrega uma ótima atuação de corpo e voz. O confronto final entre Kenobi e Vader é um dos mais emocionalmente carregados de toda a franquia, um dos pontos altos do enredo.
Veredito
No fim das contas, Obi-Wan Kenobi é uma minissérie que promete muito, entrega metade e termina em nada. Acredite, há muito para ser apreciado aqui, além de deixar o espaço entre A Vingança dos Sith e Uma Nova Esperança mais claro. Todavia, esta é uma daquelas histórias que responde às perguntas que ninguém fez e julgávamos necessárias.
Talvez a Disney devesse aprender a aceitar que seu formato para séries de Star Wars está ficando cansado, e nós, como fãs, merecemos mais de um produto da saga. Não é só porque uma série se considera continuação das prequelas que, automaticamente, devemos nos ajoelhar perante a mesma, ou ficaremos tão cegos como os Jedi que deixaram Palpatine manipulá-los por anos.
Logo, Obi-Wan Kenobi é uma minissérie decente, mas beirando a mediocridade causada por seus próprios erros, que poderiam ter sido facilmente evitados se a trama fosse mais autônoma.
Excelente crítica! Você pontuou as qualidades e os defeitos de modo que passou pela minha cabeça a seguinte ideia: essa história toda condensada, com um roteiro e direção melhores, dava um bom filme de duas horas, hein? Eu gostei da série, não achei de todo o mal e nem de todas as maravilhas, mas devo admitir, todas as cenas com o Vader me arrepiaram!
Excelente crítica, essa frase resumiu a minha triste experiência com essa série “Obi-Wan Kenobi é uma minissérie que promete muito, entrega metade e termina em nada.” Concordei com você em quase tudo, tirando o fato da trilha sonora original da série, pois essa eu achei muito fraca.