Dirigido por Maurício Eça, O Menino que Matou Meus Pais chegou ao Prime Video na última sexta-feira (24), lançado em simultâneo com A Menina que Matou os Pais. Ambos narram diferentes pontos de vista da mesma história.
Os filmes contam a história do Caso Richthofen, que chocou o Brasil em 2002, onde a tragédia premeditada tirou as vidas de Manfred e Marísia von Richthofen. Após uma série de investigações, a Justiça condenou à prisão Suzane von Richthofen, seu namorado Daniel Cravinhos e seu irmão Cristian Cravinhos. Mas, como foi que isso aconteceu?
Nessa versão, o caso é revisitado sob o ponto de vista de Suzane, que revela seus motivos para participar do assassinato, alegando a todo momento a influência de Daniel.
A perspectiva de Suzane von Richthofen

Como essa é a perspectiva daquela que abriu a porta da casa, o assunto se torna mais delicado do que já é. Além disso, muitos especialistas a definem como narcisista, egocêntrica, com agressividade camuflada e comportamento infantilizado; isso é mostrado no livro Suzane: Assassina e Manipuladora.
Aqui, temos uma Suzane menos feroz do que em A Menina que Matou os Pais. Ela usa seu depoimento para relatar que sofreu sendo influenciada a fazer coisas que não queria.
E talvez por isso, o grande destaque do filme seja a atuação de Leonardo Bittencourt. Essa perspectiva apresenta um Daniel mais violento, manipulador e nada agradável; a interpretação realmente passa um ar desprezível e é impressionante como ela muda de um filme para o outro.
O mesmo vale para Carla Diaz, ela consegue se adaptar bem ao que o roteiro demanda, embora esteja melhor no outro filme. Ela transmite repulsa ao telespectador, visto que a farsa de muitos momentos é nítida. Essa Suzane é mais ingênua, maleável e inocente — pelo menos é o que ela quer que acreditemos.
O desenrolar de sua história

As duas versões possuem lacunas que acabam se completando, é impossível falar de um sem falar do outro. O que mais impressiona é como duas diferentes percepções de uma mesma história podem mudar ela totalmente, os detalhes dessa versão a deixam com um ar duvidoso. Ao mesmo tempo, pequenos fragmentos parecem ser verdade.
Outras coisas poderiam ser mostradas para uma experiência mais completa e o impacto poderia ser de outro tipo. O texto é pesado em alguns momentos. No entanto, o filme aparenta ser mais arrastado e não consegue criar tanto desconforto como o outro. Contudo, a sequência final é melhor e bem filmada.
Fato interessante: o filme conta com parte do roteiro da criminóloga Ilana Casoy, que se dedica a estudar perfis psicológicos de criminosos. No livro Casos de Família: Arquivos Richthofen e Arquivos Nardoni, ela dá um acompanhamento detalhado do Caso Richthofen , mostrando o comportamento de Suzane e dos irmãos Cravinhos, com todas as suas contradições. Então, a pesquisa feita e posta na história é precisa. É a realidade que relata ficções.
Portanto, O Menino que Matou Meus Pais é inferior a outra versão, mas, tem alguns méritos e está longe de ser desinteressante.
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