Um dos maiores gêneros da literatura, a fantasia tem ganhado cada vez mais espaço nas estantes dos leitores ávidos por histórias de dragões, elfos, personagens com super poderes, magos, fadas, duendes, anjos e demônios e até mesmo, vampiros. A origem do gênero fantástico é controversa, sendo que alguns a atribuem à Tolkien, o mestre da alta fantasia e criador de obras celebres como O Senhor dos Anéis, O Hobbit, e O Silmarillion. Já outros, a outorgam às novelas de cavalaria Arthurianas, ou às cantigas medievais criadas pelos bardos, ou até mesmo à mitologia Nórdica, presente principalmente no Edda em prosa, e que claramente inspirou até mesmo, o professor Tolkien.
Entretanto, mesmo que seus antecedentes sejam confusos de alguma forma, o fato é que a fantasia tem crescido cada vez mais e ganhado muitos adeptos. O número de livros que abarcam de alguma forma algum elemento do gênero, tem crescido e ganhado mais e mais leitores em vários cantos do mundo. Confira agora alguns livros que te farão embarcar em viagens inesquecíveis, fugindo um pouco do convencional eixo Tolkien, George R. R. Martin e J.K. Rowling.
Trilogia Mar Despedaçado
A trilogia Mar Despedaçado é composta pelos livros Meio Rei, Meio Mundo e Meia Guerra. Escrita pelo britânico Joe Arbecrombie, a história nos apresenta a Yarvi. Filho do rei Uthrik, o garoto nasceu com a mão aleijada e por isso foi considerado incapaz de brandir uma espada e ascender ao trono. Decidido a estudar para se tornar ministro e deixar o reinado apenas ao seu irmão mais velho, Yarvi vê seu mundo cair depois que ambos, pai e irmão são assassinados. Tendo que decidir entre seus estudos e se tornar rei mesmo com a aversão de todos, inclusive da própria mãe, o rapaz passará por situações muito delicadas ao longo dos três livros.
A saga pende por caminhos diferentes de uma trilogia normal, pois o Yarvi será protagonista apenas de Meio Rei, ficando em segundo plano nos livros seguintes. Em Meio Mundo conhecemos Thorn Bathu uma mulher cheia de atitudes que sonha em se tornar uma guerreira poderosa e terá que enfrentar o preconceito de uma era muito machista e que contará com o apoio de Yarvi para isso. Em Meia Guerra, somos apresentados à princesa Skara, que perde todo seu mundo e é obrigada a tomar o lugar de seu avô para resolver questões do reino e da guerra que se aproxima, ao lado de homens duros e calejados de guerra, e tendo como principal aliado, o próprio Yarvi.
Arbecrombie também é autor da trilogia A Primeira Lei e de diversos contos todos muito bem escritos e deliciosos de ler.
Trilogia Mistborn
Brandon Sanderson já é um autor consagrado no mundo da literatura fantástica. Criador de muitas obras que nem foram trazidas ao Brasil, o autor é adorado por suas histórias incrivelmente bem escritas e os universos fantásticos que cria. A trilogia Mistborn é considerada por muitos sua opus magnum, e já vendeu milhares de cópias só no Brasil, sendo que alguns volumes da trilogia encontram-se até mesmo esgotados.
Aqui conhecemos um universo distópico, onde reina um deus terrivelmente cruel conhecido como Senhor Soberano, e onde chovem cinzas diariamente, e reina a desigualdade absurda. De um lado os pobres skaa, escravos da soberania e pobres miseráveis. De outro, os nobres e abastados. Em comum, os dois tem apenas a luta pela sobrevivência num mundo cada vez mais hostil; em divergência, os skaa tem o ódio pelo Senhor Soberano, e os ricos, a idolatria.
Em meio a isso, conhecemos Kelsier, um sobrevivente da prisão mais cruel do Senhor Soberano e portador de poderes alomânticos, ou Nascido Da Bruma, uma magia antiga muito perseguida por inquisidores, e Vin, outra talentosa magista, que se aliará a Kelsier e sua rebelião para derrotar de vez a crueldade do Império e seu criador.
A trilogia possui os volumes O Império Final, O Poço da Ascensão e O Héroi das Eras, além de uma segunda parte conhecida como a Segunda Era de Mistborn.
Sanderson também é autor de Elantris, outro grande sucesso que ainda se encontra a venda.
Medieval: Contos de uma era fantástica
Aqui está um livro talvez bem desconhecido do público geral. Literatura nacional de altíssima qualidade, Medieval: Contos de uma era fantástica foi organizada pela autora Ana Lúcia Merege e por Eduardo Kasse e é recheado de contos muito bem escritos, e um melhor do que o outro. O livro foi vencedor do Prêmio Argos 2017 de Literatura Fantástica como “Melhor coletânea de contos” e o conto de Merege, ainda ganhou o prêmio de “melhor conto”.
Uma viagem à Idade Média, época que traz tanto fascínio para muitas pessoas devido aos seus castelos e vestuários belíssimos, belas donzelas e grandes cavaleiros, o livro vai te levar em uma jornada longa, desde às invasões Vikings, passando por um Portugal medieval, China, Japão Feudal com seus samurais e claro, a Europa como um todo, dominada pelo período conhecido como A Era das Trevas.
Os contos ficam por conta de autores como os já citados Ana Lucia Merege e Eduardo Kasse, além de Karen Alvares, A. Z. Cordenonsi, Melissa de Sá, Roberto de Sousa Causo, Erick Santos Cardoso, Nikelen Witter, e Helena Gomes.
Trilogia Nobres Vigaristas
Escrita pelo norte americano Scott Lynch, a trilogia nobres vigaristas conta com os livros As Mentiras de Locke Lamora, Mares de Sangue, e República de ladrões. É uma fantasia um pouco diferente, sem personagens com super poderes e focada principalmente na alta nobreza e na pobreza extrema do povo da cidade de Camorr e em pessoas normais, que lutam para sobreviver num mundo hostil, cheio de violência, ladrões, assassinos e vigaristas. E é no núcleo dos pequenos ladrões que a história segue seu caminho.
Conhecemos aqui o principal deles, Locke Lamora, conhecido como o Espinho de Camorr, lendário defensor dos pobres. Orfão, o garoto é criado por um idoso que cuida de órfãos no submundo da cidade e os treina para roubar. É nesse antro de crueldade, onde os menores são espancados e torturados pelos mais velhos quando não conseguem roubar, que Locke cresce e se torna o mais habilidoso dos ladrões, ganhando o respeito de seu mestre e um lugar especial ao seu lado.
Após um infortúnio, Lamora se vê tendo que sobreviver sozinho, e aprende que para isso precisará aplicar golpes nos ricos. Fazendo uma imensa fortuna para si e para seus amigos na medida em que vai crescendo, e graças à sua inteligência e língua afiada, Lamora terá de lidar com um grupo misterioso de assassinos que está tentando tomar a cidade, e, lutar para sobreviver sob o fio da espada de um inimigo até então, desconhecido.
A Espada de Shannara
Alta fantasia da primeira à última página e do jeito que os leitores havidos por uma boa história com elfos, magos, fadas e todo tipo de criatura mágica gosta, este é A Espada de Shannara, escrito pelo autor americano, Terry Brooks. Extremamente influenciado por Tolkien, Brooks sempre escreveu histórias de fantasia desde muito jovem. Mas foi com A Espada de Shannara que obteve muito sucesso, sendo que os livros da saga foram adaptados para uma série de TV em 2016.
No livro acompanhamos a história de Shea Ohmsford, um meio elfo que vive recluso com um amigo em uma casa simples no Vale Sombrio, completamente alheio aos seus poderes. Entretanto, notícias de que o Lorde Feiticeiro está de volta planejando destruir de vez o mundo é trazida ao elfo por Allanon, um mago que busca pelo portador da Espada de Shannara, a única arma capaz de destruir de vez o poder das trevas advindo do Feiticeiro, e que só pode ser manejada pelo seu legítimo herdeiro, que Shea descobre ser ele mesmo. E quando começa a ser caçado pelos temíveis Portadores da Caveira, o elfo percebe que precisará de muita força e garra para sobreviver e deter o fim do mundo.
Uma ótima leitura para quem é fã de O Senhor dos Anéis, pois o livro possui fortes elementos da Saga do Anel. É extremamente bem escrito, bem detalhista e uma história bem gostosa de ser lida, com personagens muito cativantes e bem trabalhados. O livro possui final fechado, mas existe uma sequência com uma outra história, já lançada no Brasil chamada de As Espadas Élficas de Shannara, além de um terceiro volume nunca trazido ao país.
O Nome do Vento
Uma das melhores obras de alta fantasia da atualidade, e alvo de polêmicas por seu terceiro volume nunca ter saído, O Nome do Vento nos apresenta elementos muito claros e palpáveis de medievalismo, jornada do herói e claro, muita magia.
Através de suas páginas, conhecemos o enigmático Kvothe, ou Kote, dono da hospedaria Marco do Percurso, que esconde uma história sombria de seu passado. Vivendo tranquilamente com seu aprendiz na hospedaria, Kote tem sua paz perturbada a partir do momento que um cronista chega ao local querendo entrevistá-lo para saber mais sobre seu passado, suspeitando que o homem tem ligação com histórias e lendas que percorrem a região a respeito de um grupo demoníaco denominado de Chandriano. E assim sendo, a história de Kote é revelada desde sua infância onde vivia numa trupe de circo com os pais, adolescência, idade em que ingressa numa Universidade para aprender magia, e vida adulta. Passamos a conhecer as muitas personalidades do protagonista, de grande mago e “Aquele que não sangra” a trovador e um músico excepcional.
Fascinante, O Nome do Vento é uma viagem fantástica e uma leitura deliciosa e é precedido por O Temor do Sábio, segundo volume da saga.