Depois de dois anos sendo adiado, Marighella foi finalmente lançado no Brasil. O longa, se tornou o filme nacional mais visto desde o começo da pandemia e está gerando muita discussão, afinal, uma figura controvérsia está sendo retratada. O filme também se destaca por ser a primeira direção de Wagner Moura. Mas será que realmente funcionou?
No filme, Marighella (Seu Jorge) é considerado o inimigo número um do Brasil e tenta articular uma resistência em oposição à ditadura militar, que causava torturas e uma infame censura. Em um confronto radical, ele luta por um povo cujo apoio é incerto e tenta manter a promessa de se reunir com seu filho, de quem ele se afastou para realizar seus objetivos.
O desenvolvimento de Marighella
O que pode-se dizer de Marighella é que o filme possui um tremendo magnetismo. Em momento algum ficamos entediados, pois, tudo acontece freneticamente e um senso de urgência é estabelecido a todo momento.
A direção de Wagner Moura traz um ritmo alucinante para a história. A maneira com que a câmera se move traz vida para aquilo que estamos vendo, ajudando na imersão das cenas. Como, por exemplo, a primeira cena do filme, que já inicia em um belíssimo plano sequência; enquanto acompanhamos um assalto e estamos o tempo todo nos perguntando como aquilo foi feito.
Muito do que vemos no filme demonstra a dedicação dos envolvidos. A fotografia traz uma boa identidade, a ambientação está ótima e conseguimos notar o valor de produção. Além das sequências extremamente chocantes, onde a violência se mostra assustadora, justamente por ser mais próxima de nós.
Mesmo que o filme tenha momentos arrepiantes e nos cause desconforto, talvez ele pudesse ter encerrado um pouco antes. Algumas coisas ao fim parecem se estender mais do que deveriam, de qualquer forma, é interessante ressaltar como a montagem de Lucas Gonzaga estabelece um bom fluxo para o filme.
Os retratos do filme
É interessante como o filme não está retratando apenas um lado da moeda. Existe uma mostra de motivações e momentos para entendermos o motivo de tudo estar acontecendo, porém, não há uma romantização. Assim, muito daquilo, nos é mostrado e deixado para discutirmos depois. Tudo de mais radical que ocorreu se mostra presente, assim, os retratos se tornam mais complexos do que muitos imaginam.
Das muitas coisas que o filme mostra, conseguimos ter diferentes sensações. Nos afeiçoamos, sentimos desprezo, questionamos e temos uma visão ampla de tudo que está acontecendo.
Seu Jorge nos entrega uma atuação de alto nível, transmitindo toda a construção do personagem apenas com o olhar, entregando cargas dramáticas com veracidade. Nesse sentido, destacam-se também as atuações de: Bruno Gagliasso, Humberto Carrão, Bella Camero, Matheus Araujo e Herson Capri.
Portanto, Marighella se torna um filme necessário. Necessário para debate, para termos uma visão da época e fazer com que os mesmos erros não se repitam. É um filme que causa incômodo, traz momentos memoráveis e não trata tudo com flores. Pode ter certeza que já é um dos grandes filmes do nosso cinema!