Filmes biográficos sobre bandas e artistas já são algo conhecido ao gosto do público, como Rocketman ou Bohemian Rhaspody, ambos sendo filmes bem distintos um do outro, e tendo seus próprios estilos de contar a história daqueles em que se baseiam. Não era de se admirar que em algum momento o mesmo fosse ser feito com algum Beatle. Acompanhe nossa crítica de O Garoto de Liverpool, filme sobre a juventude e começo de carreira de John Lennon.
No fim dos anos 50 o Rock americano estava cruzando o oceano, chegando a Europa e atingindo garotos e adolescentes de muitos países, talvez o que mais abraçou este estilo musical foi a Inglaterra. Muitos estudantes e colegiais se viram de uma hora para outra, se vestindo com jaquetas pretas e usando cortes de cabelo como os de Elvis Presley o eterno rei do Rock. É nesse cenário que artistas como John Lennon surgiram. Dirigido por Sam Taylor, e lançado como um drama musical O Garoto de Liverpool é uma representação interessante dos primeiros anos de Lennon, mas não é perfeito e não necessariamente vai agradar os fãs mais ácidos da banda.
John Lennon é um adolescente rebelde que vive com sua tia Mimi Smith e com seu marido George, os dois cuidaram de John que nunca realmente conheceu a sua mãe, Julia Lennon, direito e mal sabe sobre ela. Quando George morre, John vê sua mãe no enterro e vai atrás dela, a partir dai ele começa a ser encorajado pela mesma a tocar instrumentos e a se aprofundar cada vez mais no Rock. Isso, porém, causa discórdias na já complicada relação de John com sua tia Mimi, ao mesmo tempo que ele começa sua própria banda e conhece aqueles que viriam a ser seus companheiros musicais e grandes artistas, tais como Paul McCartney e George Harrison. O filme é uma viagem agradável pela mente de John, esse que viria a se tornar o Beatle mais polêmico da banda, já que diversas vezes ele provocava a mídia e apoiou movimentos anti-guerra e o movimento hippie nos anos 70. O Garoto de Liverpool explora muito bem essa personalidade de John, não a dissecando, mas sim tentando entender e como a relação com as suas duas figuras maternas moldaram a sua psique de artista.
A direção e o corte das cenas é algo impressionante, muitas vezes o filme tem formas criativas para troca de cenas e introdução de narrativas, invés de ser um corte brusco, alguma fala é introduzida numa transição ou alguma música deixando assim a experiência interessante e diversificada. Falando em música a trilha sonora do filme não tinha como ser ruim, tendo Rock, Blues, Folk, mas o Rock sendo mais predominante obviamente. A relação de John Lennon com Paul McCartney aqui também é representada, de forma simples, mas ainda representada. Paul na maioria das vezes era um artista elegante e calmo, seguindo o costume de cantores clássicos, tal comportamento o fez várias vezes entrar em conflito com John, que era agressivo e agia como um lunático nos shows. Apesar da rivalidade, ambos se identificavam de muitas formas, tinham sincronia na hora de compor e cantar, e aqui isso é sutilmente sugerido. A maioria dos atores está bem colocada. Aaron Taylor é um bom John Lennon e consegue captar a imagem do artista, ele não força sua voz, mas ainda assim fica impressionante nas cenas de canto.
Mesmo com tudo isso, a história é radicalmente dramatizada afinal isso é um filme, então muitos elementos são mal colocados para darem ênfase a história sendo contada ali. Para muitos isso é um grande pecado que o filme comete. Muitos fãs odeiam O Garoto de Liverpool por não ser totalmente fiel ou por ser apressado, mas o foco do filme não é esse! É um filme sobre um garoto sem rumo, um garoto que se sente solitário e vê um novo mundo sendo construído a sua volta, ele tem um passado difícil com sua mãe e com seu pai e tal mensagem pode ser atemporal. Pode ser entendida e absorvida por muitos garotos de muitas idades, se você assistir o filme com essa visão e não como um fã em busca de boas representações das histórias dos anos iniciais da banda, você terá uma boa experiência, do contrário não é para você.
O Garoto de Liverpool é um bom filme, ele pode agradar e introduzir novas pessoas ao mundo dos Beatles, mas também pode ser um passatempo divertido para os fãs que procuram uma representação agradável de sua banda preferida, porém não agradou e não vai agradar todo mundo.
O Garoto de Liverpool pode ser assistido no Prime Video