Dirigido por Philippe Le Guay, o mais novo filme francês Um Intruso no Porão já chegou aos cinemas brasileiros. O longa, inclusive, participou do Festival Brasileiro Varilux de Cinema Francês, em 2021.
No filme, Simon (Jérémie Renier) e Hélène (Bérénice Bejo) vendem um depósito no porão do prédio onde moram a um homem chamado Jacques (François Cluzet). Eventualmente, acabam descobrindo que este homem é de natureza odiosa, manipuladora e antissemita. Assim, eles precisam anular o negócio quanto antes.
Um Intruso no Porão como ferramenta atual

A história parte de uma premissa nada comum, então, ficamos certamente intrigados em como ela será desenvolvida e solucionada. O roteiro sabe como implantar situações que têm efeito no futuro, mas, as colocando em diálogos mundanos; o que é bem interessante em sua forma.
Quando temos o ponto-chave para essa história ser o que é, ficamos surpresos, afinal, isso conversa muito com a nossa sociedade atual. Dessa forma, pessoas como o Jacques existem aos montes, acreditando e defendendo coisas indefensáveis.
O filme retrata essa figura de maneira crível. Mostrando como pode ser manipuladora e fazer com que as pessoas acreditem em suas distorções ignorantes e odiosas; mas, ao fim do dia, chega em seu porão e dissemina ódio na internet. E, mesmo o filme deixando claro que essa é a natureza do personagem, a história tende a ficar do lado dele e nunca o pune de fato.
Nesse sentido, o filme apresenta algumas subtramas que nunca voltam ou são solidamente desenvolvidas. O próprio final passa a sensação de que poderia ter sido resolvido de uma maneira melhor e mais empolgante; mas, simplesmente, acaba e o efeito bomba-relógio não explode, como estava prometendo.
As emoções compartilhadas com o público

O filme trabalha com seus personagens e suas vivências. E, em muitas delas, conseguimos compreender as atitudes, como, por exemplo: como agir normalmente com um negacionista morando sob seu teto? Assim, entendemos a raiva da família e nos relacionamos com a sua briga, ainda mais com a informação que temos dela.
Uma atmosfera de tensão se mostra em determinados momentos que estamos no porão; é uma pena que o filme se aprofunde pouco nisso. De certo modo, chega a ser frustrante ver como as coisas sempre dão errado para os personagens principais. Ao fim da experiência, o conceito da história soa mais interessante do que a execução da própria.
O filme acaba sendo bem pontual. Ele tem seus fatores interessantes, enquanto outros, ficam em uma base superficial. Até existe vínculo com os personagens, porém, nunca temos nada realmente catártico que nos faça pensar ”valeu a pena esperar até aqui’.
Portanto, Um Intruso no Porão certamente irá te interessar com sua proposta. Você pensará o tempo todo em como essa família irá resolver o problema. Além disso, mesmo que o desenvolvimento tenha incongruências, a experiência irá mexer com você de alguma forma, seja positiva ou negativamente.