A nova série da Prime Video, baseada na franquia de sucesso da Bethesda, triunfa ao utilizar a tragédia da humanidade como entretenimento.
A adaptação das grandes franquias dos videogames está, mais do que nunca, em seu auge. Com grandes produções como The Last Of Us da HBO, era apenas uma questão de tempo até que os outros serviços de streaming buscassem uma franquia para chamar de sua. Eis que surge, discretamente até os últimos meses antes de seu lançamento, a nova série da Prime Video: Fallout. A sequência de jogos da Bethesda encontrou sua casa no serviço da Amazon, com Jonathan Nolan assinando como diretor e produtor executivo. Com uma aventura composta por 10 episódios que exploram o caos de um Estados Unidos apocalíptico e polarizado, é evidente que os games serão a nova mina de ouro de Hollywood.
Um start no mundo que não conhecemos
Durante os episódios, acompanhamos Lucy, uma jovem ingênua que reside em um dos refúgios da Vault-Tec, explorando o novo mundo radioativo em busca de salvar seu pai. Em um corte abrupto nos primeiros trinta minutos, somos apresentados a Maximus, membro da Irmandade do Aço, um grupo militar extremista onde Max busca provar seu valor e tornar-se um herói entre os Ermos. Por último, mas não menos importante, temos o Ghoul, um pistoleiro necrótico que não tem piedade e possui um passado misterioso. Todos os enredos, incluindo aqueles não mostrados, convergem para um homem, ou como a própria série se refere, um Artefato.
A premissa, e até mesmo o termo utilizado, lembra a narrativa dos jogos da franquia. Fallout, em seus jogos, sempre teve como proposta inicial uma narrativa simples, aspecto que a série naturalmente incorporou. Contudo, não podemos esquecer do ambiente em que esses personagens, protagonistas ou não, estão inseridos. Vemos uma Los Angeles completamente devastada pela guerra nuclear, onde a morte está à espreita a cada passo dado. Se não é pela mão dos saqueadores ou canibais, pode-se morrer ao ingerir algo com alta radioatividade.
Considerando uma atmosfera onde é necessário entender muitas coisas para compreender para onde a série está se direcionando, o roteiro acerta em cheio na melhor solução. Apesar de um ritmo um pouco acelerado e de exposição excessiva, o primeiro episódio cumpre seu papel. Ele nos apresenta a insanidade de viver nos Ermos e nos coloca para acompanhar a jornada de três personagens distintos, apresentando o que cada um deles conhece.
Existe a missão principal?
Após conhecer um pouco sobre cada um dos personagens nos dois primeiros episódios, a história começa a adquirir a dinâmica dos jogos. Fallout alcança seu sucesso por ser um RPG de mundo aberto, o que significa que somos desafiados a explorar as peculiaridades desse mundo e a criar nossa própria narrativa. O enredo, embora tenha sua narrativa predefinida, dependia crucialmente da ocorrência do sentimento de imprevisibilidade para que a série funcionasse. Talvez esse seja o maior acerto da produção.
Como transmitir uma história que se assemelhe a outra mídia? Bem, em todos os aspectos, Fallout alcança o melhor equilíbrio entre todas as adaptações recentes. Enquanto The Last Of Us foca em sua narrativa e Super Mario Bros. O Filme se concentra na jogabilidade, Fallout se mantém numa linha tênue entre essas duas características sem perder o interesse. Mesmo com a crescente intensidade e a progressiva complicação dos acontecimentos, o humor ácido e as questões sociais presentes no jogo não são deixadas de lado.
A tragédia da humanidade como diversão
Apesar de a série utilizar o humor ácido e a nostalgia como recursos narrativos, a essência da franquia reside em sua alegoria trágica ao capitalismo e ao consumo desenfreado. Nos jogos, observamos uma guerra por recursos como o petróleo, empresas privadas buscando dominar o mundo, enquanto a população adquire os famosos “Vaults” extremamente caros, muitos dos quais permanecerão sem uso.
Por fim, compreendemos, como espectadores, qual é a verdadeira essência da série. O desastre da humanidade, apresentado como entretenimento, está mais evidente do que nunca. Assim como outras excelentes produções do gênero, Fallout aborda como a humanidade está se autodestruindo e utiliza isso como fonte de diversão. Embora tudo seja apresentado de forma exagerada e lúdica, os motivos que levaram o mundo a esse estado não fogem muito das teorias mais aceitas que conhecemos. A diferença de Fallout em relação a outras produções atuais é que não tem receio de exagerar não só para criticar, mas também para entreter.
A Avaliação
Fallout (1ª Temporada)
Assim como outras excelentes produções do gênero, 'Fallout' aborda como a humanidade está se autodestruindo e utiliza isso como fonte de diversão.
Detalhes da avaliação;
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Nota