Stealth é um gênero de games bastante popular nos últimos anos. Desde Metal Gear Solid no Playstation, o gênero tem se espalhado por vários estilos diferentes de obras no mundo dos jogos. Em 2000, tivemos uma das reimaginações mais originais e únicas com Hitman: Codename 47, acompanhando as missões furtivas do assassino careca de terno mais popular da Cultura Pop, o Agente 47.
O que poucos gostam de lembrar, é que essa saga tão amada começou aos tropeços. Codename 47 parece mais um eco distante dos sistemas que seriam refinados em seus sucessores. Mas, isso faz dele um jogo bom ou ruim?
Enredo
Hitman, em tradução livre, significa algo como “matador de aluguel”, e a história do jogo gira em torno do matador perfeito. Agente 47 é o nome dado para o clone geneticamente modificado para ser a arma de matar perfeita. Inicialmente guiado por seu “pai”, o cientista Ort-Meyer, o clone escapa de seu laboratório após um breve treinamento.
Em seguida, um ano se passa, e o clone, agora apelidado de Agente 47, se prepara para uma missão em Tokyo. 47 trabalha para uma empresa secreta de assassinatos para pessoas ricas, chamada apenas de “A Agência”. Contudo, 47 não trabalha sozinho, ele é guiado pela sua parceira Diana, que lhe dá informações sobre seus alvos.
A princípio, 47 deve apenas assassinar um membro de uma das tríades mais poderosas de Tokyo. Porém, esse pequeno “arco” se estende por mais algumas missões, com o agente assassinando alvos de duas tríades diferentes, causando uma guerra entre ambas.
Por fim, seu status aumenta na agência, e ele passa a viajar pelo mundo assassinando alvos distintos, passando pela Colômbia, Budapeste, Holanda, entre outros países.
A história não é exatamente a mais original de todas, na verdade, ela pega inspiração de vários filmes americanos e asiáticos de décadas passadas, tais como; Scarface, O Poderoso Chefão, Fervura Máxima, etc. Ainda assim, há uma clara carga emocional e filosófica sobre existencialismo, poder e morte.
Hitman, muitas das vezes, nos coloca para assassinar alvos corruptos e poderosos. Sejam chefões do crime, políticos, figuras militares e pessoas muito ricas.
Portanto, é admirável o quanto a história consegue retratar essa sujeira do submundo que compõe camadas diferentes da nossa sociedade. A própria Agência é um tanto corrupta, e molda eventos do mundo contemporâneo através do assassinato de seus alvos.
Mecânicas
Primordialmente, o stealth do jogo se baseia no jogador infiltrar-se numa área, passando por inimigos ou evitando-os, e assassinando seu alvo. A liberdade é vasta, muita das vezes por conta do tamanho do mapa. Há muitos caminhos, entradas e modos de eliminar sua vítima. Seja fazendo parecer um acidente, ou assumindo um dos muitos disfarces dos inimigos.
Todavia, o mesmo não pode ser dito para muitos dos níveis de Codename 47.
Muitos alvos só possuem um modo de serem assassinados, contudo, atirar em todo mundo e causar o caos também é uma alternativa válida. Hitman: Codename 47 inicialmente seria um jogo de tiro em terceira pessoa, mas isso foi mudado no meio do desenvolvimento.
Infelizmente, esses elementos ainda são sentidos no DNA do jogo, portanto, você vai se ver, muitas das vezes, contemplando um genocídio em massa nos mapas.
Você pode se agachar, andar lentamente, correr, esticar o corpo para os lados e usar escadas e portas. Antes de cada nível começar, podemos usar um menu estilizado para selecionar nosso equipamento. Esses equipamentos variam desde armas, siringas com sedativos e venenos, até, claro, a clássica corda de piano.
Porém, é lamentável o quanto alguns desses equipamentos são essencialmente quebrados. A corda de piano é quase “não usável”, já que os inimigos e civis do jogo andam mais rápido que o 47 quando ele se agacha, sendo impossível executar qualquer um furtivamente.
Gráficos e sons
Quanto aos gráficos, estamos falando de um jogo de vinte dois anos atrás, então, é um tanto injusto comparar com qualquer coisa de hoje em dia.
Porém, há pontos positivos e impressionantes para a época em que ele saiu, como as reflexões dos espelhos. Além disso, o motor gráfico cria algumas coisas hilárias, como a física das ragdolls. Atirar em um inimigo e fazer ele voar com um headshot nunca ficará velho.
E, embora os gráficos tenham ficado ultrapassados após todos esses anos, há uma identidade criada através de suas características. A neblina distante renderizando o mapa, as texturas em baixa resolução, os modelos dos pedestres e guardas.
Tudo isso ajuda Codename 47 a criar um ambiente bastante hostil e único para o jogador, fazendo-o realmente se sentir como um intruso que precisa fazer parte da morbidez ao seu redor.
Apesar disso, nada é perfeito. Muitos dos mapas do jogo são excruciantes de tão largos, e, em simultâneo, tão vazios. O problema fica gritante nas fases em Roterdão e na Colômbia. Sendo que o jogo o obriga a limpar áreas inteiras de inimigos, deixando clara as intenções antigas de seu desenvolvimento. O jogo também é lotado de bugs, que fazem o jogador ter seus disfarces e esquemas descobertos pelos guardas sem razão aparente.
Por sorte, as vozes e as atuações dos personagens são expecionais, mesmo que as dos guardas sejam canastronas. Além disso, a trilha sonora, composta por Jesper Kid, é uma das coisas mais memoráveis da obra, alimentando esse cenário hostil dos níveis. Ela fica ainda melhor com o passar dos anos.
Veredito
Hitman: Codename 47 é cheio de problemas, e apesar de suas ótimas intenções e ideias, não é um jogo que envelheceu muito bem. Mesmo tendo uma história decente e uma trilha sonora interessante, o jogo é quase que um espelho para as mecânicas da saga melhoradas em seus sucessores.
Não há muitas razões para jogá-lo a não ser curiosidade ou nostalgia. Os títulos que vieram depois são, simplesmente, jogos melhores.
Você pode adquirir todos os jogos da saga Hitman na Steam.