Produzido, roteirizado e dirigido por Jordan Peele, Não! Não Olhe! chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (25).
Peele é um dos grandes nomes do terror/suspense dos últimos anos, afinal, o roteiro de um de seus dois filmes dirigidos, até então, foi considerado um dos melhores do nosso século. Dessa forma, a expectativa para esse terceiro longa do cineasta era imensa, ainda mais pelos trailers instigantes. Mas será que o resultado é satisfatório?
No filme, uma cidade no interior da Califórnia começa a ter eventos bizarros e, ao que parece, extraterrestres. Os irmãos OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer) possuem um rancho de cavalos e são vizinhos de um parque de diversões, sendo as principais testemunhas desses acontecimentos sinistros.
Não! Não Olhe! conceitualmente

Quando adentramos nessa premissa, ela tende a parecer simples e nas mãos de um diretor fraco, poderia ter um resultado medíocre para pior. Mas Peele sabe como construir cada momento que o roteiro pede, estabelecendo todas as regras com cuidado e gradativamente deixando o perigo mais presente.
A ameaça, num primeiro momento, soa muito literal e é até interessante vermos como os personagens lidam com isso, principalmente nas teorias. Contudo, vale dizer que: apesar de a revelação ser extremamente original e convincente, ela é jogada de maneira muito abrupta, a fim de movimentar a história para seu terceiro ato. Essa conclusão sobre a verdade da figura antagônica poderia ser melhor posta, mesmo que dê para assimilar.
Ainda assim, é impressionante como diversas cenas nos chamam para olhar o céu, dada aquela espécie de vulto que ali passa rapidamente. Conforme aquilo se aproxima, sentimos a urgência e o medo necessários para compreendermos a magnitude dessa “coisa”. Os personagens precisam correr, eles precisam achar logo uma solução e entender as fraquezas desse inimigo, mas como farão isso?
Nesse sentido, o roteiro é redondo. As coisas mais banais e mundanas que aparecem durante a história, terão alguma utilidade de extrema importância num certo grau desse embate. Assim, é incrível a forma com que a criatividade de Peele exala na tela, trazendo momentos de tirar o fôlego e os aplicando de modo condizente. Embora alguns momentos sejam previsíveis, eles são supridos por outros inesperados e inteligentes.
Um filme assustador?

Se você procura um filme genuinamente assustador, com inúmeras cenas graficamente grotescas, talvez esse não seja um filme para você. Ele funciona muito mais como um mistério, aplicando o terror pontualmente; novamente, com mais foco no ”disco maligno” e sua presença ao redor das cenas, com as nuvens e as luzes apagando.
Mas deve-se apontar que o filme abre com o final de uma cena bastante assustadora, da qual ainda não entendemos o contexto. E quando voltamos para esse momento, temos uma das cenas mais angustiantes e tensas dos últimos anos, envolvendo um macaco. Peele proporciona um momento brutal, dado o ponto de vista e por não mostrá-lo por inteiro.
O que nos faz pensar: qual é a necessidade disso para a história? Peele diz abertamente sobre a necessidade de um espetáculo no filme. E quanto mais a história passa, mais vemos essa temática sendo colocada, são os momentos em que as pessoas esperam ser deslumbrantes e, na verdade, acabam da maneira mais horrível possível.
Então, o filme cria o tempo todo essa atmosfera ruim, em que só podemos pensar no pior. Essa ideia por si só é aterrorizante. Somos manipulados negativamente por uma diferente forma de terror, é como se não houvesse outra saída a não ser o horrendo. Outro grande destaque do filme se chama Keke Palmer, que, com um carisma inigualável, nos conquista desde o primeiro instante e emociona até o último.
Portanto, Não! Não Olhe! é uma grande surpresa de 2022. Jordan Peele, mais uma vez, entrega um filme que será muito lembrado e discutido. Os conceitos e aplicabilidades do filme só ressaltam a criatividade e domínio desse grande cineasta, que só evolui a cada obra e sempre acha uma nova forma de impactar.
Sempre ótimas críticas do Kadu! Sempre que tem um filme que quero assistir, procuro pra ver se já tem tua crítica!!
Eu me encantei tanto por esse filme, que indiquei pra todos que conheci, assisti três vezes no cinema, e sempre me impressionava, não importasse quantas vezes tinha visto. Não sei exatamente o por que gostei tanto, tem cenas tão previsíveis mas tão interessantes, e eu simplesmente amei o “ET”, achei simplesmente fantástico e até ” fofo”, é um filme que não enrola, é direto e suficiente.