Resenha | Disque T Para Titias – Jesse Q. Sutanto

No Brasil existe uma eterna piada em família, na qual as tias sempre perguntam “e o namorado(a)s?” nas reuniões de família; os solteiros fazem geralmente o possível para evitar o encontro.

É nessa perspectiva que Meddy, a protagonista de Disque T Para Titias vive. Suas Tias vivem próximas umas das outras, já que todas vivem sozinhas depois que o marido e os filhos foram embora. Ela, porém, quer algo a mais, só que para isso precisaria abandonar a família.

Um casamento, um defunto e o Ex

Meddy é descente de indonésios, sua família mora na Califórnia e possui uma empresa que realiza casamentos, incluindo, bolo, maquiagem, decoração, animação e fotografia de evento. Mas esses membros são compostos apenas de mulheres, sua mãe e mais três irmãs, e claro, elas se incomodam com o fato de Meddy ainda ser solteira.

Para solucionar esse problema, a mãe cria um perfil para ela num site de relacionamentos e começa a conversar com um pretendente. Meddy só descobre quando sua mãe lhe comunica sobre o encontro com o pretendente. Se vendo em uma posição sem opção, Meddy decide ir.

Um encontro as vésperas do maior casamento gerenciado pela empresa da família? Nada pode dar errado; isso até Meddy causar um acidente de carro, com o seu encontro e ele acabar falecendo. Assim, ela pede auxílio as suas Tias, e juntas vão ter o maior evento de suas vidas. Meddy ainda reencontra o seu ex, por quem ainda é apaixonada, e torna tudo ainda mais emocionante.

O Público é a própria Meddy

A protagonista de Disque T Para Titias é a atrapalhada, sonhadora e batalhadora. Meddy é a personagem que representa bem o leitor, principalmente os (as) solteiros (as) das famílias, e até mesmo aqueles que sentem um pouco de vergonha dos parentes.

Afinal, quem não teve vergonha do pai, mãe, irmão, tio ou tia estragar algum dia importante? Meddy sente isso sempre que está com a mãe e as tias, e justamente por isso nunca apresentou seu namorado para a família. Assim, ela sempre se sentiu que vivia uma vida dupla, em casa era uma pessoa e na faculdade outra.

Nesse sentido, o leitor consegue se ver na história, se divertir e temer junto de Meddy, confirme se desenrola os mais absurdos acontecimentos da história.

Conversando sobre a família

Jesse Sutanto escreve uma história familiar que se conecta com o leitor de diversas formas. A família Chan tem sim alguns aspectos próprios, deixando o livro mais rico, mas, ao mesmo tempo, a história também é uma representação de boa parte das famílias.

Nesse sentido, é eficiente ao mostrar o retrato da dificuldade de uma família estrangeira num ambiente onde nem sempre as pessoas a sua volta são receptivas. E também a dificuldade de comunicação entre gerações, já que a protagonista por crescer nos EUA tem o inglês como língua principal, mas não domina as outras de sua família, e suas tias e mãe não tem muita familiaridade com o inglês.

Consequentemente, esse detalhe familiar deixa a história mais cômica, tornando o desentendimento parte da trama, e melhorando a história. Além, claro, da disputa familiar por cada uma se achar melhor que a outra. A história, por mais absurda, consegue prender a atenção do leitor a cada capítulo.