Publicado no Brasil pela editora Intrínseca, O Labirinto do Fauno adapta o longa-metragem homônimo do premiado diretor Guillermo del Toro. Nesta obra, a escritora Cornelia Funke assume a difícil tarefa de fazer algo incomum: trazer toda a experiência de um filme para as páginas de um livro.
A trama de O Labirinto do Fauno
Em meio ao caos causado pela Espanha fascista na década de 40, conhecemos a jovem Ofélia e sua mãe. Ambas atravessam uma floresta no norte do país em busca de uma nova vida. Contudo, o novo lar é um lugar tomado pela escuridão e guarda histórias há muito esquecidas. Agora, Ofélia precisa viver neste local ao lado do Capitão Vidal, o homem com quem a mãe está prestes a ter um filho, e seus soldados.
Mas a sombria floresta parece abrigar algo extraordinário: criaturas mágicas e segredos prestes a serem revelados. Pois, segundo os sussurros das árvores, a princesa do Reino do Subterrâneo, há muito perdida, anda sobre aquelas terras; uma jovem cujo reino repleto de encantos aguarda ansiosamente o seu retorno.
As diferenças entre o livro e o filme
O Labirinto do Fauno alcança um feito bastante significativo: adapta o filme acrescentando trechos inéditos, aprofundando ainda mais a história original.
No entanto, é preciso deixar claro: Cornelia Funke é a responsável por esse trunfo. A autora se compromete em ser fiel à cada cena dos filmes, mas opta por acrescentar dez contos inéditos ao longo das 320 páginas desta edição, para torná-la mais rica e única.
Cada um dos dez contos nos aprofundam melhor nos principais elementos-chave do filme. Assim, nos vemos imersos na trama graças à habilidade de Cornelia de transcrever cada cena do filme fielmente, além de descobrir detalhes inéditos da trama. Além disso, para complementar a experiência de leitura, o livro ainda conta com diversas ilustrações do artista Allen Williams.
A estética sombria e mágica

Guillermo del Toro se tornou uma das maiores personalidades de Hollywood por conta do seu estilo único de contar histórias e criar atmosferas imersivas. Em O Labirinto do Fauno não isso se mantêm.
Somos tomados pela brutalidade e frieza, presentes em cada canto da jornada de Ofélia durante o conturbado período ditatorial que assolou a Espanha após a Guerra Civil no país.
Ofélia é apenas uma jovem que, ao contrário de todos, continua se esforçando para acreditar que ainda existe uma faísca da magia no mundo, como nas histórias dos livros que lhe fazem companhia.
O quão duro é ter uma vida restrita, tomada por perdas e sob ameça de tragédias maiores? A magia precisa existir, os contos de fadas precisam ser reais como nos livros; e Ofélia não quer desistir disso. E assim a história nos fazer sentir cada momento de medo e aflição vivido pela jovem protagonista.
Vale a pena ler?
O Labirinto do Fauno não surpreende em narrativa, mas impressiona quando o assunto é adaptação. É interessante ver como Conerlia consegue ser fiel à história do filme e, ao mesmo tempo, acrescentar detalhes nunca vistos, enriquecendo ainda mais a história criada por Guillermo del Toro.
Cornelia consegue criar algo capaz de agradar quem está tendo o primeiro contato com a história de Ofélia, mas não só. A obra também se torna um convite para quem deseja revistar a história da jovem princesa e se surpreender com os detalhes que apenas o livro pode proporcionar à história.