Dirigido por Michel Gondry, Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças é um daqueles filmes essenciais para a vida. O longa venceu o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2005 e está disponível no catálogo do HBO Max.
No filme, Joel (Jim Carrey) fica surpreso ao saber que sua namorada, Clementine (Kate Winslet), o apagou completamente de sua memória. Ele decide fazer o mesmo, porém, quando começa a passear por uma série de lembranças, toma outra decisão.
A identidade de Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças
Primeiro, esse filme nos chama a atenção por sua incrível identidade na maneira como conta a história. A não-linearidade é o fator que determina parte da força do roteiro, afinal, muito do que estamos vendo é uma grande memória estendida. E, conforme o roteiro apresenta detalhes sutis, eles acabam tendo efeito em algum momento, por menores que sejam.
Nesse sentido, a montagem trabalha muito bem a forma com que irá intercalar esses acontecimentos. Tudo está em fora de ordem, mas, isso é necessário para funcionar como surpresa para o espectador, como, por exemplo: por quais motivos ambos estão fazendo isso? Como eles se conheceram? Em que período isso se passa? A forma não sequencial de responder isso tudo é o que torna o filme tão instigante.
As cenas na cabeça de Joel são impressionantes. As distorções de realidade, os desfoques, a ausência de luz e os elementos desaparecendo gradualmente possuem uma capacidade de imersão imensa. Realmente parecem sonhos desaparecendo, onde só Joel e o público entendem, é palpável e fantasioso, em simultâneo. Assim, quando há a transição e mistura dessas memórias, naquele contexto faz sentido.
É interessante também vermos como o filme é eficaz em nos transmitir sensações. Logo no início, quando vemos aquela neve e as roupas que os personagens usam, conseguimos sentir frio. Então, o exercício de imersão nesse mundo real é tão grande quanto na mente de Joel, sentimos e compreendemos o que é mostrado. Dá para sentir os objetos gelados, como o banco do trem; assim como a confusão e as mesclas na mente do personagem.
A importância de histórias como essa
A experiência de Brilho Eterno torna-se mais específica quando o espectador já vivenciou um pós-termino de relacionamento. A raiva e exaustão maturadas por Joel e Clementine influenciam a ficção-científica do filme, onde a mensagem se desenvolve perfeitamente. É loucura pensar que, nessa história, a ciência consegue apagar o sentimento mais humano possível.
Quando ouvimos a frase “Que desperdício ficar tanto tempo com uma pessoa para descobrir que ela é uma estranha”, o filme adquire um ar de tristeza. Contudo, a decisão inesperada de Joel durante o experimento, estimula o público a entender que existem memórias que não merecem ser esquecidas. Ele lida com a ideia de que as pessoas se apaixonam por um motivo e isso deve ser mantido, mesmo que não faça mais sentido. E por mais simples que isso seja, muitas pessoas esquecem. Aliás, muitas frases ditas aqui são marcantes.
Dessa forma, quando o experimento se expande para fora do relacionamento, temos outras histórias sendo contadas, influenciando diretamente a movimentação da narrativa. É curioso como as pessoas esquecem, mas, o brilho na mente é eterno e elas acabam lembrando de novo, mesmo que seja do zero. O filme é muito sincero quando fala de relacionamentos e situações que todos estão suscetíveis a passar, a reflexão é inevitável.
Portanto, Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças muda a nossa perspectiva de vida, você sai dessa experiência outra pessoa. As discussões levantadas e a notável criatividade da direção, certamente irão te fascinar. Quando você chegar ao fim e começar a tocar Everybody’s Gotta Learn Sometime, esse se tornará um dos seus filmes favoritos da vida.