Dirigido por Gene Stupnitsky, Que Horas Eu Te Pego chegou recentemente ao catálogo do HBO Max. O projeto foi anunciado em 2021, sendo uma comédia apoiada pela produtora-estrela Jennifer Lawrence e pelo próprio Stupnitsky para um lançamento exclusivo nos cinemas. Então, em 2022, a Sony Pictures adquiriu os direitos do longa e definiu a estreia para junho de 2023.
Tendo faturado 90 milhões em bilheteria, o filme resgata às telonas as comédias adultas classificadas como R-rated (não recomendadas para menores de 16 anos), que certamente tiveram baixa popularidade nos últimos anos. Além de trazer uma veia cômica de Lawrence que pouco havíamos visto em sua carreira.
Mas, afinal, será que o resultado entregue é mais do mesmo ou a experiência surpreende?
No filme, Maddie (Jennifer Lawrence), uma mulher sem muitas perspectivas de vida, acaba perdendo o seu carro por não pagar os impostos. Contudo, ela acha um meio de conseguir outro, encontrando nos anúncios um pedido desesperado de dois pais com seu filho de 19 anos. O anúncio descreve que ela terá de namorar o rapaz, Percy (Andrew Barth Feldman). O intuito é prepará-lo antes que ele saia definitivamente de casa para ir à faculdade. Se o plano der certo, o casal irá dar um carro a ela.
Humor em Que Horas Eu Te Pego?
O rosto por trás (e por frente) do projeto, Jennifer Lawrence, é, realmente, o grande chamariz. Essa atriz tão talentosa se desafiou por muitas vezes na carreira e estrelou filmes que eternizaram sua imagem. Mas ela de fato nunca se aventurou numa comédia desse nível. Dito e feito, Lawrence se mostrou excepcional mais uma vez. Da parcela existente de drama na história, ela entrega bem como esperado, porém, nada supera sua manifestação cômica.
O fato de ela não se levar a sério é o que torna tudo mais divertido. Visto que essa personagem tem diversos aspectos que a ilustram dessa maneira contraditória. Ela é desleixada, tem a boca suja e não se importa em fazer coisas que a difamem, mas, ao mesmo tempo, é sedutora, doce e carrega uma verdade que não quer ser desvendada. Dessa forma, o jeito com que Lawrence trabalha sua comédia física é cativante. Mesmo em uma comédia adulta, ela magnetiza a câmera para si a ponto de ser impossível não esbanjar um sorriso quando está em cena. E justamente por a associarmos tanto ao seu histórico, o absurdo do hilário de algumas cenas que ela se dispõe a fazer impressiona.
É claro que parte desse mérito vem de um roteiro ágil e uma direção que encontra o tom perfeito: o equilíbrio entre o normal e o ridículo. Os personagens estão o tempo todo reagindo ao ambiente em que estão inseridos, o que acaba sendo mostrado muitas vezes por um elemento de fundo ou um plano fechado que faz com que vejamos aquela loucura de perto.
E o mais gostoso disso tudo é como a pontualidade está articulada, visto que o humor não é saturado e serve em momentos-chave. Ou seja, a brevidade encanta pelo deboche e a falta de noção. Até mesmo o constrangedor se torna confortável de se assistir.
Convenções e subversões
Você com certeza já viu inúmeros filmes de romance seguindo as mesmas tradições desse. Nesse sentido, o filme possui todos os aspectos que formam um clichê: o primeiro estágio que aborda o estranhamento entre duas pessoas, o segundo que estabelece um vínculo afetivo entre elas e o terceiro que gera controvérsias e uma eventual reconexão. E aqui é provado que clichês não são necessariamente ruins quando bem feitos. A sua previsibilidade poderia fazer com que o projeto caísse no esquecimento ou seguisse uma linha adolescente.
Contudo, o filme se sobressai por não depender exclusivamente disso. Visto que o humor é acertado e o ”casal” tem um diferente tipo de jornada. Eles estão inseridos numa clássica comédia romântica, mas que logo é subvertida em uma jornada não somente de autoconhecimento, mas de um reconhecimento recíproco. Quanto mais tempo eles passam juntos, mais conhecem o íntimo um do outro, bem como o público que os acompanha. E, ao fim, todas as experiências divertidas, vergonhosas e pessoais amadurecem em uma amizade incrível.
Vale dizer também que Andrew Barth Feldman é a escolha perfeita para esse papel jovial, desengoçado e que tem problemas de amadurecimento. O rapaz, além de muito carismático, contrapõe perfeitamente o papel de Lawrence e, juntos, eles viram a unidade que evidencia todos os outros fatores citados.
Portanto, Que Horas Eu Te Pego? traz uma leveza junto da simplicidade bem feita que pouco vimos nos últimos anos. É um filme que não subestima o seu espectador, mas o envolve de maneira que outros filmes já fizeram e ainda assim consegue estabelecer um diferencial com suas escolhas de gênero e narrativa. Este é o filme perfeito para você desligar o cérebro e assistir, no bom sentido!
A Avaliação
Que Horas Eu Te Pego?
Que Horas Eu Te Pego? é um filme que não subestima o seu espectador, mas o envolve de maneira que outros filmes já fizeram e ainda assim consegue estabelecer um diferencial com suas escolhas de gênero e narrativa.
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