No final de 2020 chegou ao catálogo da Netflix sua mais nova produção: o filme de ficção científica de George Clooney, O Céu da Meia-Noite, que gerou bastante repercussão na internet após sua estreia.
No longa conhecemos o cientista Augustine (Clooney), que possuí uma doença terminal e decide ficar sozinho numa base do Ártico enquanto a humanidade procura por um local seguro, uma vez que o planeta está em risco radioativo. O cientista acompanha o desenvolvimento de explorações em exoplanetas, na esperança que alguma das equipes encaminhadas na missão encontrem algum planeta habitável. No entanto, o protagonista é surpreendido quando se depara com uma criança esquecida na base, ao mesmo tempo, ele descobre que uma das equipes de astronautas traz notícias boas da lua de Júpiter.
Temos um outro núcleo, a tripulação da nave que está a procura de um novo lar para os terráqueos na lua de Júpiter, eles encontram um planeta habitável e em ótimas condições para a vida humana, porém, a comandante Sully (Felicity Jones) se depara com um problema na comunicação com a Terra, pois o planeta está devastado por radiação.
Então a trama corre entre dois núcleos, sendo o primeiro envolvendo o Augustine e a criança na base da Antártida, onde os dois criam um laço peculiar, ao mesmo tempo que o cientista tenta contato com a nave e, o segundo, envolvendo os astronautas que enfrentam contratempos na viagem de volta para casa. No primeiro, Clooney (diretor, produtor e protagonista) acerta em cheio no clima solitário e na dramaticidade do seu personagem com a criança, mas no segundo, peca ao tentar colocar ação para dar fôlego ao filme.
Esse “fôlego” aparentemente é necessário para manter a trama viva, uma vez que o roteiro usa de muitos flashbacks durante o núcleo de Augustine, o que diminui o ritmo do filme fazendo com que as vezes torne-se um pouco cansativo. Porém, a ação é descabida e não flui como deveria, sendo um dos pontos negativos do filme.
Pontos negativos que não param por aí. A trama apresenta um mundo em uma distopia, mas em momento algum explica a origem do clima catastrófico em que a Terra se encontra ou, ao menos, explica o que de fato está acontecendo, ainda trazendo diálogos com dúvidas que não são respondidas. Além disso, os inúmeros flashbacks que servem como base para explicar o final do filme, são cansativos e diminuem o ritmo do longa. E os incontáveis clichês que o roteiro apresenta, fazem do filme uma ficção cientifica sem muitas coisas a acrescentar, uma vez que muitas outras histórias já abordaram as questões abordadas no filme.
No entanto há também alguns acertos. A fotografia do filme é de tirar o fôlego, o trabalho é todo muito bem feito, seja em cenas abertas mostrado Via-Láctea, ou em silhuetas que aumentam o sentimento da solidão do personagem principal na base. Algumas cenas que se passam dentro de corredores ou túneis são meticulosamente alinhadas e estas cenas somadas a trilha sonora emocionante, trazem beleza ao filme.
Embora George Clooney não tenha acertado tanto na direção, como ator ele está muito bem. Uma das atuações mais bonitas do ator nos últimos anos, saindo um pouco da sua zona de conforto e entregando um personagem mais dramático do que o normal. O personagem de Clooney, traz reflexões sobre negacionismo e isolamento, embora o filme tenha sido produzido em 2019, foram assuntos muito atuais em 2020.
O Céu da Meia-Noite é um filme visualmente muito bonito, porém, não passa de uma ficção científica barata, lenta e com um plot twist mega clichê, que decepciona aqueles que esperavam algo com o potencial que o filme tinha.