Histórias de vampiros existem aos montes, mas quando você deixa Ryan Coogler explorar os temas presentes no nosso imaginário sobre vampiros, o resultado é certeiro. E é exatamente isso que Pecadores faz.
O novo projeto de Coogler com Michael B. Jordan nos leva ao sul dos Estados Unidos, num mundo pós-Al Capone. Dois irmãos gêmeos (ambos interpretados por Jordan) voltam para casa com o objetivo de abrir um clube para a comunidade, com muito jazz e bebida rolando. Em sua essência, Pecadores fala sobre a conexão que temos uns com os outros através da música e da coletividade. Mas o filme também carrega temas mais amplos como racismo, ódio, intolerância e, claro, vampiros.
Há um momento no filme em que a mudança de proporção da tela nos faz sentar na ponta da cadeira. Nós ficamos, como dizem por aí, completamente vidrados na experiência que Coogler queria nos proporcionar. Sammy (Miles Caton) é um jovem cujo pai, um pastor, não quer que ele se envolva tanto com a música. Mas seus primos, os gêmeos, o incentivam a continuar explorando esse amor.
Isso leva Sammy a uma noite de autodescoberta, incluindo o choque de perceber que os vampiros são reais, assustadores e farão de tudo para atraí-lo para suas armadilhas.
O poder da música como nenhum outro
Deixando os vampiros de lado, Pecadores faz uma pergunta importante: e se a música tivesse o poder de atravessar todo tipo de mal? Basicamente, é isso que acontece quando Sammy toca e os vampiros são atraídos por sua habilidade. A trilha sonora do filme é daquelas que, ao ouvir, sabemos imediatamente que iremos querer colocar para tocar em loop depois.
Esse é o poder que a música tem para nós, e é isso que torna esse elemento tão especial em Pecadores. Se você é alguém conectado à música, sabe que a canção certa pode se infiltrar na sua alma e ficar ali, e é isso que o filme nos entrega. Até a música de rock irlandês dos vampiros tem seu charme.
Mas é a música que move Sammy, mesmo quando tudo ao redor parece opressor e assustador, e isso é algo com que nos identificamos profundamente. Ele está sendo perseguido por vampiros de verdade e, ainda assim, aquela guitarra — por mais quebrada que esteja — permanece firme nas mãos dele. Para nós, isso é lindo.
Nunca confie em um demônio (e não são só os vampiros)
Pecadores, de Coogler, é uma leitura muito inteligente sobre as relações raciais no sul dos Estados Unidos naquela época, usando os vampiros quase como uma distração para os verdadeiros demônios que caminham à luz do dia. Os gêmeos compram o novo clube de um homem que eles sabem ter feito parte da Ku Klux Klan e, ainda assim, ignoram os sinais de que esse homem não é confiável. No fim das contas, os vampiros acabam sendo mais confiáveis que um homem branco.
Há tanta coisa em Pecadores que te faz pensar. Dá para assistir apenas como uma nova abordagem do folclore, mas achamos que isso seria reduzir o que o filme realmente representa. Pecadores é mais do que apenas um filme de vampiros — e também é difícil resumir tudo em uma única crítica.
Às vezes, você assiste a um filme e sabe que vai pensar nele por muito tempo. E é exatamente esse o caso aqui. Uma exploração linda sobre música, comunidade e o que se esconde na escuridão dentro de todos nós.
A Avaliação
Pecadores (2025)
'Pecadores' é uma experiência marcante e inteligente, que vai além do terror ao explorar música, racismo e comunidade de forma emocionante.
Detalhes da avaliação;
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