Depois de tantos filmes de heróis chegando no mercado cinematográfico, o gênero ficou um tanto saturado até mesmo para os maiores fãs do estilo. Porém, ainda há formas de reinventar o gênero, com propostas nos padrões pré-estabelecidos por filmes da Marvel e DC por exemplo. Assim fez a Netflix em seu novo lançamento, Power, que estreou no catálogo de produções na última sexta-feira (14 de agosto) e, de forma surpreendente, trouxe um longa no gênero heróis com um ar inovador, mas sem perder os eixos do gênero.
A história começa quando uma nova droga surge, em Nova Orleans, capaz de dar 5 minutos de super-poderes. O vilão, um traficante apelidado de Grandão (Rodrigo Santoro), é responsável por reunir as pessoas que vão levar a droga para as ruas. Seu objetivo é testar a droga em pequena escala até chamar a atenção de investidores, a fim de comprarem a ideia e, então, poder desenvolver uma droga que dure por tempo interminável.
É aí que conhecemos a jovem Robin (Dominique Fishback), uma traficante que vende a droga para juntar dinheiro para os remédios da mãe, enquanto sonha em seguir sua carreira de rapper; o policial Frank (Joseph Gordon-Levitt), que usa a droga tentando equilibrar forças, na luta contra bandidos também usuários da droga, e o ex-soldado Art (Jamie Foxx), que procura por sua filha, sequestrada pelos criadores da droga para testes.
O roteiro de Mattson Tomlin é cheio de acertos nos detalhes meticulosamente pensados para fazer com que a trama do longa funcione. Por exemplo, a droga fornecer poderes aleatórios, em que o usuário nunca sabe qual poder vai receber até usar pela primeira vez. Em contrapartida, há um efeito colateral que faz com que o usuário exploda, acarretando no uso controlado dos poderes. Diferentemente dos heróis com que estamos acostumados, que usam seus poderes sem qualquer controle, aqui, além de não saber se vai sobreviver ao usar a droga, tem apenas 5 minutos para usar o super poder, dando um certo senso de urgência para resolver o problema ou alcançar o objetivo desejado. Isso funciona muito bem, fazendo com que o universo de Power fique ainda mais interessante.
O cenário de uma Nova Orleans caída, com ar de Gotham City, funciona demais para entrar no contexto de uma zona repleta de usuários de uma droga. Esse é um dos muitos acertos da direção, sendo muito criativa na composição das cenas de ação, colocando outros pontos de vista de uma luta, como em uma cena, onde a luta é vista de dentro de um tanque. Mesmo que se passe do ponto de vista de um personagem secundário, ela é aceitável pela tamanha beleza de sua composição. Além dos ótimos diálogos, e alívios cômicos bem colocados, os diretores acertam na escolha do elenco, que em momento algum deixa a desejar. Parece que Henry Joost e Ariel Schulman (Nerve: Um Jogo sem Regras) realmente souberam como montar um bom filme de ação.
O filme se vende como gênero ação, mas não se deixa estagnar apenas no que propõe inicialmente. Vai além trazendo um drama que apresenta uma história de superação, nos deixando mais ligados aos sentimentos dos protagonistas. As motivações dos personagens são todas bem colocadas e não deixam pontas soltas ou difíceis de aceitar.
Power tem todos os elementos necessários para se tornar uma excelente franquia de “super-poderes” que, com muita criatividade e ousadia, pode sair na frente das grandes Marvel e DC, trazendo um respiro para além da forma saturada em que o gênero se encontra.