Trinna, Ali, Rafik, Mehboob, Salma e Ganesh possuem suas vidas movimentadas pela construção do Alcazar, um luxuoso prédio da Índia. O livro mistura línguas, religiões, chefes e empregados à medida que as interações e o prédio crescem.
O Alcazar é belíssimo! A graphic novel não deixa a desejar quanto à qualidade de suas ilustrações. As cores vibrantes ganham delicadeza com o traço aquarelado. Além disso, as imagens são bem detalhadas e com boa ambientação, contendo até placas em outros idiomas. Contudo, a experiência pode ser até demais imersiva às vezes. É fácil se distrair ao olhar ao redor.

Existem também figurantes na ambientação que demonstram toda a diversidade indiana. Há mulheres e homens de todas as cores e formas, com vestimentas que captam nossa atenção. Os protagonistas, aliás, são um bom reflexo disso.
Por mais que O Alcazar acerte em alguns aspectos, a obra falha em outros. Podemos citar, por exemplo, a ausência de uma trama principal. Entre os seis protagonistas, Salma e Mehboob são os que mais se destacam e parecem ter um roteiro. No entanto, ainda é complicado entender suas vidas.
O lado bom da graphic novel é o enorme realismo das conversas. Os diálogos são naturais, imperfeitos, sendo constantemente interrompidos. É com enorme confluência que as falas agem com as ações e emoções dos personagens, conferindo mais realidade. Mesmo assim, falta uma linearidade ao contar essa história recheada de gente. Para completar, os saltos temporais não tornam a tarefa mais fácil.
Se a intenção é mesmo trazer uma visão microscópica da Índia, O Alcazar atinge seu objetivo. Paira uma essência no ar cheia de costumes e crenças que fortalecem esse retrato da Índia. Em O Alcazar, nós sentimos uma beliscada dolorosa na pele do que é estar lutando para sobreviver em um sistema construído para nos rejeitar.