A cada dia que passa, a humanidade caminha mais e mais para um futuro dependente da tecnologia, e da inteligência artificial. Porém, já pararam para pensar sobre as nuances sociais, culturais e econômicas que esse futuro teria no plante terra? Bem, mais de setenta anos atrás, Isaac Asimov se perguntava e respondia essas perguntas em obras como As Cavernas de Aço.
Como uma resposta para o editor de Isaac, que achava impossível juntar ficção científica e romance policial, este é um dos maiores clássicos do autor.
Um crime sideral
A princípio, acompanhamos um caso de assassinato dado para o detetive Elijah Baley, que vive em uma terra dependente de Cidades. Quando falamos Cidades, não falamos das grandes metrópoles modernas de hoje em dia, mas sim Cidades subterrâneas, como cavernas.
A questão é que a terra se encontra em tensões políticas nada agradáveis com Os Siderais, antigos colonizadores da terra que se dividiram do planeta e passaram a ser uma federação unificada no espaço. Os Siderais vivem em uma bolha cultural, tentando entender seus antepassados, mas sendo limitados por suas regras rígidas de contato para não contraírem doenças.
É nesse cenário que Baley, um homem extremamente leal e ético, tem seus valores postos a prova quando é obrigado a trabalhar com um Ciborgue de aparência humana quase perfeita, R. Daneel Olivaw
Dessa forma, ao lado de Daneel, Elijah enfrenta uma conspiração popular, perseguidores, e intrigas políticas em As Cavernas de Aço.
Um clássico moderno
Não é atoa que este é um dos maiores sucessos de Asimov, pois pode ser considerado, de certa forma, um clássico moderno.
Abordando temas como; amor, niilismo, existencialismo, capitalismo, materialismo, e muitos outros, As Cavernas de Aço alterna entre um bom romance policial e um estudo do assustador futuro que nos aguarda.
Os eventos são narrados do ponto de vista de Baley, que se mostra como um protagonista com muitas falhas, principalmente, sua desconfiança perante Daneel pelo mesmo ser um robô. Há este crescente conflito ao longo da história, entre Os Medievalistas (grupo protestante do estilo de vida antigo), e o governo. Cada vez mais, robôs e formas de vida artificiais estão sendo colocados como empregados em diferentes vias de trabalho.
Da mesma forma, há um complexo de rebaixamento da humanidade com Os Siderais, que em tese, deveriam ser a forma de vida humana suprema por abandonar o estilo nosso estilo de vida doentio e idealista.
Assim, nossas falhas evolucionárias são demonstradas de forma esperta, mas também bruta nas Cidades. Grandes complexos subterrâneos que cada vez mais se afastam da superfície, e do sol.
Com isso em mente, Asimov opta por não repetir clichês do gênero policial e noir. Baley, diversas vezes ao longo da história, se precipita e tira conclusões erradas, tropeçando em seu próprio idealismo interior. Finalmente, no fim da história, a conclusão do caso é satisfatória por finalmente vermos o homem que acompanhamos a história toda se tornar o herói que ele e nós mesmos ansiávamos para ele se tornar.
Ainda assim, por sair direto dos anos cinquenta, o autor brinca com os arquétipos deste estilo literário. Há a típica perseguição pelas ruas, o comissário, a esposa, o filho, apesar de Asimov reconhecer esses elementos e pontilhá-los com seu sarcasmo nas entrelinhas.
Veredito
Por fim, é preciso admitir o quão Isaac Asimov acertou nessa história, que logo carimbou alguns dos melhores pontos de suas histórias. Temos as discussões sobre robôs, sociedade, e elementos mais pessoais que você deveria descobrir lendo por si próprio As Cavernas de Aço.
Apesar de terminar abruptamente, esta é a primeira parte da famosa Saga dos Robôs, o que faz do livro um ótimo ponto de entrada para as obras do autor em geral.





