Publicado originalmente, nos EUA, em julho de 1954, Eu Sou a Lenda, de Richard Matheson, se consagrou como uma das mais importantes e influentes obras de horror e ficção científica de todos os tempos.
A narrativa de Eu Sou a Lenda
Na trama, uma impiedosa praga assola o mundo, transformando cada ser humano em algo digno dos pesadelos mais sombrios. Neste cenário tomado por criaturas sedentas de sangue, Robert Neville pode ser o último homem da Terra.
Neville passa seus dias em busca de comida e suprimentos, lutando para se manter vivo em meio ao caos que se instaura durante a noite, quando os infectados espreitam pelas sombras, observando até o menor dos seus movimentos, à espera de qualquer passo em falso.
Um clássico atemporal
Eu Sou a Lenda é um clássico que inspirou diversos autores, como Stephen King, além de inspirar toda uma geração de cinema liderada por George A. Romero.
Apesar da história se passar nos anos 70, nos vemos diante de uma obra atemporal, que se faz presente ainda presentemente. Isso se deve aos elementos que não ficam datados com o tempo e demonstram o quanto o livro foi inovador para o seu tempo, e, porque é um dos maiores clássicos da literatura de ficção científica e horror.
A angústia de Neville
É desafiador falar do livro sem dar spoilers. Matheson aborda sublimemente a trama que criou, através de uma leitura fluída e fácil, capaz de cativar e prender a atenção até mesmo daqueles que não gostam de ler obras de ficção científica e horror.
O autor trata de forma direta e “seca” diversas ações e pensamentos de Neville, passando ao leitor toda a angústia que esses momentos representam para o personagem.
Richard Matheson aborda a solidão de Neville diante de um mundo inabitado por outros humanos e dominado por criaturas aterrorizantes, de forma maestral, expondo cada detalhe das aflições que assolam Neville, seus problemas com bebida e diversos outros problemas; tão atuais que são capazes de nos fazer refletir, ainda hoje, através das ações e pensamentos do protagonista.
Neville se torna um ser humano tão distinto que o vemos perder seus traços “humanos” diante do caos que tomou conta do planeta e de sua vida. O protagonista se torna um humano frio, incapaz de reagir às próprias emoções e frustrações.
Eu Sou a Lenda foi adaptado três vezes para o cinema, a primeira em 1964, a segunda em 1971 e a mais recente (e talvez a mais conhecida), em 2007. Na primeira adaptação para o cinema, o próprio autor foi responsável pelo roteiro. Esta é a que mais se aproxima do conteúdo original do livro, porém, é a que o autor menos gosta por conta de escolha de elenco, como ele mesmo já havia declarado em entrevista. A adaptação mais recente, protagonizada por Wiil Smith, recebeu certos elogios do autor, apesar de fugir completamente da história principal, abordando a história sob uma nova perspectiva, mantendo apenas alguns elementos da original.
Vale a pena?
Publicado no Brasil pela editora Aleph — que se consagrou no país por trazer inúmeras obras de ficção científica —, a edição com 382 páginas, conta com capa dura, projeto gráfico excepcional com ilustrações em algumas páginas e diagramação bem cuidada. Além disso, a edição brasileira também conta com extras, incluindo um texto de Mathias Classen, professor da Universidade de Aarhus na Dinamarca, que aborda o impacto da obra na cultura pop, e uma entrevista com Richard Matheson.
Eu Sou a Lenda não é apenas uma leitura essencial para fãs de ficção científica e horror. É, também, indispensável para aqueles que gostam de cultura pop e querem ter o prazer de ler uma obra bem construída e atemporal, capaz de transmitir momentos de reflexão através dos dilemas com os quais o protagonista precisa lidar dia após dia.
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