Em Um Completo Desconhecido, o Bob Dylan de Timothée Chalamet deixa uma coisa clara: ele é um músico. Ele não aceita os rótulos que querem impor a ele. E quem tenta colocá-lo em uma caixa é quem acaba se prejudicando no processo. Sinceramente? Ele está certo em agir assim.
Quando Dylan encontra Pete Seeger (Edward Norton), eles falam sobre música. Dylan fala de rock, e Seeger pergunta se ele é um músico folk. Naquele momento, instantes após se conhecerem, Dylan já deixa claro que não é apenas uma coisa. Mas, por algum motivo, isso não parece suficiente para aqueles que o ajudaram no início da carreira.
Homens como Pete Seeger e Alan Lomax (Nobert Leo Butz) viam nele uma oportunidade de popularizar a música folk novamente. Mas Dylan não queria ser encaixado em um único estilo. Até mesmo Joan Baez (Monica Barbaro) tentou aceitá-lo como ele era, mas tinha seus limites. Diferente dos homens que controlavam o Newport Folk Festival, Baez não tentou obrigá-lo a nada. Se Dylan não queria cantar Blowin’ in the Wind, ela cantaria.
O que mais gostamos em Um Completo Desconhecido é como James Mangold apresenta os dois lados da “polêmica” em torno de Dylan ter “eletrificado” sua música. Dylan errou ao forçar essa mudança no festival? Ou foi o festival que errou ao tentar impor limites a ele? O filme permite que quem ama Dylan tenha essa conversa. E também diz muito sobre Dylan como artista.
“Tudo que eu posso fazer é ser eu, seja quem for.”
Nossa frase favorita de Dylan vem do mesmo ano em que o filme termina. Em 1965, ele disse em uma entrevista: “Tudo que eu posso fazer é ser eu, seja quem for.” Essa citação sintetiza perfeitamente o que ele sempre disse sobre seu trabalho. Dylan nunca se autoproclamou um músico folk. Então, quando ele abraçou o som elétrico e nos trouxe Like a Rolling Stone, ninguém deveria ter se surpreendido.
E ele estava certo em resistir àqueles que queriam que ele fosse apenas uma coisa. Like a Rolling Stone é amplamente considerada sua canção mais icônica, e ela só existe porque ele trouxe uma banda inteira para acompanhá-lo.
Não achamos que Um Completo Desconhecido retrate os acontecimentos do festival de forma negativa. Foi um choque de visões, um embate entre mentes brilhantes que gerou tensão entre amigos. No fim, Seeger e Dylan voltaram a se entender e até se reuniram mais tarde. Mas aquele momento foi um divisor de águas na carreira de Dylan. Mudou a forma como vemos a música folk e redefiniu muitas de suas relações dentro desse cenário.
E, acima de tudo, deixou uma coisa evidente sobre Dylan como artista: ele sempre fará o que quiser. Ele não vai cantar o que você quer ouvir. Ele vai tocar o que ele quer tocar. E é por isso que o admiramos tanto.
A Avaliação
Um Completo Desconhecido (2025)
'Um Completo Desconhecido' retrata Dylan com sensibilidade, explorando seu embate com o folk. Um filme envolvente que captura sua essência artística sem rótulos.
Detalhes da avaliação;
-
Nota