Depois de um fiasco total e um filme mediano, Logan veio para encerrar a trilogia do Wolverine. Mais uma vez sob a direção de James Mangold, essa foi, aparentemente, a despedida definitiva de Hugh Jackman no papel. Mas, afinal, será que essa conclusão conseguiu ser o filme que sempre quisemos ver do personagem ou foi mais do mesmo?
No filme, somos situados em um futuro onde quase todos os mutantes morreram. Nesse período, uma organização secreta está fazendo experimentos com crianças. Logan (Hugh Jackman), cansado de tudo e acompanhado de um frágil Professor Xavier (Patrick Stewart), precisa proteger a jovem Laura (Dafne Keen), que aparece com um propósito a ser realizado.
O desejo artístico por trás de Logan

O Wolverine sempre foi um personagem feroz, com garras afiadas e sangue nos olhos. Mas, por conta da classificação indicativa dos filmes nos quais ele estava, a violência sempre foi muito moderada. Aqui, logo na abertura, temos uma introdução sensacional envolvendo um novo tipo de abordagem para o personagem. Que, claro, perdura durante o filme todo. A proposta dessa história é nos ambientar em um mundo mais adulto, violento e pessimista. Então, já nesse início, totalmente bem filmado e fotografado, conseguimos ter noção do que seguirá.
Ainda assim, o filme explora outras facetas de Logan, onde temos outro tipo de fisicalidade e estado desse personagem. Nesse sentido, Hugh Jackman está com uma interpretação mais madura e profunda. O trabalho de maquiagem quando vemos seus ferimentos é de impressionar e, todas as mortes têm um impacto gráfico alto, junto de uma excelente sonoplastia.
Como parte do filme se passa em locais desertos, o visual árido nos passa a sensação de calor. Nos sentimos presos com os personagens e suas limitações, já que as circunstâncias são totalmente desoladoras. É muito corajoso a história tocar sutilmente nos X-Men e mostrar o quão trágico foi o destino deles, definindo que eles jamais conseguiriam fugir de um futuro de extinção; e causada por quem menos esperávamos.
Dessa forma, o filme realmente destrincha o seu protagonista e, aos poucos, mostra por quais motivos ele está tão desesperançoso. Assim, o roteiro impõe situações realmente convincentes para a premissa tomar forma. Essa história é extremamente dramática e melancólica, porém, temos momentos excepcionais de leveza e descontração. Dafne Keen entrega um trabalho excepcional como X-23, sua dinâmica com Hugh Jackman é ótima de ver em tela.
As emocionantes despedidas

Como o filme se preocupa em aprofundar nos personagens principais, nos preocupamos com cada acontecimento. Afinal, eles estão o tempo todo fugindo e um perigo iminente está próximo. Então, é muito fácil se emocionar com as decisões do filme, como, por exemplo: o momento em que passa um trecho de Os Brutos Também Amam na televisão e, no final, temos uma repetição disso em favor da história.
Se antes víamos o Wolverine totalmente desamparado e o Xavier socorrendo ele, agora, é absolutamente o contrário. Ver esse personagem tão querido, em circunstâncias tão trágicas, dá um aperto no coração do fã. Nesse sentido, Patrick Stewart está absolutamente perfeito nesse fechamento, com outro tipo de interpretação e uma relação consolidada com Hugh Jackman. É como se, de fato, eles fossem realmente pai e filho.
Esse, certamente, não é um filme de vilões. Eles estão na história, executam seu propósito e são concluídos, o que, poderia ser um problema. Mas, como eles estão cercados de um entorno consistente, conseguimos relevar. Esse é um filme de despedida, de encerramento. E como emocionar mais do que mostrar o último frame com um X? Com certeza, isso foi mais significativo do que X-Men: Fênix Negra inteiro.
Portanto, Logan é um filme com voz própria. Seu estilo de abordagem e estética, conseguem nos imergir nessa narrativa mais intimista e comovente. Finalmente tivemos um Wolverine esbanjando palavrões, expressando toda sua raiva com a ultra violência e, lá, no fundo, com um senso de heroísmo. O filme impacta, emociona, se consagra como um dos melhores filmes feitos no universo de super-heróis, justamente por ser contido e centrado. Aliás, vale dizer: a experiência dublada desse filme é ótima, Isaac Bardavid também se despede respeitosamente do personagem.
A Avaliação
Logan (2017)
Logan é um filme com voz própria. Seu estilo de abordagem e estética, conseguem nos imergir nessa narrativa mais intimista e comovente.
Detalhes da avaliação;
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Nota