Dirigido por Wes Anderson, A Crônica Francesa está no catálogo do Star+. O longa foi aplaudido durante nove minutos no Festival de Cannes. Mas, afinal, quais fatores tornam este um filme tão querido?
Na trama, três histórias são passadas na redação de um jornal americano na França. Contudo, questões ideológicas e políticas acabam interferindo na vida dos jornalistas. Uma certa tensão surge na redação do jornal, então, as histórias começam a se misturar.
A beleza na forma de A Crônica Francesa
Um filme Wes Anderson consiste em: um visual estonteante, uma história divertida, doses de drama, fofura excessiva e técnicas práticas. Pois bem, A Crônica Francesa não é diferente. E está tudo bem, essas são as assinaturas do diretor e, é onde seus projetos sempre irão se destacar.
Os elementos manuais do filme são o grande charme. Nós, como público, temos absoluta noção do quão ”artificial” são parte desses elementos visuais. Mas é interessante como eles dão vida ao filme, tudo se aplica de uma maneira estranhamente agradável, assemelhando-se até ao teatro (há uma cena literalmente em um palco).
Wes sempre nos dá os mínimos detalhes do que está acontecendo. É hilária a forma com que ele deixa os atores propositalmente parados, quando quer nos ilustrar algo. As transições visuais surgem organicamente na tela e o modo preciso como a câmera se movimenta, nos situam bem dentro destas histórias.
A quantidade de histórias
Um dos problemas do filme, se deve ao fato de alguns diálogos soarem de maneira rígida e extremamente específica, atrapalhando nossa conexão pontualmente. E isso torna-se negativo, quando temos outros momentos mais palatáveis e de fácil vínculo, que prendem a nossa atenção.
As três histórias são agradáveis, principalmente a primeira. Cada uma delas possui o seu tema e nos cativa de alguma forma, mesmo que a terceira seja a mais fraca dentre elas. Wes sabe como pegar temáticas adultas e sérias e, encaixá-las dentro de seu tom leve e excêntrico. Até nos momentos mais trágicos e tristes, conseguimos nos divertir.
Contudo, como ele está lidando com tanta coisa, muito do elenco tão forte nem sempre é bem aproveitado, mesmo tendo seus destaques. Assim, alguns detalhes soam apressados, enquanto outros, poderiam ser mais econômicos. O núcleo jornalístico também é interessante de acompanhar, dada a época situada e a forma como as coisas eram feitas.
Portanto, A Crônica Francesa tem seus altos e baixos, mas consegue entreter. É mais um típico filme Wes Anderson, que irá nos encantar e fazer mergulhar na cabeça tão criativa do diretor; e mesmo que seja ele apostando no seguro, a experiência de imersão é essencial.