Entre as décadas de 1970-1980, houveram inúmeros filmes de terror e inúmeras continuações. Conforme o tempo foi passando, o subgênero slasher já estava tendo pouca aceitação crítica e um péssimo desempenho comercial, afinal, os clichês eram cada vez mais presentes, e nunca víamos algo realmente inovador. Mas isso mudou em 1996 quando Pânico, dirigido por Wes Craven, veio ao mundo e renovou o subgênero já desgastado.
No filme, Sidney Prescott (Neve Campbell) começa a desconfiar que a morte de dois estudantes está relacionada com o falecimento da sua mãe. Enquanto isso, os jovens da pacata Woodsboro começam a receber ligações de um assassino que faz perguntas sobre filmes de horror.
A novidade em Pânico
Já começamos com uma cena de abertura fenomenal, onde a situação da personagem Casey, se intensifica de acordo com sua pipoca estourando. Quem iria imaginar que um filme com Drew Barrymore iria matar ela nos primeiros dez minutos? Após isso, tudo se torna imprevisível.
O fator mais instigante do filme é nos gerar dúvida: quem é o assassino? Afinal, estamos acompanhando muitas pessoas e cada uma delas tem um traço suspeito. Então, quando finalmente temos a revelação, aquilo se torna no mínimo interessante e condiz com elementos já estabelecidos na narrativa.
É claro que o filme vai nos apresentar muitas mortes, mas é interessante que muitos dos personagens não são burros ou vazios, principalmente Sidney. A própria Gale, que parece ser horrível, tem seu momento de redenção no final. Interessante também, que o filme não deixa de aplicar humor, se tornando bem eficaz e nos entretendo.
É um filme com frescor, aproveitando o que já existe no subgênero slasher e subvertendo isso. A construção da história é bem feita e os momentos que o assassino está em tela possuem um ótimo senso de perigo.
As sátiras inteligentes
O ponto-alto do filme é como ele satiriza o terror. Os personagens são usados para nos situar nos maiores clichês dos filmes do gênero, e isso é aplicado diretamente na narrativa, assim o filme estabelece sua própria identidade.
O roteiro de Kevin Williamson tem noção do subgênero desgastado e usa isso a seu favor. O sarcasmo é utilizado brilhantemente, como, por exemplo: o assassino prestes a matar um jovem no sofá, que está assistindo o clássico Halloween – A Noite do Terror e justamente, é o momento em que Pânico se aproveita para brincar com isso e criar sua tensão.
O filme parece ter noção de que é um filme de terror e essa metalinguagem é sensacional. Aliás, quando o assassino já está morto no final do filme, Randy diz ser nesses momentos dos filmes onde ele ressuscita misteriosamente, então Sidney diz ”não no meu filme”; essas sacadas do filme são o que deixam ele tão original.
Portanto, Pânico se torna uma experiência extremamente divertida. É um filme que traz elementos realmente legais e Wes Craven nos estimula a prestar a atenção. Tem a comicidade, bons personagens e marca por tamanha autenticidade!