Dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, Pânico VI chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (7). O longa prossegue os acontecimentos de Pânico 5, que devido ao excelente retorno financeiro e boa recepção da crítica e público, recebeu sua sequência pouco mais de 1 ano depois. Dessa forma, esse é o primeiro filme da franquia em que Neve Campbell não retorna como Sidney, devido a conflitos de bastidores.
Um filme Pânico em que, dos originais, só sobrou Gale Weathers, nos faz pensar se a sequência realmente é necessária e ainda por cima em tão pouco tempo. Mas os novos idealizadores mostraram um trabalho muito competente no filme anterior, com homenagens, metalinguagens atualizadas e novos personagens carismáticos. Será que aqui tivemos mais uma fórmula de sucesso ou um primeiro sinal amarelo para a franquia?
No filme, as irmãs Carpenter, Sam (Melissa Barrera) e Tara (Jenna Ortega), junto dos gêmeos Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Chad (Mason Gooding), se mudam para a cidade de Nova York, com o intuito de escapar de Woosdboro e o passado que os assombram. Eles planejam começar do zero na nova cidade, porém, um novo assassino misterioso encarna o Ghostface e começa a persegui-los.
Lembrando também que: aqui temos o retorno de Hayden Panettiere como Kirby Reed, a personagem tão adorada de Pânico 4.
Pânico VI e sua abordagem mais pesada
O filme está com a classificação indicativa para maiores de 18 anos, e isso não é por acaso. Você talvez já tenha visto um gore mais impactante em filmes de terror recentes, mas dentro dessa franquia em que estávamos acostumados somente com facadas (e sem muito sangue), Pânico VI vai um pouco além. A violência não chega a ser enjoativa, mas como ela é usada chega a gerar um certo impacto, ainda mais por ser pontual. Até mesmo as facadas têm aplicações diferentes e criativas, e não é somente por elas serem múltiplas e parecer que o braço do Ghostface vai cair de tantos golpes. As próprias cenas que mostram as pessoas desfiguradas impressionam.
Os diretores sabem como potencializar a figura do Ghostface, não apenas sobre onde ele está escondido, mas como pode aparecer de surpresa em qualquer momento que soa cotidiano. Assim, durante a experiência existem muitas cenas que brincam com as nossas emoções, e mesmo que sejam clichês, elas são tão bem feitas que realmente ficamos tensos com o perigo. Inclusive, é interessante como os cineastas tomam atitudes que nenhum dos filmes anteriores tomou antes, rendendo, por exemplo, uma sequência completamente imprevisível e alucinante no terceiro ato.
Outro fator a ser apontado é como os personagens reagem ao Ghostface. É como se eles tivessem a noção de que já estão em uma ”sétima mesma história”, e dessa vez, estão preparados para algumas convenções. Por exemplo, eles estão muito mais céticos a todos ao seu redor e também sabem exatamente como serão atacados, desviando dos golpes. A motivação de Ghostface condiz com escolhas que a franquia já tomou anteriormente, embora ele esteja longe de ser o melhor. E, infelizmente, a adição de poucos novos personagens tiram aquele ar de mistério sobre quem é o assassino.
A franquia está saturando?
Seria criminoso dizer que Sidney não faz falta na história. Mas o filme prova que esses novos personagens são, sim, capazes de sustentar novas narrativas. O senso de continuidade se mostra presente em relação a Pânico 5, mostrando como os que sobraram daquele grupo de amigos estão tentando viver a vida depois do trauma, criando novos laços e seguir em frente. E é nesse aspecto que podemos citar o novo rosto dessa franquia: Sam Carpenter. A conexão dessa personagem ao filme original proporcionou um dos melhores arcos a ela. A filha de Billy Loomis também é louca?
Nesse sentido, essa aura cinza que permeia ela nos faz pensar como seria incrível se ela fosse o Ghostface em uma eventual sequência. Mas, enquanto o filme parece explorar novas facetas e seguir novos caminhos, ele também regride em certas escolhas. Tudo bem que Wes Craven jamais matou seus personagens originais e os novos diretores também não farão isso com os seus, mas construir mortes impossíveis de escapar e não seguir à diante tira o peso do que aconteceu. Muitas vezes não existem consequências para o que soa surpreendente em um primeiro momento, contradizendo a própria regra de ”qualquer um pode morrer”. A própria Kirby poderia ter uma participação mais ativa dentro dessa figura que o filme quer construir.
Portanto, Pânico VI está longe de ser um declínio, mas certamente não é um avanço em relação ao anterior. Até as sátiras e metalinguagens que a franquia sempre de tirou de letra são pouco inspiradas aqui, não é mais como se fosse algo intrinsecamente divertido na trama, mas, sim, porque precisa ter. Apesar disso, existem elementos isolados que funcionam perfeitamente, fazendo deste filme um atrativo.