Dirigido por David Leitch, Trem-Bala chega hoje (4) aos cinemas brasileiros, adaptado da obra homônima de Kotaro Isaka. Para quem acompanhou a divulgação do longa, sabe que ele conta com grandes e diversos nomes do cinema, incluindo: Brad Pitt, Sandra Bullock, Hiroyuki Sanada, Aaron Johnson, etc.; além disso, o diretor assina filmes como Atômica, Deadpool 2 e Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw.
No filme, Ladybug (Brad Pitt) é um assassino trapalhão, cuja atual missão parece, até então, fácil. Com o único objetivo de roubar uma maleta dentro um trem-bala em Tóquio, seu caminho é cruzado por outros adversários tão letais como ele. O que cada um não sabe, é que o plano de todos têm algo em comum.
Trem-Bala é um filme divertido?
Primeiramente, deve-se apontar que o longa, desde o início, se assume como um projeto que ri de si mesmo com muito deboche. O que não necessariamente é uma regra que isenta a história de ser bem feita. Mesmo que tenhamos que ativar a suspensão de descrença em diversos momentos, existem situações que passam a ser complicadas quando passamos a pensar nelas.
E, embora algumas piadas se estendam mais do que deveriam, há muitos momentos genuinamente engraçados, dada a maneira simples ou absurda que eles são inseridos. E um filme que se passa praticamente inteiro dentro de um trem, precisa prender nossa atenção, o que acaba fazendo — e muito bem. Seja por conta da direção, que transita entre os vagões, ou em como determinadas cenas de ação beiram o ridículo, no bom sentido. É essa dinâmica desastrada que faz a experiência mais bem-humorada e divertida.
Quando a história contextualiza os personagens, existem diversas brincadeiras criativas e funcionais com os flashbacks — até com uma simples garrafa de água. E o nosso interesse se dá justamente pelo encaixe de todas as subtramas, mesmo parecendo que o filme queira se justificar demais.
Com um Brad Pitt solto e não se levando a sério, Ladybug se torna um protagonista divertidíssimo, dada sua descrença em tudo. O carisma de Aaron Johnson também se destaca, da mesma forma que Sanada nunca é ruim de ver em tela. O elenco, em sua totalidade, é estelar, com surpresas breves, aleatórias e inimagináveis.
A execução das ideias
Não dá para dizer que Leitch não tenta abordar questões mais sérias. Quando ele aborda, elas de fato têm algo a dizer e se esforçam para causar algum tipo de impacto. O problema é quando isso é deixado de lado, voltando em algum momento visando manipular nossas emoções para nos afeiçoarmos, mas sendo mal-sucedido.
De muitas formas, os temas do filme giram em torno de vingança e destino. No entanto, fica difícil sentir algo quando o investimento emocional não tem tempo para acontecer. Acaba sendo uma faísca desejando ser fogo, e nunca chegando lá. Podemos dizer isso porque as ideias, conceitualmente falando, são fortes, mas, na execução, nem tanto. É frequente vermos personagens apenas falarem suas motivações e isso nunca ser propriamente desenvolvido.
O diretor abusa de muitos maneirismos que ele usou em Deadpool 2, por exemplo. Ele usa, literalmente, os mesmos enquadramentos com os mesmos objetivos, deixando os momentos realmente previsíveis. Ainda assim, alguns efeitos especiais, principalmente no uso de violência gráfica, se mostram absurdamente bem-feitos e agregam para um melhor convencimento.
O visual clássico de Tóquio, com as luzes neon, nunca deixa de ser lindo aos olhos, apesar de qualquer filme fazer isso; além disso, as brincadeiras com as músicas americanas funcionam bem. Portanto, Trem-Bala é o filme perfeito caso você queira descontrair. É aquela história divertida que, certamente, irá te entreter e quem quer que você esteja acompanhando. Mesmo que ele caia em conveniências e superficialidades, sua gargalhada é garantida!