Blonde era um dos filmes mais esperados de 2022 e finalmente chegou ao catálogo da Netflix. O filme foi anunciado em 2010 e teria Naomi Watts no papel de Marilyn Monroe, mas a produção acabou não acontecendo. O diretor Andrew Dominik, que esteve desde o início com o projeto em mente, finalmente iria iniciar a produção em 2013.
Durante este tempo, ele dirigiu O Homem da Máfia, estrelado por Brad Pitt, que logo também se interessou pelo projeto. Em 2012, foi anunciado que a Plan B Entertainment produziria o filme, com Pitt, Dede Gardner e Jeremy Kleiner presentes na produção. Mas a participação de Watts no papel principal estava em questão, pois seria provável que os idealizadores fossem para uma direção diferente.
Em 2014, foi anunciado que Jessica Chastain havia substituído Watts como Monroe. Chastain estrelou, ao lado de Pitt, A Árvore da Vida, e foi fundamental no elenco do longa. Porém, mais atrasos aconteceram e o projeto não parecia sair da gaveta, Dominik atribuiu isso ao financiamento, que eles não tinham. Então, em 2016, foi anunciado que a Netflix distribuiria o filme.
A fotografia principal iniciou em 2019. E as filmagens foram concluídas em 2021, após as paralisações resultantes da pandemia, fazendo com que o filme também fosse adiado. Mas, agora que está pronto, o que exatamente ele abordará e quais motivos fizeram Dominik lutar tanto para que acontecesse?
Um ícone chamado Marilyn Monroe
Marilyn Monroe é muito lembrada como um símbolo sexual de sua época, além de ser uma vítima do estrelato, amante de homens poderosos e dona de um fim trágico. Contudo, ela era muito mais do que esse tipo de análise rasa. Ela era uma mulher de carreira determinada com paixão pela literatura, que lutou com suas próprias inseguranças e superou grandes obstáculos em um momento em que o sexismo em Hollywood estava no auge.
Ela de fato tinha uma beleza deslumbrante, criando uma imagem que rapidamente se instaurou no imaginário popular da época e permanece até hoje. Seu charme e doçura na voz, faziam com que qualquer um se hipnotizasse com sua presença em tela. O Pecado Mora ao Lado, Os Homens Preferem as Loiras e Quanto Mais Quente Melhor foram alguns de seus maiores sucessos.
E, fato é: muitos de seus filmes focavam em sua sedução, além do arquétipo da ”loira burra” sendo usado para alívio cômico. Sendo que a própria Marilyn era muito mais do que uma moça bonita, porém ela acabou sofrendo por como a mídia a vendia.
Ela, por exemplo, tinha uma biblioteca com mais de 400 livros, tendo conhecido Nikita Khrushchev e iniciando uma discussão profunda sobre a literatura russa Os Irmãos Karamazov, de Dostoiévski. Ela também era uma empreendedora astuta e líder de negócios. Monroe se tornou a segunda mulher na história dos EUA a possuir sua própria produtora.
Ela era uma defensora aberta da igualdade e do talento. Em 1955, houve uma proibição para Ella Fitzgerald se apresentar em clubes, por conta da segregação racial. Vendo essa situação, Monroe prometeu comparecer aos shows e sentar-se na primeira fila do clube se concordassem em deixar Fitzgerald. Sua gentileza, inteligência e determinação eram o que a deixava ainda mais linda.
Ana de Armas, a protagonista
A atriz Ana de Armas, de origem cubana, também é produtora e embaixadora. Hoje em dia, ela virou a ”queridinha” dos cinéfilos, ficando conhecida principalmente por seus papéis em Blade Runner 2049, Entre Facas e Segredos, 007 – Sem Tempo para Morrer, etc.
Em 2019, foi anunciado que ela estava em negociações para estrelar o filme, substituindo Jessica Chastain. Dominik garantiu-lhe o papel após sua primeira audição, após um longo processo seletivo; ou seja, esse foi um primeiro sinal de seu talento genuíno e que ela seria a escolha perfeita para o papel. Na preparação, de Armas trabalhou com um treinador de dialetos por um ano. Assim, também estudou centenas de fotografias, vídeos, gravações de áudio e filmes de Marilyn.
Ainda assim, muitos criticaram a escolha, muito pelo sotaque da atriz. Mas o próprio Brad Pitt, que permaneceu na produção, rasgou elogios à atuação de Ana de Armas, chamando-a de fenomenal e afirmando que as coisas começaram a engrenar quando ela entrou no projeto. Será que teremos uma forte candidata ao Oscar de Melhor Atriz vindo aí? E vale dizer: os trabalhos de maquiagem e figurino estão impecáveis!
Como será a abordagem?
O que muitos não sabem, é que esta cinebiografia não é exatamente uma cinebiografia, pois, desde o início, não se assume pautada em uma realidade fiel. Na verdade, esta é uma ficção da vida de Marilyn Monroe, com elementos da realidade abrangendo desde sua infância até seus últimos dias.
O longa imagina a vida da artista a fim de compreender sua natureza, adaptado do romance de Joyce Carol Oates, que tem mais de 700 páginas. Nesse sentido, nem tudo desses trinta e seis anos, colocados em quase três horas, é necessariamente verdade.
A história retrata o casamento de Monroe com Joe DiMaggio e Arthur Miller, assim como outros aspectos mais íntimos de sua vida; aliás, Oates sempre se refere a ela como Norma Jeane, seu nome de batismo. Já a indicação classificativa do filme é para maiores de 18 anos. Há cenas de sexo explícito, incluindo uma cena de ponto de vista vaginal e uma cena de estupro breve, porém gráfica. Então, naturalmente, temos um filme polêmico, que dará o que falar. Com a mudança das proporções, a escolha estética opta por alternar entre o preto e branco, e outras cenas definidas em cores.
Outro detalhe interessante é que muitas cenas do filme foram feitas pensando em fotos reais de Marilyn, tentando trazer cada detalhe desses registros com perfeição. Confira algumas fotos oficiais do filme e comparações:
Blonde já está disponível no catálogo da Netflix.