Colin parece ter cansado de viajar. Ele está decidido a passar um tempo com sua família, os Bridgertons, mas acaba percebendo que nem tudo está da mesma maneira que antes da sua partida… Como, por exemplo, Penelope Featherington, a melhor amiga de sua irmã, sempre conhecida pela insegurança e timidez, está muito mais ousada e espirituosa do que sua mente o lembrava. E, Colin não consegue evitar pensar que ele também tem sentimentos muito diferentes por Penelope dessa vez.
Sem dúvidas, todos amamos livros com protagonistas patinhos-feios que decidem mudar de atitude. No quarto livro da série Os Bridgertons, reencontramos a querida Penelope de outros livros, dessa vez como protagonista. A terceira Featherington decidiu aceitar a solteirice, e esquecer um pouco as leis que a cercam como uma jovem mulher.
É por isso que, quando Colin Bridgerton, seu primeiro e único amor surge na cidade após tanto tempo, Penelope não permite se abalar. Claro que seu coração dá um solavanco, e ela não pode evitar relembrar dos eventos que a fizeram se apaixonar por ele, mas agora, ela é uma mulher de 28 anos. Já sabe que não existem mais propostas de casamento, e que não é mais necessário agir de maneira delicada como uma dama.
No dia 6 de abril de 1812 – dois dias antes de seu aniversário de 16 anos –, Penelope
Featherington se apaixonou.
Lady Wistledown
Além de toda a expectativa para o romance, há outra trama que muito interessa a todos os leitores de Os Bridgertons. Neste livro, a sociedade londrina finalmente se cansou do mistério Lady Wistledown, e há uma oferta para quem descobrir a identidade da autora.
Com uma virada de acontecimentos decisiva para a história, o leitor é incapaz de fazer qualquer outra coisa além de investigar e fazer seus palpites sobre a pessoa de Lady Wistledown. E, também, torcer para que tudo contribua para mais momentos entre Colin e Penelope. Ainda mais quando o mocinho começa a compartilhar suas teorias com ela.
Um encontro de identidades
Não é ótimo descobrirmos que não somos exatamente o que pensávamos ser? De nenhuma forma poderíamos falar sobre Colin e Penelope sem essa declaração sensata de Lady Danbury.
Sempre visto como um Bridgerton encantador (apenas mais um), simpático e muito divertido, Colin se encontra com seus 33 anos na necessidade por uma mudança. As viagens que fez, não serviram somente como um escape, mas também como um processo de autodescoberta.
Colin tem profundidade. Colin pode ser sensível. E, muito mais que encantador, ele também pode ser surpreendente. O homem está exausto de ser um estereótipo de sua família, e por mais elogiosos que sejam os comentários da coluna Wistledown, ele deseja que alguém o veja mais que o superficial.
Penelope, por outro lado, decidiu ser vista. Anos vivendo no anonimato, invisível aos olhos de todos a fizeram repensar sua conduta. Ela pode ser muito mais que uma fruta cítrica demais (como Wistledown a chamou), muito mais que a Featherington indesejada e insegura que todos conhecem. Não é a necessidade de se colocar em um holofote que a faz mudar suas atitudes, mas uma mudança interior acumulada com os anos contribui para que ela mostre quem é de verdade.
Talvez seja isso que faz com que o par se reaproxime nesse momento. Os dois sempre mantiveram uma boa amizade, e Colin sempre guardou uma dança em todos os bailes para ela. A questão é que nunca houve maior sincronia entre os dois do que nesse encontro onde os dois se questionam sobre suas identidades.
Colin e Penelope
Para falar a verdade, pode ser difícil encarar sentimentos adormecidos, ainda mais quando estão revestidos em uma camada sólida de amizade. O Bridgerton nunca se permitiu observar a Featherington mais como uma amiga, nunca percebeu que ela tinha detalhes que ele nunca tinha visto em mais de uma década se conhecendo.
Como era possível que jamais houvesse notado o intrigante tom de castanho dos olhos dela? Eram quase dourados próximo à pupila. Nunca vira nada parecido e, no entanto, os vira centenas de vezes.
Para a felicidade de todos, Colin passa boa parte do livro questionando a própria cegueira. Como Penelope ficara tão bonita? Ela sempre foi bonita assim, e ele nunca viu?
Ela estava linda. Completamente linda, de tirar o fôlego. Não sabia como jamais notara
isso em todos aqueles anos. Será que o mundo estava cheio de homens cegos ou apenas estúpidos?
A relação entre os dois é cheia de emoções, viradas apaixonantes de um capítulo para outro e de fato, apaixonante.
O protagonismo de Penelope
Pela sinceridade, seria mais justo que o livro tivesse o nome dela na capa. Contando com uma narração dupla, Penelope consegue se sobressair a voz de Colin. Estamos acompanhando aqui uma verdadeira jornada do herói, com turbulências e momentos de glória da Featherington.
Por mais que o Bridgerton tenha seus momentos louváveis, não é por ele que torcemos ou acompanhamos a história. É Penelope. E, acompanhando de perto sua vida com a família negligente, se torna ainda mais fácil querer que ela tenha o reconhecimento que merece.
Muito mais que um interesse amoroso, a mocinha também tem suas paixões, amizades essenciais e uma personalidade forte. Temos o prazer de ver que, apesar de não ser muito vista e querida pela família, as pitadas de sarcasmo de Penelope sempre são bem-vindas ao lado dos Bridgertons.
Ela sempre terá um espaço ao lado deles. Não só pela amizade com Eloise ou pela pena, mas pelo apreço verdadeiro de quem é, pela inteligência e gentileza que demonstra sempre quando tem a oportunidade. Os Bridgertons, assim, não são os protagonistas aqui, mas os potencializadores, os responsáveis por ressaltar toda a beleza que Penelope pode ter por si só. Ela é inteligente, espirituosa, engraçada, muito leal, gentil e de resiliência enorme. Penelope pega o que a vida dá, e usa como material para criar um arsenal de força.
Os Segredos de Colin Bridgerton: Um veredito final
Impossível de notar que o livro é mais que recomendado pelo CN. Um verdadeiro trabalho repleto de delicadeza e engenhosidade, Os Segredos de Colin Bridgerton é uma surpresa que embala as expectativas para o próximo livro.
A Avaliação
Os Segredos de Colin Bridgerton
Com uma escrita quase calculista, Julia Quinn é mestra ao nos levar a sentir todos os momentos do primeiro amor de outra pessoa com tanta exatidão em "Os Segredos de Colin Bridgerton".
Detalhes da avaliação;
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Nota