O terceiro livro da série Os Bridgertons, Um Perfeito Cavalheiro, conta a história de Sophie Beckett e Benedict Bridgerton. Sophie sempre foi uma garota esforçada, doce e corajosa, mas depois da morte de seus pais, se tornou uma empregada para a madrasta e meias-irmãs. Por anos, sua rotina era obedecer às ordens da madrasta Araminta, até que chega a noite em que Sophie decide ter a noite perfeita em um baile de máscaras. O problema é que agora ela não consegue esquecer o baile, e o fato de ter conhecido um certo cavalheiro…
A fórmula Cinderela
Era uma vez… Em uma noite chuvosa de julho, uma criança de três anos foi deixada enrolada em um casaco enorme nos degraus de Penwood Park. Um certo conde chamado Richard Gunningworth, de idade avançada, decidiu criá-la, sabendo que a criança era sua filha, pois tinham enorme semelhança. Por anos, a menina recebeu uma vida confortável, mas nunca foi reconhecida como filha legítima do conde. Um dia, seu pai decidiu se casar com uma mulher má que tinha duas filhas. Tudo mudou quando o pai da menina partiu, e a garota passou a ser maltratada na própria casa.
Sem dúvidas, Julia Quinn construiu Sophie Beckett como uma espécie de Cinderela. Desde o início, temos a fórmula do conto de fadas: garota órfã, madrasta má, baile transformador, príncipe encantado. Interessante a escolha da autora, visto que os outros livros não fazem nenhuma menção a contos de fada. Porém, Quinn parece ter acertado na maneira como conta a história de Sophie.
De maneira simples, a autora reconstrói o arquétipo de Cinderela, sob as condições da época. E, de forma encantadora, consegue inserir a presença dos Bridgertons nesse conto de fadas do Período Regencial.
O verdadeiro protagonismo em Um Perfeito Cavalheiro
Sophie é tudo aquilo que uma heroína deve ser: forte, engraçada, gentil, corajosa e muito decidida. Nos primeiros capítulos, criamos empatia pela sua trajetória. É triste assistir uma injustiça acontecendo, ver Araminta, Posy e Rosamund usufruindo da vida confortável que é de direito de Sophie. Mais triste ainda é vê-la sem qualquer sonho para o futuro, conformada de que será tratada de maneira cruel pelo resto da vida.
É por isso que, mesmo com a introdução de Benedict na história, não podemos deixar de pontuar o quanto Beckett é a verdadeira protagonista da história. Queremos saber mais sobre seus pensamentos, suas ambições, memórias. Ao longo do livro, é a história de Sophie que é narrada.
O romance
Quando Benedict e Sophie se encontram, é amor à primeira vista. Um feixe de luz parece ter iluminado os dois. Durante todo o baile, o par não se desgruda até que chegue o horário da garota ir embora. Porém, nenhum dos dois consegue se esquecer dos acontecimentos daquela noite. E, enquanto Benedict se esforça para encontrá-la, Sophie reza para nunca descobrirem que ela era a dama de prateado do evento.
Por mais que tenha tentado, esta autora foi incapaz de descobrir quem era a jovem misteriosa. E, se esta autora não foi capaz de saber a verdade, o leitor pode ter certeza de que sua identidade é, de fato, um segredo muito bem guardado.
– Crônicas da sociedade de Lady Whistledown, 7 de junho de 1815
Após uma série de acontecimentos, os dois se encontram de novo. Mas em circunstâncias bem diferentes. Benedict está disposto a esquecer a arrumadeira que mexe com seu coração pela lealdade a dama de prateado, sonhando que um dia se encontrará com ela. E, Sophie se sente muito aliviada e frustrada por ele não ter a reconhecido de imediato.
E quem nega que exista química entre o casal? Quanto mais o Bridgerton conhece Sophie, mais ele a quer por perto. Por mais que tente dar explicações, fica claro que existe muito mais que amizade e respeito nessa relação.
Não se passara um dia sem que ela pensasse nele, sem que se lembrasse de seus lábios nos dela ou da magia estonteante daquela noite. Ele se tornara o ponto central de suas fantasias, o personagem principal nos sonhos em que ela era uma pessoa diferente, com pais diferentes.
Quanto mais você lê, mais deseja que Benedict e Sophie vejam a verdade: não tem como evitar o amor. Esse livro nos proporciona amor de muitas maneiras além do romance. Em inúmeras passagens, a família Bridgerton aparece como personagens que demonstram solidariedade, como sempre. Além de aproveitar para ver cenas de outros casais, como Anthony e Kate.
Vale a pena ler Um Perfeito Cavalheiro?
O terceiro livro da série parece estar muito distante dos outros livros de Os Bridgertons. Mas isso não é uma coisa ruim. Julia Quinn nos conta uma história que desperta vários sentimentos, que faz com que o leitor se sinta comovido e torça para um desfecho feliz. A autora cria uma personagem cativante e aproveita para mostrar mais sobre o Benedict que já conhecemos.
Então podemos dizer que sim, vale muito a pena ler Um Perfeito Cavalheiro.