Após a primeira regeneração do Doutor da série atual, substituindo a virtude de Christopher Eccleston pela obscuridade jovial de David Tennant. A série se viu em busca de proposito com a saída de Billie Piper, que interpretava Rose Tyler, a primeira companion desta reimaginação que deu início às tantas aventuras das primeiras duas temporadas. Doctor Who precisava desenvolver a perda e o vazio do Décimo Doutor, que desenvolveu uma relação quase que amorosa com Rose Tyler, enquanto introduzia uma nova personagem com motivações fortes o suficiente para o público se apegar a ela como se apegaram à Rose.
Desde 1963, Doctor Who vinha trazendo o conceito de regeneração para o personagem, geralmente um novo ator era introduzido e passava três temporadas na série (com exceção de Tom Baker que passou mais de sete temporadas vivendo o icônico personagem, além de, é claro, o próprio David Tennant que ficou quatro). Com a regeneração, não só a personalidade, como também o estilo das aventuras do Doutor eram atualizadas para não só reformular e se manter relevante num mercado cada vez mais exigente de ficção científica. Para isso os companions que seguiam o Doutor em suas aventuras na maioria das vezes deveriam ir também. Com o Décimo Doutor não podia diferir, a partida de Rose foi difícil, tanto que isso assombrou a mente já conturbada do personagem pelo resto de sua estadia na série, mas com a ajuda de novos amigos e aliados, a dor dele e da audiência diminuíram consideravelmente
Assim foi introduzida Martha Jones, uma estudante de medicina que sonha em ser médica. Martha vive no meio de um impasse amoroso de seus pais que se separaram, causando problemas para a grande família Jones, Martha lida com uma vida pessoal conturbada enquanto tenta seguir seus sonhos. A personagem tinha uma personalidade forte e sarcástica, além de ter uma clara atração amorosa pelo Décimo, que a rejeitava pela recente perda de Rose. Esse drama romântico é um tanto desnecessário e desagradável, pois todo o conceito de amor já havia sido introduzido na segunda temporada, quando o Doutor e Rose flertavam a cada episódio, aqui isso serve mais como alívio cômico o que diminui o impacto da perda de Rose, mas não a níveis cósmicos.
Na temporada anterior, a série transmitiu seu primeiro especial de natal, que nesta série serve como uma introdução ao novo Doutor, essencial para as novas audiências se acostumarem com o ator e construir estrada para futuras aventuras. Aqui o especial de natal serve para a audiência se desapegar um pouco de Rose, e aceitar que o Doutor é muito maior que uma única mera companion.
Em questão de episódios, a temporada tem seus altos e baixos, certos episódios daqui são considerados alguns dos melhores da série, como Blink que entrou para a história como um grande épico sci-fi. Já outros são sofríveis de ruins, como Evolution of the Daleks que tenta introduzir novos conceitos para os clássicos inimigos do Doutor, os Daleks. O season finale é talvez um dos melhores da série, pois apresenta o arqui-inimigo do Doutor. Com maior orçamento, o CGI continua estranho, mas já não incomoda como nas temporadas anteriores, as cenas de ação são muito mais fluídas e nós nos apegamos de vez ao Décimo Doutor.
A terceira temporada de Doctor Who tem seus altos e baixos, mas consegue manter um ritmo fluído e agradável após a partida de Rose Tyler, após alguns episódios você já nem lembra dessas dores e continua acompanhando as loucas aventuras do misterioso viajante do tempo e sua Tardis.