Após as temporadas de apresentação de um novo Doutor mais bem-feitas da história de Doctor Who, a sexta temporada tinha a difícil missão de continuar a história do Décimo Primeiro Doutor. Contudo, será que, com Moffat no comando, essa temporada consegue manter o nível de qualidade da anterior?
Um enigma em forma de temporada
No primeiro episódio, Amy e Rory, agora vivendo juntos e casados, são abordados pelo Doutor para um piquenique curioso onde Riversong também é chamada. É aí que algo curioso acontece: um astronauta saído de um lago assassina o Doutor! Alguns momentos depois, Rory, Amy e River descobrem que o Doutor convidou a si mesmo do passado e que, o tempo todo, estavam na presença do Doutor do futuro, que inevitavelmente é assassinado.
Confuso? Bem, a temporada está só começando. O Doutor, Amy, Rory e River começam a investigar uma espécie de culto/religião chamada Silêncio. Contudo, o Silêncio já havia sido apresentado na temporada anterior, mas apenas como uma palavra-chave; uma referência usada por vários vilões dos episódios.
Porém, ao longo da temporada fica claro que Riversong tem ligação com o Silêncio e que, de alguma forma, ela vai acabar naquele traje de astronauta, matando o Doutor.
A premissa é interessante, fica claro que Moffat já tinha planos para a personagem desde sua primeira aparição em Silence in the Library. A princípio, River já conhece o Doutor, mas acaba morrendo; sua relação com o protagonista é um paradoxo, e suas aparições acontecem de trás para frente.
Dessa forma, seria aceitável se os episódios girassem em torno desse enigma, desse mistério, e que, constantemente, lembrasse a audiência daquilo que ele consegue esconder. Porém, o grande pecado dessa trama é que ela está dentro de uma série episódica. Logo, muitos capítulos da temporada devem estar completamente separados dos anteriores para dar um sentimento coeso aos telespectadores.
Trama louca
A quinta temporada acertava porquê cada episódio, de alguma forma, se ligava com à rachadura temporal: o epicentro das ameaças do universo naquele momento. Não só a companheira do Doutor, Amy, também estava ligada à rachadura, assim como os vilões.
A rachadura era uma presença, uma artimanha do roteiro, para, assim, todos poderem acompanhar a trama que Moffat queria apresentar, sejam os espectadores casuais, ou aqueles que observam os detalhes de cada episódio, esperando que se liguem com a linha principal da história.
Aqui isso não existe, e você se perde em tantos detalhes, fatos e arcos da temporada, por constantemente estar sendo exposto ao formato episódico da série que não se liga com o mistério principal.
O desenvolvimento
Todavia, seria injusto afirmar que essa temporada não acerta em outros pontos. Pode ser difícil de se entender pelo ritmo, e complicada de gostar pelos furos de roteiro, mas quando ela acerta, acerta à primeira.
Fica óbvio para muitos fãs, que Amy e Rory são, provavelmente, os melhores companheiros que o Doutor já teve. Eles funcionam quase como uma personificação do Yin e Yang. Rory servindo de alívio cômico em certos momentos, e Amy sendo a ligação da audiência com o Doutor.
O desenvolvimento de ambos nessa temporada é impressionante. Por exemplo: a relação entre Rory e Amy; como ele sempre está lá por ela, mas ela parece nunca está lá por ele.
Igualmente à quinta temporada, a trilha sonora continua com aquele sentimento de aventura e exploração, assim como o roteiro de alguns episódios, que trazem estéticas mais abstratas e experimentais, como The God Complex, que se passa em um hotel um tanto quanto psicodélico, e envolve um assunto muito forte: religião.
Conclusão
A sexta temporada de Doctor Who tem falhas perceptíveis, tendo duas facetas, pois ainda carrega o Décimo Primeiro Doutor. As atuações, a música, os personagens, as abordagens, tudo parece estar aqui. Mas, ainda assim, a trama principal tenta ser muito complexa, muito esperta, e acaba apenas confundindo os espectadores. Esse é um problema que Moffat irá trabalhar nos anos seguintes.
Você pode assistir às temporadas de Doctor Who no Globoplay.